PEQ world polioO dia 24 de outubro marca o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. A data homenageia o nascimento de Jonas Salk, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra a doença. A efeméride serve como forma de conscientizar a população ao redor do globo sobre os perigos da poliomielite e a importância da vacinação.

No Brasil, o último caso confirmado foi registrado em 1989. Em 1994, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) concedeu ao país o certificado de eliminação da doença. Tal feito só foi alcançado graças a implantação da estratégia de Dias Nacionais de Vacinação, realizados pelo governo federal com mobilização de toda a sociedade brasileira e apoio da Fiocruz, como lembra Akira Homma, assessor científico sênior de Bio-Manguinhos e coordenador do Projeto pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais:

“Os Dias Nacionais de Vacinação aconteciam duas vezes ao ano, com o apoio e a participação de toda a sociedade. Era uma enorme mobilização pela vacinação, com mais de 30 mil voluntários, que permitiu vacinar em um dia cerca de 18 milhões de crianças menores de 5 anos e, com isso, alcançar altíssima cobertura vacinal contra a doença”, recorda Homma.

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No entanto, como o próprio pesquisador gosta de falar, fomos vítimas de nosso próprio sucesso. Com a eliminação da poliomielite, ficou mais difícil ver no dia a dia as tristes marcas de suas sequelas e, consequentemente, a população aparenta ter esquecido os riscos decorrentes da doença. Desde 2015, a cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil vem sofrendo quedas sucessivas. Em todo o país, a taxa ficou em 77,19% no ano passado, abaixo do índice mínimo de 95% recomendado pela OPAS. O cenário fez com que a organização incluísse o país na lista daqueles que estão sob alto risco de retorno da doença.

“Como as novas gerações não viram as mortes e sequelas deixadas pela poliomielite, a população tem uma baixa percepção dos riscos que ela representa. Isso, entre outros fatores, gerou uma queda nas coberturas vacinais. É preciso retomar estas coberturas para que nem a pólio e nem outras doenças imunopreveníveis voltem a ser uma ameaça em nosso país”, alerta Homma.

A poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda que provocou surtos e epidemias em diversas partes do mundo no século XX. O poliovírus, expelido por fezes ou secreções de crianças e adultos infectados, sintomáticos ou não, se multiplica, inicialmente, nos locais por onde ele entra no organismo (boca, garganta e intestinos). Os sintomas vão desde febre e dor de garganta, até náusea, vômito, constipação e dor abdominal. Em casos graves da doença acontecem as paralisias musculares, mais comuns nos membros inferiores, mas que também podem atingir os músculos respiratórios, levando o paciente a óbito.

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A imunização ainda é a única forma eficiente de prevenir a poliomielite. A vacina contra a doença faz parte do Calendário Nacional de Imunização preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas mais de 38 mil salas de vacinação espalhadas pelo país. O esquema vacinal deve ser iniciado a partir dos 2 meses de vida da criança com a vacina inativada injetável (VIP) com mais duas doses aos 4 e 6 meses de idade. A partir de um ano, as doses de reforço são feitas com a vacina atenuada oral (VOP) em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos de idade.

A estratégia de utilização da vacina oral nas campanhas de vacinação foi a responsável pela eliminação da doença no Brasil. No entanto, este ano o Ministério da Saúde anunciou que irá substituir gradualmente a versão oral da vacina pela inativada (injetável) a partir de 2024. A estratégia visa aumentar ainda mais a eficácia do esquema vacinal diante do cenário de baixas coberturas vacinais, evitando a reintrodução da doença no país.

Vale lembrar que o perigoso cenário de queda das coberturas vacinais em todo o globo, infelizmente, não se reflete apenas na proteção contra a poliomielite. Com essa quedaa população corre o risco de ressurgimento de diversas doenças preveníveis pela vacinação, como o sarampo e as meningites. Para tentar reverter este cenário, Bio-Manguinhos, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o PNI desenvolveram o Projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV). Atuando desde 2021, o PRCV busca compreender as possíveis causas para a queda das coberturas vacinais e elaborar estratégias em parceria com a sociedade civil para incentivar a vacinação.

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Texto: Thais Christ
Imagem: Freepik

 

 

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