peq mosquito palhaTodos os anos, 28,9 milhões de brasileiros correm o risco de sofrer com alguma das doenças tropicais negligenciadas que ainda assolam o país. Isso representa 14% da população total. Essa estimativa praticamente dobrou no período entre 2016 e 2020. Esses são alguns dos dados que aparecem em um boletim epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde no final de janeiro deste ano. Entre as condições que aparecem na lista, algumas possuem diagnósticos disponíveis, como a leishmaniose, que afeta tanto cães como humanos.

Segundo dados do Informe Epidemiológico de Leishmanioses das Américas (Dez/2023), o Brasil teve 12.878 casos em 2022 e a tendência tem sido de crescimento. O Plano de Ação para as Leishmanioses da Opas para o período 2023-2030 foi atualizado, discutido e acordado com países endêmicos, especialistas, colaboradores e parceiros.

Com esse novo plano, espera-se aprimorar e fortalecer as ações de vigilância e controle, a fim de obter melhores resultados, como ampliação do acesso e implementação de metodologias de diagnóstico, alternativas de tratamento para pessoas afetadas que vivem em áreas de risco, execução de ações de acordo com a estratificação de risco, redução de contato com o vetor, entre outros. Bio-Manguinhos/Fiocruz ajuda na vigilância epidemiológica da doença. Conheça os produtos de Bio-Manguinhos que detectam a doença: o teste rápido DPP® Leishmaniose Canina e os ensaios sorológicos de Leishmaniose Canina e Leishmaniose Humana

 

A doença

Os cães, principalmente os abandonados, são as maiores vítimas da leishmaniose, que é uma doença grave e que pode levar ao óbito do animal. O aumento médio da temperatura do planeta favorece o espalhamento dos insetos transmissores da doença. “O animal se contamina através de um flebotomíneo, mais conhecido popularmente como mosquito palha. A transmissão ocorre através do inseto hematófago que, quando contaminado, dissemina a doença entre os animais e o homem”, explicou o médico veterinário Rodrigo Muller, gestor do Laboratório de Ensaios Pré-Clínicos do Departamento Experimental e Pré-Clínico de Bio-Manguinhos.

“Hoje, ainda não há vacinação para a doença, por isso nas áreas com maior incidência, a prevenção se dá através da utilização de coleiras repelentes, repelentes líquidos, colocar telas mosquiteiro com malha fina, para coibir a entrada de mosquitos e restringir a saída dos animais”, orientou o especialista.

A doença não tem uma cura definitiva nos caninos. Por isso, o especialista comentou que há um medicamento de uso comercial que reduz a carga do protozoário nos animais, todavia, não exclui a possibilidade da transmissão do animal para o homem. “Devemos utilizar de todos os cuidados de repelentes e manejo domiciliar adequado. Precisamos de atenção redobrada, pois a leishmaniose visceral leva a consequências graves ao homem e pode levar ao óbito”, reforçou.

No tratamento, é utilizada uma medicação por 28 dias. “A notificação da doença é compulsória para a vigilância sanitária, assim como o acompanhamento do médico-veterinário continuamente, a fim de garantir que todas as medidas de suporte de cuidados para o animal estão sendo realizadas. O manejo do ambiente também é importante, uma vez que a medicação não elimina o protozoário do animal”, alertou.

Jornalista: Gabriella Ponte
Imagem: James Gathany - CDC

Alerta de cookies

Este site armazena dados temporariamente para melhorar a experiência de navegação de seus usuários. Ao continuar você concorda com a nossa política de uso de cookies.

Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade clicando no botão ao lado.