Estamos comemorando o Maio Roxo, já que o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal, que é celebrado dia 19 de maio. O objetivo da data é chamar a atenção da sociedade para as doenças inflamatórias intestinais, promovendo maior conscientização, melhoria na qualidade de vida dos pacientes, além de espalhar conhecimento. O diagnóstico precoce é fundamental para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Há muitas dúvidas com relação a essas doenças. Portanto, leia abaixo a entrevista com a gastroenterologista Elvira Alonso, da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos:
1- Quais são as diferenças entre retocolite ulcerativa e doença de Crohn?
Ambas são doenças inflamatórias crônicas do trato digestório. A doença de Crohn é uma doença inflamatória que pode atingir da boca ao ânus. A maior parte do acometimento ocorre nos intestinos delgado e grosso. A doença se apresenta de forma espaçada e atinge camadas mais profundas. Já a retocolite ulcerativa provoca úlceras (feridas) no intestino grosso e no reto de forma a acometer a camada mais superficial da parede do intestino. Nesse caso, a lesão é contínua, não havendo áreas sem doença no meio de áreas inflamadas. Essas alterações são visualizadas principalmente através da colonoscopia, onde são realizadas biópsias e analisadas por um médico patologista. Em cerca de 15% dos pacientes não é possível em uma fase inicial, diferenciar as duas doenças chamando de forma indeterminada.
2- Quais são os principais sinais de quem está com uma DII para que as pessoas fiquem atentas e busquem um diagnóstico médico apropriado?
Os principais sintomas são diarreia, dor abdominal, cansaço (fadiga), perda de peso não intencional, febre, sangue nas fezes e apetite reduzido.
3- As DIIs podem ser confundidas com outras doenças? Por exemplo, a Síndrome do Intestino Irritável é uma DII?
Pode haver muita confusão sim. Como exemplo de uma patologia muito comum em nosso meio, a gastroenterite viral ou bacteriana pode ter a maioria dos sintomas similares, sendo que esses são passageiros (autolimitado). No caso da Síndrome do Intestino Irritável, não é considerada uma doença inflamatória intestinal. É uma doença de origem desconhecida. Quando necessário colonoscopia para diagnóstico diferencial, não apresenta alterações visíveis ou no histopatológico. Pode-se apresentar com dor abdominal, diarreia (algumas vezes com pedaços de comida ou fezes arenosas).
4- As pessoas costumam achar que as DIIs só acometem o sistema digestivo, mas não é verdade. Que outras partes do corpo são afetadas? Quais são as doenças relacionadas?
Em cerca de 10 a 35% dos pacientes pode ter manifestações extra intestinais, como comprometimento das articulações, da pele (pioderma gangrenoso, eritema nodoso, fissuras), hepatobiliar (colangite esclerosante), oftalmológica (uveíte), hematológica e influenciar no metabolismo ósseo (crianças não tratadas não alcançam o tamanho normal que iriam alcançar).
5- Como é o tratamento das DIIs?
Temos que ter cuidados de suporte dietético. Dependendo do grau da doença, temos que usar anti-inflamatórios hormonais, anti-inflamatórios não hormonais, imunomoduladores, antibióticos e, em casos mais graves, agentes biológicos.
6- Como deve ser a alimentação de uma pessoa com DII?
Nos casos mais graves, temos que utilizar dietas elementares ou poliméricas (dietas especiais que facilitam a absorção em um intestino inflamado). Quando o paciente está em tratamento adequado, com a doença sob controle, deve ter uma dieta balanceada. Algumas vezes temos que retirar da dieta alimentos que causem alergia ou intolerância (pois o intestino inflamado fica mais permeável, podendo desenvolver esses distúrbios).
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Jornalista: Gabriella Paredes