O II Congresso dos Laboratórios Oficiais do Brasil reuniu, em Salvador, especialistas, gestores e autoridades da saúde pública para discutir os rumos da produção de medicamentos, vacinas e biofármacos com o tema “Construindo um modelo de governança para a base produtiva e tecnológica do SUS”. O evento, que aconteceu de 24 a 26 de setembro, contou com a participação de colaboradores de Bio-Manguinhos/Fiocruz.
A chefe de Gabinete, Ana Paula Cosenza, destacou a importância de Bio-Manguinhos participar do evento. “A participação de Bio-Manguinhos neste congresso reforça o nosso compromisso em buscar soluções inovadoras e sustentáveis para o fortalecimento do SUS. É um espaço fundamental de troca de experiências e de alinhamento entre os laboratórios oficiais, que juntos compõem a base produtiva e tecnológica da saúde pública brasileira.”
O ex-vice-diretor de Gestão e Mercado de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Artur Roberto Couto, que exerceu a Presidência da ALFOB por duas gestões consecutivas, também estava presente no evento.
Sistemas ERP
O minicurso “Sistemas ERP: desafios administrativos e técnicos para sua implementação” foi ministrado por Fernando Serva, que coordena a construção da arquitetura de referência Indústria 4.0 e o Plano Diretor de Digitalização de Bio-Manguinhos, e Juliana Satie, gerente de Projetos para Soluções SAP.
O software da SAP é um sistema de Planeamento de Recursos Empresariais (ERP), que centraliza todas as operações de uma instituição num único sistema integrado. Ao contrário de sistemas mais antigos que descentralizavam dados, a SAP permite que uma instituição tenha uma visão completa dos seus dados.
Na prática, ele centraliza informações e processos — como compras, estoque, produção, finanças, contabilidade, recursos humanos e logística — permitindo que os dados circulem em tempo real entre os setores. Isso reduz retrabalho, melhora o planejamento e facilita a tomada de decisões estratégicas.
No caso dos laboratórios oficiais de saúde, por exemplo, um ERP pode ajudar a controlar estoques de insumos e matérias-primas, acompanhar a produção de medicamentos e vacinas, gerenciar compras e contratos, monitorar custos e prazos e garantir rastreabilidade e conformidade regulatória. Em resumo: o ERP funciona como o “cérebro administrativo” da instituição, integrando tudo em uma mesma base de dados para dar mais eficiência, transparência e confiabilidade à gestão.
Programação do congresso
A programação contemplou minicursos práticos sobre gerenciamento e análise de riscos, auditoria em farmacovigilância, sistemas ERP e redes colaborativas de comunicação, além de debates estratégicos em mesas-redondas. Entre os temas, destacaram-se: instrumentos legais e a plataforma CPIN para compras públicas voltadas à inovação tecnológica, desafios na qualificação de fornecedores e retenção de talentos, aprimoramento da governança e integridade nos laboratórios oficiais, além do papel da inteligência artificial na indústria farmacêutica, desde a gestão até o desenvolvimento de novos fármacos.
Também foram discutidos a cultura da qualidade na produção, inovação e pesquisa, e o balanço dos projetos de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) e Projetos de Desenvolvimento e Inovação Local (PDILs), com ênfase em conquistas e desafios para ampliar a autonomia nacional em saúde. O evento reforçou a importância dos laboratórios oficiais como pilar do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), promovendo cooperação e alinhamento estratégico para o fortalecimento do SUS e redução da dependência externa.
Confira o vídeo que fala dos minicursos do evento no instagram da ALFOB.
Jornalista: Gabriella Ponte
Imagem: Acervo/Bio-Manguinhos