Conectando o mundo por uma causa. Com esse lema, a Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN), vem, desde sua criação, em 2000, lutando para que mais pessoas ao redor do globo tenham mais acesso a vacinas de qualidade e preços acessíveis. 

Assim, o que há 14 anos parecia um sonho distante, idealizado em uma reunião de apenas seis laboratórios, em Bandung, na Indonésia, tornou-se realidade. Hoje, a rede reúne mais de 39 fabricantes de 40 tipos de vacinas distribuídos por 15 países e é responsável pela produção de 70% das vacinas distribuídas pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef).

O grupo reúne os maiores fabricantes de vacina dos países emergentes e tem um papel estratégico. O presidente do Conselho Político e Estratégico de Bio-Manguinhos, atual tesoureiro do grupo e que já esteve à frente da DCVMN por quatro anos (2008-2012) conta que a origem da Rede teve apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS), que tinha o interesse de aumentar o número de países produtores de vacina e também a oferta de imunobiológicos para suprir demandas globais.

 

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OMS apoiou criação do DCVMN para aumentar produção de vacinas 

Imagem: Ascom/Bio-Manguinhos

 

Pioneirismo

“Bio-Manguinhos é parceiro do DCVMN desde sua criação por considerar esta iniciativa importante para compreender melhor os desafios, dilemas e as tecnologias que os países produtores utilizam e estratégias de incorporação de novas tecnologias de produção de imunizantes”, declara.

O reconhecimento internacional do trabalho vem paralelamente com a obtenção do certificado de pré-qualificação da OMS para seus produtos resultando na possibilidade de participação nas licitações internacionais das Agências das Nações Unidas (ONU), o intercâmbio e estreitamento de laços entre diversos laboratórios públicos e privados do mundo. “Agindo assim, conseguimos abrir discussões com entidades internacionais como a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi) e a Fundação Bill & Melinda Gates”, revela Homma.

Workshops internacionais

Nos últimos dois anos, a Rede intensificou suas atividades, o que foi possível graças à criação de uma secretaria executiva totalmente dedicada às atividades do DCVMN. Desde então, têm sido realizados workshops temáticos em várias regiões do mundo. Já aconteceram dois na China, outros dois na Índia e um no México. O primeiro realizado no Brasil foi em outubro de 2013, na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). O evento reuniu membros da indústria farmacêutica, parceiros de Bio-Manguinhos e laboratórios públicos nacionais, como a Fundação Ataulpho de Paiva, Instituto Butantan e Vital Brazil para debater os desafios do gerenciamento do sistema de qualidade e as abordagens para avaliação de risco.

Na ocasião, a coordenadora do Programa de Qualidade da OMS, Nora Dellepiane, apresentou os esforços que a OMS está realizando para fortalecer a qualidade e a segurança de produtos biológicos e farmacêuticos. A secretária executiva da DCVMN, Sonia Pagliusi, explicou como a atuação do grupo de produtores de vacinas tem sido positiva no combate a diversas enfermidades. “As doenças infecciosas não têm fronteiras e por isso, estamos preocupados em atuar internacionalmente”, explicou, citando como caso de sucesso a erradicação da poliomielite na Índia, em 2011. Pagliusi acrescentou que uma das principais motivações dos workshops internacionais é promover a democratização da informação entre os membros. “O foco é sempre a qualidade e manutenção do diálogo, adequando os temas às necessidades locais, para que todos tenham acesso à informação, com equidade”, concluiu.

Atuação global

Além dos workshops, a rede promove encontros anuais entre seus países membros. Em 2013 o encontro aconteceu em Hanoi, Vietnã, e foi marcado pela realização de debates sobre medidas para melhorar o acesso às vacinas de alta qualidade, sobretudo para as populações mais pobres do mundo e apresentados os programas de vacinação nacionais, com ênfase na erradicação global da poliomielite.

Outros temas abordados foram o desenvolvimento de novas vacinas e suas tecnologias de produção, parcerias tecnológicas e transferência de tecnologia, além dos adjuvantes. Akira Homma, ao lado do cientista Tran Hien, coordenou a mesa sobre Ciência Regulatória. "Um dos pontos altos do debate foi a oportunidade do encontro entre os diretores dos laboratórios produtores, com troca de ideias e discussão de problemas comuns nas atividades de desenvolvimento tecnológico e produção, além de políticas de desenvolvimento institucional e a busca de sinergia para fortalecimento das atividades de produção", ressaltou.

Destaques

Ele destaca que as discussões mais recentes do grupo estão focadas no aumento do número de vacinas pré-qualificadas para incrementar a oferta de vacinas para as Agências das Nações Unidas, a um preço mais baixo, para os países que delas necessitam. “Temos estudado a possibilidade de acordo entre os laboratórios dos países do DCMVN. Um exemplo é a atuação da Indonésia, que fornece bulk para vacinas OPV (poliomielite oral) para vários laboratórios indianos e a transferência de tecnologia cubana para África do Sul”, ressalta.

A cada dois anos, o grupo, do qual apenas dois laboratórios brasileiros fazem parte (Bio-Manguinhos e o Instituto Butantan) elege um novo presidente. Até 2014, o cargo será ocupado por Mahendra Suhardono, diretor de produção da empresa PT Bio Farma, da Indonésia.

Perspectivas e desafios

Um dos desafios a serem superados pelo grupo nos próximos anos, afirma Homma, é a diferença das legislações sanitárias entre os países, em especial as que regulam a produção de vacinas, o que dificulta trocas e produção compartilhada. O tema certamente será pauta do encontro, que ocorrerá de 27 a 29 de outubro, em local a ser definido. “Em 2014, queremos fortalecer nossa atuação, colaborando com instituições internacionais para harmonizar os procedimentos de regulação e normalização e adaptar melhores sistemas de gestão de qualidade”, conclui.

 

Jornalista: Isabela Pimentel

 

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