img ai sus biotecnologia diagnosticoSérie de minicursos sobre conceitos básicos da biotecnologia, o Easy ISI aconteceu em 07 de maio e teve entre as aulas online “Artificial Intelligence and diagnostic tools: Challenges for application in the Unified Health System (SUS)”, coordenada por Christiane Marques e Wagner Santos, de Bio-Manguinhos. A apresentação focou na atualização e análise informativa sobre as características da saúde digital e a importância das novas tecnologias de informação e inteligência artificial na prevenção de doenças e promoção da saúde no sistema público.

O curso teve como objetivo fornecer aos participantes uma visão geral sobre as potencialidades do uso da inteligência artificial aplicada ao diagnóstico, incluindo novas ferramentas, aplicativos e dispositivos médicos, com enfoque na aplicabilidade das soluções no Sistema Único de Saúde (SUS). Jeronimo Ruiz, pesquisador da Fiocruz Minas, abordou o aprendizado de máquinas e a internet das coisas, além do conceito de saúde digital, voltados ao diagnóstico no campo da bioengenharia para dispositivos médicos e órgãos. A partir do contexto histórico do tema, a aula contemplou também os desafios que o SUS enfrenta na implementação de ferramentas e os avanços já conquistados.

Acesso e qualidade dos dados; infraestrutura tecnológica e capacitação; padrões éticos e regulatórios; transparência e interpretabilidade foram vantagens apontadas na aplicação da tecnologia na saúde pública. “Apesar dos avanços que temos alcançado no SUS, equidade e acessibilidade ainda são questões desafiadoras”, ponderou Ruiz, em meio a exemplos de implementação. Como o projeto que lidera, o grupo de pesquisa “Informática de Biossistemas e Genômica”, que tem a meta de explorar as interfaces e sinergias entre as disciplinas de biologia, química, estatística, matemática, computação e bioinformática através do desenvolvimento de estratégias computacionais inovadoras.

Outra referência citada foi a parceria com Bio-Manguinhos em desenvolvimento de dispositivo multifuncional para leitura de testes imunocromatográficos, que promove o mapeamento epidemiológico com leitura mais acurada, semiquantitativa e rápida, além da quantificação automática, integração de resultados com dados clínicos dos pacientes e análise que permite implementação de políticas públicas mais eficazes.

O médico João Bosco Oliveira, membro Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial, tratou dos avanços no diagnóstico utilizando as ciências ômicas, (que permitem analisar milhares de variações genéticas, genes e proteínas ao mesmo tempo), a importância para o diagnóstico e a perspectiva de ampliação do uso. “Esperamos que a adoção dessas tecnologias aconteça nos próximos anos”, acredita, apresentando o projeto Genomas Raros, que visa avaliar geneticamente pacientes com doenças raras no âmbito do SUS por meio do sequenciamento completo do genoma e disponibilizar os dados em um banco nacional de dados genéticos de uso público.

Integração necessária
Questionado sobre os obstáculos na implementação das tecnologias no SUS, Ruiz respondeu: “Um dos grandes dificultadores é a falta de estratégias integradas de desenvolvimento em equipes que unam profissionais com expertise para que possam trabalhar especificamente em determinado dispositivo ou aplicação. Sei que é um contexto utópico, mas é um caminho que a gente devia trilhar com mais afinco. Temos uma série de grupos que trabalham separadamente, às vezes na mesma instituição, com esforços pulverizados. Fica difícil. Esse alinhamento é altamente desejável. Há o exemplo da Fiocruz, alinhada ao Ministério da Saúde nesses objetivos. Quando esse alinhamento é alcançado, é bastante profícuo”.

Carlos Eduardo Gouvea, presidente da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), falou sobre tecnologia diagnóstica e saúde digital – a transformação digital, incluindo a chamada Saúde 4.0 e, indo além, 5.0 – projeto desenvolvido a partir da percepção de gargalos, empoderando o paciente por meio de uma medicina cada vez mais personalizada, fazendo uso de dispositivos médicos e abordagem holística, enfrentando a grande lacuna do diagnóstico. A percepção sobre a importância do modelo foi ampliada a partir da pandemia de covid-19, com a necessidade de integração de equipamentos com unidades de saúde, como clínicas ou hospitais.

A farmacêutica Josely Chiarella, assessora técnica da CBDL, trouxe à pauta a diversidade de algoritmos aplicada à saúde. Entre as barreiras, dados fragmentados e desorganizados, integração e regulação lentas e regras rígidas, além da necessidade de regulação, financiamento e estabelecimento de governança dos dados. Se, por um lado, a adoção da tecnologia leva à redução de erros, desperdícios e custos, por outro, possibilita o aumento do acesso e da produtividade. Considerando a demanda pela reestruturação do sistema, a solução passa pela formação de grandes redes de epidemiologia e vigilância.

“Estamos atuando cada vez mais na prevenção, olhando para o futuro de forma cada vez mais assertiva”, revelou Gouvea, completando: “O objetivo é levar para o público leigo informações para que a jornada do paciente seja cada vez mais leve”. Ele apontou ainda a questão do subdiagnóstico, uma lacuna que precisa ser preenchida, e outras preocupações, como o anonimato e sigilo de informações. Antonio Ferreira, vice-diretor de Reativos para Diagnóstico de Bio-Manguinhos, acrescentou: “Precisamos aprofundar e discutir cada vez mais esse tema porque está em nosso dia a dia, com uma avalanche de soluções e aplicações da inteligência artificial no nosso segmento de diagnóstico, em que atuamos no cotidiano”.

Texto: Maria Carolina Avellar
Imagem: Reprodução da Internet

 

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