Neste 25 de maio, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) completa 122 anos. Referência de saúde pública em áreas de atuação tão diversas como ensino, pesquisa, comunicação, história, atendimento médico e ambulatorial, dentre outras, a criação da Fiocruz foi motivada pela necessidade de o Brasil dar resposta à uma epidemia que acabava de chegar ao país, através inicialmente da produção de imunobiológicos.

Ao nascer em 25 de maio de 1900, com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a Fiocruz foi uma resposta à solicitação feita em 22 de agosto de 1899 por Cesário Alvim, então prefeito do Rio de Janeiro, na época Distrito Federal, a Pedro Affonso Franco (Barão de Pedro Affonso) para a produção de soros contra a peste bubônica. A doença, que teve sua primeira pandemia registrada no século VI atingindo todos os territórios do Império Romano e no século XIV dizimou cerca de 25% da população europeia, foi notificada em 1855 na província chinesa de Yunnan e se propagou pelo território do país asiático até atingir Cantão e Hong Kong em maio de 1894. Dos portos do sul da China, a peste chegou até a América do Sul pelo Paraguai e Argentina.

Dois meses após o pedido de Cesário Alvim, a peste chega ao Brasil pelo porto de Santos (SP), em outubro de 1899. Pouco antes havia aportado no país, após período de estágio na França, principalmente no Instituto Pasteur, um médico sanitarista de nome Oswaldo Gonçalves Cruz. Do mesmo Instituto Pasteur, o suíço Alexandre Yersin havia descoberto em 1894 o agente etiológico - batizado Pasteurella pestis – em Hong Kong e começou o preparo das primeiras vacinas para combater a epidemia.

É no seio dessa emergência sanitária, e da necessidade de produzir o imunobiológico para combatê-la, que o Governo Federal designa Oswaldo Cruz, e o Governo do Estado de São Paulo designa com Adolpho Lutz e Vital Brazil, para juntos pesquisarem o que ocorria em Santos. Confirmado que se tratava de peste bubônica, as autoridades sanitárias decidiram acelerar a criação de laboratórios para produzir a vacina e o soro contra a peste. O Barão de Pedro Affonso, fundador em 1894 do Instituto Vacínico Municipal do Rio de Janeiro, primeiro produtor de vacina contra a varíola do Brasil, propõe a criação do Instituto Soroterápico Federal.

Cesário Alvim cede a Fazenda de Manguinhos, propriedade de 35.000 metros quadrados pertencente à prefeitura e convenientemente distante da região habitada e urbanizada da cidade, para a atividade de produção. E, em 25 de maio de 1900, Barão de Pedro Affonso comunica à Diretoria Geral de Saúde Pública que começariam nesta data os trabalhos do laboratório de Manguinhos, “esperando em breve poder começar o trabalho de inoculação nos cavalos”.

Desde seu início voltada à produção, em 1976 a Fiocruz cria seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). Desde então, Bio-Manguinhos tem colaborado para a Fundação atingir importantes marcos de saúde pública no Brasil, como:

 

Combate ao Coronavírus

Desde a confirmação do surgimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e mesmo antes dele, o causador da COVID-19, chegar ao Brasil, Bio-Manguinhos/Fiocruz já atuava para oferecer soluções à população brasileira para o enfrentamento da emergência sanitária.

Em janeiro de 2020 o Instituto iniciou estudos para o desenvolvimento de uma vacina própria, em março já estava entregando kits de diagnóstico molecular para o Sars-CoV-2 e começou trabalho de prospecção tecnológica para identificar os projetos de vacina em estágio mais avançado para oferecer à população brasileira através de acordo, enquanto seus projetos de desenvolvimento de imunobiológicos seguem internamente, junto como outras atividades de apoio ao SUS. Em conjunto com o Ministério da Saúde (MS), definiu a vacina para o novo coronavírus desenvolvida pela Universidade de Oxford como a melhor alternativa para o estabelecimento da produção no Brasil, por meio da parceria com a biofarmacêutica AstraZeneca e foi selecionado pela OPAS/OMS como hub regional (Américas e Caribe) para o desenvolvimento tecnológico e produção de vacina de mRNA contra Covid-19. 

Conheça detalhes das contribuições de Bio-Manguinhos para o enfrentamento da pandemia, o especial sobre a vacina Covid-19 (recombinante) e o release do projeto de vacina de mRNA.

  

Eliminação da poliomielite

A eliminação dos vírus selvagens da poliomielite nas Américas, com o fim da paralisia infantil, é um marco notável da saúde pública. Bio-Manguinhos contribuiu de forma decisiva para este resultado, com a formulação e fornecimento da vacina oral.

Conheça detalhes da contribuição de Bio-Manguinhos para a eliminação da poliomielite

 

Controle do sarampo

A primeira vacina contra o sarampo foi introduzida no Brasil na década de 1960, mas como o imunobiológico era importado, sua implementação efetiva no país só foi possível após a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em 1973. Para reduzir a dependência externa no fornecimento da vacina, o governo brasileiro começou a apoiar projetos voltados para o desenvolvimento de imunobiológicos. Por meio de um acordo de cooperação técnica entre a Universidade de Osaka (Fundação Biken), Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e a Fiocruz, em 1980, ficou estabelecida a criação de uma planta de produção da vacina sarampo em Bio-Manguinhos – garantindo segurança de fornecimento.

Conheça detalhes da contribuição de Bio-Manguinhos para o controle do sarampo

 

Combate à Febre Amarela

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. Bio-Manguinhos oferta, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina febre amarela para a população. Nos últimos grandes surtos da doença, em 2017 e 2018, o Instituto forneceu 90 milhões de doses ao PNI para controle da febre amarela.

Conheça detalhes da contribuição de Bio-Manguinhos para o controle da febre amarela

 

Segurança nas transfusões de sangue

Toda bolsa de sangue coletada para transfusões no Brasil precisa passar por testes para detectar se o material não está contaminado por vírus como o do HIV e das hepatites B e C. Isto é feito através do Teste NAT, produzido por Bio-Manguinhos e que é oferecido aos hemocentros do país, ampliando a segurança transfusional.

Conheça detalhes da contribuição de Bio-Manguinhos para a segurança nas transfusões de sangue

 

Antever as demandas e projetar um futuro saudável

Bio-Manguinhos está ciente das demandas de saúde pública atuais e futuras, e permanece em constante preparação para garantir o fornecimento de produtos e serviços de nossa e das futuras gerações. Um dos projetos que garantirá a sustentabilidade desta oferta para a população é a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), que permitirá a ampliação da oferta de vacinas e biofármacos visando atender não só aos programas públicos de saúde como também a demanda externa das Nações Unidas, além de permitir desta forma a introdução de novos produtos.

Conheça detalhes do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS)

 

Prestação de Serviços

Dotado de instalações que atendem às legislações vigentes e às exigências de Boas Práticas de Fabricação (BPF), bem como a certificação de qualidade de seus laboratórios, o Instituto proverá serviços tecnológicos que proporcionem vantagens no desenvolvimento de novos produtos e confiabilidade de resultados, por meio de sua aprimorada infraestrutura e contando com a experiência de especialistas altamente qualificados, atuantes nas mais diversas áreas de conhecimento. Com foco em inovação tecnológica, Bio-Manguinhos busca contribuir, dessa forma, para o desenvolvimento do setor de biotecnologia brasileiro, aumentando sua produtividade e eficiência no atendimento às demandas da população por novos produtos que garantam melhorias na condição de vida.

Conheça o porfólio de serviços de Bio-Manguinhos

 

 

Oferta de produtos de qualidade ao SUS

Primando pela excelência nos produtos e serviços que oferece ao SUS, Bio-Manguinhos realiza não apenas auditorias internas, mas também externas (em visitas ao parceiros nacionais e internacionais) e pré-qualificação de fornecedores. O Instituto também é membro do International Conference of Harmonization (ICH) e da Câmara Técnica de Farmacovigilância da Anvisa, além de integrar o Grupo de Trabalho de Farmacovigilância da Rede Fiocruz de Pesquisa Clínica (RFPC).

Conheça as atividades de Bio-Manguinhos para garantir a oferta de produtos e serviços com qualidade

 

Garantia de fornecimento para a população

Bio-Manguinhos é um agente estratégico para o Ministério da Saúde quando se fala de fornecimento de insumos para a saúde pública. Nosso portfolio é composto por 57 produtos: 11 vacinas, 10 biofármacos e 36 reativos para diagnóstico. Apenas em 2021, foram entregues 233 milhões de doses de vacinas, 5,4 milhões de unidades de biofármacos e 26,5 milhões de reações.

Conheça detalhes do fornecimento de produtos por Bio-Manguinhos

 

 

Economia aos cofres públicos

A oferta de vacinas, biofármacos e reativos para diagnóstico ao Sistema Único de Saúde (SUS) por parte de Bio-Manguinhos materializa a racionalidade do uso dos recursos financeiros do Estado brasileiro na busca pela garantia e ampliação da oferta de produtos de alto valor agregado.

No caso das vacinas, estudo publicado na “Health Affairs” por pesquisadores na John Hopkins University (EUA) examinou a economia obtida com programas de vacinação para os sistemas de saúde, na comparação com os custos de medicalização caso as vacinas não fossem aplicadas - custos de tratamento, custos de transporte, pagamentos a cuidadores e perdas em produtividade – e também calculou os benefícios mais amplos da vacinação. Ela é de US$ 16 economizados para cada US$ 1 investido em vacinas.

Conheça em detalhes a economia que Bio-Manguinhos gera para os cofres públicos com a produção pública de imunobiológicos

 

Fortalecimento da cadeia produtiva de produtos de saúde

Desde sua criação, Bio-Manguinhos colabora para que o Brasil ultrapasse o desafio da produção de produtos biológicos para a saúde, dando sua contribuição para que se estabeleça uma cadeia produtiva do segmento. Na estruturação atual da indústria farmacêutica global, é crescente a importância de dominar a rota biotecnológica - medicamentos biológicos têm aumentado seu percentual de participação no mercado farmacêutico – e Bio-Manguinhos desempenha papel estratégico para isto no Brasil.

Conheça nossas contribuições para o fortalecimento da cadeia produtiva em Saúde

 

Inovação para a oferta de novos produtos e serviços

Em Bio-Manguinhos, o Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação norteia ações e programas voltados à criação de uma cultura inovadora. O Instituto está alinhado ao Programa Fiocruz de Fomento à Inovação – “Inova Fiocruz”, criado pela Presidência da Fundação por meio das Vice-presidências de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS) e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB). Atualmente, temos Tem 30 projetos em desenvolvimento: quatro de vacinas bacterianas, nove de vacinas virais, cinco de reativos para diagnóstico e 12 de biofármacos.

Conheça detalhes dos processes de inovação em Bio-Manguinhos

 

Formação de competências em biotecnologia farmacêutica

Bio-Manguinhos contribui para a formação brasileira de competências e de profissionais especializados no segmento da biotecnologia farmacêutica através de cursos, seminários e outras iniciativas acadêmicas, sozinho e também em parceria com outras instituições.

Conheça as ações de Bio-Manguinhos para o fortalecimento da competência nacional em biotecnologia

 

Solidariedade aos povos

Além de garantir o atendimento de demandas brasileiras, Bio-Manguinhos contribui com a saúde pública internacional. Neste cenário, desempenha um importante papel na contenção da febre amarela em nível global, tendo sua vacina pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2001, o que a torna apta a ser adquirida pelas Agências das Nações Unidas. A atuação de Bio-Manguinhos também se destaca no controle de surtos no Cinturão da Meningite, na África, para onde exporta a vacina meningocócica desde 2007, em parceria com o Instituto Finlay, de Cuba. Em 2021, foram exportadas 7,43 milhões de doses de vacinas.

 

Parabéns a Fiocruz por seus 122 anos de conquistas para a saúde pública. Bio-Manguinhos se orgulha de ter colaborado para esta história!

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Bernardo Portella.

 

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