terapias avancadas site peqA Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) está conduzindo uma consulta dirigida sobre os critérios de precificação de produtos de terapia avançada, um passo essencial para equilibrar inovação e sustentabilidade no sistema de saúde brasileiro. O Edital de Chamamento 01/2025 foi publicado no Diário Oficial da União e convida profissionais de saúde, pacientes, indústria farmacêutica, pesquisadores e demais interessados a contribuir com sugestões até o dia 28 de março, por meio de um formulário on-line.

As terapias avançadas incluem tratamentos inovadores como terapia gênica, celular e engenharia de tecidos, cujos altos custos têm sido um desafio global para sistemas de saúde. A consulta busca soluções para definir um modelo de precificação que garanta o acesso a essas terapias sem comprometer a sustentabilidade financeira do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, um dos pontos centrais do debate é a necessidade de revisão periódica dos preços e a possibilidade de reajustes negativos, o que poderia corrigir distorções de mercado e tornar os tratamentos mais acessíveis.

Para a CMED, a regulação precisa ser transparente e balanceada, favorecendo tanto a inovação tecnológica quanto a previsibilidade de gastos públicos. Hoje, a precificação de medicamentos é feita a partir de critérios como preço máximo no mercado internacional, custo-benefício e impacto orçamentário. O governo defende que a nova regulação deve fortalecer a segurança jurídica e evitar a excessiva judicialização da saúde.

Pacientes e associações que lutam por acesso a tratamentos inovadores vêem a consulta como uma oportunidade para reforçar a necessidade de agilidade nos processos regulatórios. Muitos tratamentos de terapia avançada podem significar a única alternativa terapêutica para doenças raras e graves, mas seu alto custo inviabiliza a distribuição em larga escala no SUS. As organizações de pacientes também defendem mais incentivos para produção nacional dessas terapias, o que poderia reduzir custos e ampliar a oferta.

O principal desafio para o SUS é garantir que as terapias avançadas sejam incorporadas de forma sustentável, evitando que seu alto custo impacte negativamente o orçamento público e comprometa outras áreas essenciais da saúde. No entanto, se bem reguladas, essas terapias podem reduzir gastos futuros com tratamentos prolongados e hospitalizações. Além disso, o fortalecimento da produção nacional dessas terapias pode gerar economia a longo prazo e consolidar o Brasil como um pólo de biotecnologia e desenvolvimento farmacêutico.

Laboratórios públicos como Bio-Manguinhos/Fiocruz têm um papel estratégico na produção de biofármacos e podem contribuir diretamente para a viabilização das terapias avançadas no Brasil. Lurdinha Maia, coordenadora do Departamento de Assuntos Médicos, Estudos Clínicos e Vigilância Pós-Registro (Deame), reforça a importância do acesso a essas terapias para os pacientes: “A discussão sobre precificação e regulação de terapias avançadas devem sempre considerar a perspectiva dos pacientes e buscar soluções para garantir que esses tratamentos cheguem de forma equitativa à população. Bio-Manguinhos tem um papel essencial nesse debate, promovendo o diálogo com sociedades médicas, associações de pacientes, CONASS, CONASEMS e o Ministério da Saúde para construir uma política eficiente, acessível e que assegure tanto o direito à saúde quanto a sustentabilidade do SUS”.

Sheila Matsuoka, gerente da Assessoria de Assuntos Regulatórios (Asreg), explica as implicações regulatórias envolvidas na precificação das terapias avançadas: “A definição de um modelo regulatório adequado para essas terapias é um desafio complexo, pois envolve fatores como custo de produção, impacto orçamentário e sustentabilidade do sistema de saúde. Um marco regulatório bem estruturado pode acelerar a incorporação dessas inovações ao SUS, garantindo previsibilidade e segurança para todos os envolvidos”.

As contribuições podem ser enviadas até 28 de março por aqui

Jornalista: Gabriella Ponte
Imagem: Kjpargeter/Freepik

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