O projeto Gestão do Conhecimento, de Bio-Manguinhos, dando continuidade à série de palestras Conexão Tecnológica, promoveu um encontro sobre os principais desafios do futuro das indústrias de biofármacos, no dia 4 de outubro, no auditório do Pavilhão Rocha Lima. O palestrante convidado foi o diretor de Relações de Clientes Estratégicos da Global Life Sciences da GE, Guenter Jagschies.

Ele salientou que os gastos com saúde por pessoa ao redor do mundo impactam diretamente na expectativa de vida, citando como exemplo os Estados Unidos, que gastam em torno de US$ 7.000/ano com cada cidadão americano. No Brasil, esse valor cai para US$ 400/ano. “Entre os principais motivos de morte mundiais, estão obesidade, diabetes, câncer e Alzheimer. Os laboratórios estão investindo em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para biofármacos e vacinas no intuito de combater estas doenças. Até 2020, a maioria dos países investirá 16% dos seus esforços em P&D enquanto os Estados Unidos saem na frente, com 21%”, analisou o diretor, que enfatizou que os sistemas de saúde podem economizar de US$ 7 a US$ 20 com cada US$ 1 usado em vacina.

 

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Guenter Jagschies fez previsões quanto ao mercado de biofármacos (Imagem: Ascom/Bio-Manguinhos)

 

Mais estudos e profissionalização

Os grupos de biofármacos mais estudados internacionalmente são as citocinas (como interferons e insulinas), hormônios, fatores recombinantes de coagulação sanguínea, enzimas, vacinas, proteínas de fusão e imunoconjugados. “Estudos com relação à insulina representam dois terços deste mercado. Já vacinas concentram 22% dos esforços mundiais. O Brasil faz um ótimo trabalho neste sentido, pois disponibiliza gratuitamente para a população biofármacos de alto valor agregado. O grande desafio é pensar em soluções mais baratas para vacinas e biofármacos para que sejam competitivos no mercado, pois o desenvolvimento destes produtos é muito caro”, afirmou Jagschies.

O diretor fez um panorama de investimentos dos grandes laboratórios internacionais de vacinas (com dados de 2011), representado pelas empresas GlaxoSmithKline (25%), Sanofi (23%), Pfizer (19%), Merck (18%), Novartis (8%) e MSD (6%). Um dos problemas é quanto à cobertura vacinal, principalmente entre adultos. “Enquanto na Alemanha só 4% está imunizado, na Suécia esta estatística sobe para 50%. A preocupação que todos devem ter é quanto ao aumento da conscientização da vacinação para evitar pandemias, como está acontecendo atualmente com a influenza. E motivar também a profissionalização nesta área, pois existem poucos especialistas em biofármacos”, informou.

 

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Dentro de cinco anos, o Brasil conseguirá produzir o seu primeiro fármaco biossimilar (Imagem: Rogério Reis)

 

Patentes

Por fazer parte da indústria farmacêutica, os biofármacos são apoiados e protegidos pelo sistema de patentes. Assim, quando a mesma expira, há a possibilidade de produção dos chamados biossimilares, que são os "genéricos" dos biofármacos. Jagschies analisou que, dentro de dez anos, os 30 biofármacos mais produzidos atualmente no mundo terão suas patentes expiradas, sendo de extrema importância investir em biossimilares.

Patentes de vários biofármacos consumidos no Brasil expiraram recentemente ou vão vencer entre 2014 e 2018, o que equivale a um mercado de US$ 45 bilhões. Esse cenário indica uma boa perspectiva de negócios para os laboratórios brasileiros. Como não dominam a produção do princípio ativo dos biofármacos, empresas e instituições de pesquisa nacionais que atuam no setor biofarmacêutico têm pela frente o desafio de desenvolver tecnologia para que o Brasil possa produzir esse tipo de medicamento, cujo princípio ativo é obtido a partir de células vivas modificadas geneticamente.

Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) apontam que o Brasil gasta cerca de R$ 4 bilhões por ano na importação desses produtos. Esse valor representa 32% dos gastos com medicamentos, embora os biofármacos representem apenas 3% das unidades adquiridas. De acordo com o chefe do Departamento de Produtos Químicos e Farmacêuticos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Palmeira, a expectativa é de que até 2017 ou 2018 o Brasil consiga produzir o seu primeiro fármaco biossimilar.

Algumas iniciativas nacionais estão em andamento, como Bio-Manguinhos, que está em processo de implantação de estrutura para produção de três biofármacos por meio de transferência de tecnologia adquirida de países como Cuba e Estados Unidos. 

 

Jornalista: Gabriella Ponte (Com informações dos sites da Coppe e Inovação Tecnológica)

 

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