img dia imunizacaoHá mais de 200 anos, a descoberta das vacinas revolucionou a saúde pública ao proporcionar à população a oportunidade de se proteger preventivamente contra infecções e doenças que, até então, matavam milhares de pessoas ao redor do mundo. De lá pra cá, a tecnologia de fabricação das vacinas e a relação das pessoas com a imunização mudaram muito.

As vacinas são uma das intervenções de saúde pública mais eficazes e econômicas, responsáveis por salvar milhões de vidas anualmente. Elas previnem doenças graves como poliomielite, sarampo, hepatite, difteria, entre outras, e são essenciais para a erradicação de enfermidades e o controle de surtos epidêmicos. A imunização não apenas protege os indivíduos vacinados, mas também cria uma barreira de proteção coletiva que protege aqueles que não podem ser vacinados.

Um estudo recente, liderado pela OMS e publicado pela revista científica “The Lancet” revelou que, nos últimos 50 anos, os esforços globais de imunização salvaram cerca de 154 milhões de vidas – ou o equivalente a 6 vidas por minuto de cada ano. A grande maioria das vidas salvas – 101 milhões – foram de crianças. O estudo mostra que a imunização é a maior contribuição em termos de saúde pública para garantir que os bebês não só vejam o seu primeiro aniversário, mas continuem a levar uma vida saudável até a idade adulta.

No dia 9 de junho, o mundo celebra o Dia Mundial da Imunização, uma data crucial para destacar a importância das vacinas na prevenção de doenças e na promoção da saúde pública. Este dia visa enaltecer a importância da vacinação coletiva e conscientizar sobre os desafios enfrentados globalmente e no Brasil para a imunização da população.

Nos últimos anos, no cenário global, a imunização tem enfrentado desafios significativos. A pandemia de Covid-19 revelou a importância das vacinas em uma escala sem precedentes, levando ao desenvolvimento e distribuição rápida de vacinas contra o coronavírus. Contudo, a pandemia também interrompeu programas regulares de vacinação, resultando em queda na cobertura vacinal para diversas doenças.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cobertura vacinal global caiu para o nível mais baixo em 30 anos, com cerca de 23 milhões de crianças em todo o mundo não recebendo as vacinas básicas em 2020. Embora mais de 4 milhões de crianças tenham sido vacinadas em todo o mundo em 2022 em comparação com 2021, ainda havia 20 milhões de crianças que não receberam uma ou mais doses de suas vacinas.

Alimentada por desinformação e movimentos antivacina, a hesitação vacinal tem se tornado uma preocupação crescente, ameaçando reverter os ganhos alcançados nas últimas décadas. Conflitos político-sociais e crises econômicas também são algumas das ameaças aos esforços para que as vacinas possam chegar a crianças em todo o mundo.

No Brasil, a vacinação sempre foi um componente crucial das políticas de saúde pública. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, é reconhecido mundialmente por sua abrangência e eficácia. Graças ao PNI, o Brasil conseguiu erradicar a poliomielite e controlar muitas outras doenças preveníveis por vacinação.

No entanto, nos últimos anos, o país tem enfrentado desafios na manutenção das altas taxas de cobertura vacinal, com quedas significativas na vacinação de rotina. Em 2021, a cobertura vacinal contra doenças como sarampo, poliomielite e difteria ficou abaixo das metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, colocando a população em risco de surtos.

Para reverter essa tendência, o Brasil e outros países estão adotando várias estratégias como campanhas de conscientização e educação pública sobre a segurança e eficácia das vacinas, a fim de combater a desinformação. Além disso, esforços estão sendo feitos para melhorar o acesso às vacinas, especialmente em áreas rurais e comunidades vulneráveis.

A integração de tecnologias digitais para rastreamento e agendamento de vacinas, a expansão de programas de imunização em escolas e a colaboração com organizações internacionais são algumas das iniciativas em andamento. No Brasil, o PNI continua sendo uma ferramenta vital, e reforçar seu papel é crucial para garantir que as metas de vacinação sejam atingidas.

O Dia Mundial da Imunização é uma oportunidade para refletir sobre a importância das vacinas e o papel essencial que elas desempenham na saúde pública. A imunização não é apenas uma questão de proteção individual, mas um compromisso coletivo com a saúde de todos. Aumentar a cobertura vacinal e combater a hesitação vacinal são desafios que exigem esforços contínuos e colaboração global. Neste dia, é preciso reafirmar o compromisso com a vacinação, garantindo um futuro mais saudável para as próximas gerações.

Bio-Manguinhos e a imunização
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) tem relação direta com o histórico de luta pelo acesso e a equidade de distribuição de imunizantes, não somente no Brasil e na região das Américas, como em todo mundo. Em 1976, a unidade foi criada como forma de incorporar e nacionalizar tecnologias existentes no mundo, sendo a primeira delas a vacina contra a meningite, doença que assolava o país naquela década.

Hoje Bio-Manguinhos é responsável por fornecer 9 das 19 vacinas oferecidas pelo PNI. Por meio de organizações como a OMS e o Unicef, o Instituto também exporta a vacina Febre Amarela para mais de 70 países em todo o mundo. E em 2021, diante do cenário de queda mundial das coberturas vacinais, deu início ao Programa Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), iniciativa que em parceria com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) realizou uma série de ações socioeducativas em prol da valorização da imunização.

Texto: Thais Christ
Imagem: Manuela Machado

 

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