Todos os anos, celebramos em 1º de dezembro o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, e ao longo do mês, a Campanha “Dezembro Vermelho”, uma oportunidade para apoiar as pessoas envolvidas na luta contra o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), melhorando a compreensão do vírus como um problema de saúde pública global.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde e do UNAIDS, 2,4 milhões de pessoas vivem com o HIV na América Latina e no Caribe. No Brasil, 190 mil pessoas que sabem ser portadoras de HIV/Aids ainda não deram início ao tratamento. Os números são do boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (30).
Dados do Ministério da Saúde indicam que o país vem registrando queda nos casos de HIV/Aids, mas não entre homens de 15 a 29 anos. Nesta faixa, o índice tem aumentado, chegando, em 2021, a 53,3% dos infectados de 25 a 29 anos. Os números da pasta também registram crescimento dos casos de sífilis em homens, mulheres e gestantes.
Diagnóstico precoce
Graças ao diagnóstico precoce e ao acesso cada vez mais amplo a medicamentos, o HIV não é mais uma sentença de morte, se tornando um problema crônico de saúde tratável. De acordo com a gerente do Departamento de Relações com o Mercado de Bio-Manguinhos, Patrícia Santana, os testes diagnósticos são extremamente importantes para detecção precoce e controle das transmissões das ISTs, dado que os portadores dessas infecções, normalmente, passam por uma fase assintomática. “No caso do HIV, o diagnóstico precoce propicia o início do tratamento adequado e oportuno, com celeridade, evitando a evolução do quadro para complicações mais graves”, ressalta.
Ela explica que garantir o diagnóstico e o tratamento precoce também é fundamental para reduzir as transmissões silenciosas e salvar vidas. “Dentro das ISTs, também devemos ter bastante atenção ao atual crescimento nos casos de Sífilis que podem passar despercebidos nos estágios iniciais da doença, em que a possibilidade de transmissão é maior, ocasionando a procura por tratamento de forma tardia. Por isso, também é muito importante o seu diagnóstico precoce, realizando a testagem de forma regular, principalmente se tiver passado por uma situação de risco, já que a sífilis tem cura”.
Prevenção
A transmissão do HIV se dá através do contato sexual desprotegido, transfusão de sangue contaminado, compartilhamento de instrumentos que furam ou cortam não esterilizados e até da mãe infectada para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Por isso, a principal forma de prevenção é o uso do preservativo.
Depois de mais de 40 anos do início da pandemia de HIV no mundo, a tecnologia e a ciência avançaram ao ponto de assegurar diversas formas de prevenção ao vírus e tratamentos eficazes, que impedem o desenvolvimento da Aids.
Além disso, os tratamentos disponíveis hoje garantem o fim da transmissão do vírus pela pessoa que vive com HIV.
A profilaxia pós-exposição é uma medida de urgência que consiste em três medicamentos antirretrovirais, isto é, anti-HIV, que devem ser tomados uma vez ao dia pelos 28 dias seguintes ao contato com o vírus, seguindo acompanhamento médico.
Existem no Brasil 22 medicamentos antirretrovirais, em 38 apresentações farmacêuticas diferentes, que podem ser utilizados por pessoas que vivem com HIV. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e, consequentemente, o desenvolvimento da Aids, que é a doença que o vírus HIV pode provocar.
Quando utilizado corretamente pelas pessoas que vivem com o vírus, é comum que o tratamento as faça atingirem o nível de “indetectável”, quando os exames não conseguem mais detectar o HIV no organismo e sua transmissão deixa de ocorrer. Para manter a condição é necessário manter o tratamento em dia.
Texto: Maria Amélia Saad
Imagem: Freepik