No dia 17 de outubro, o Ministério da Saúde celebra o Dia Nacional da Vacinação. A data tem o objetivo de ressaltar a importância das vacinas no controle de doenças e na prevenção de epidemias. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as vacinas têm importância histórica na saúde humana, salvando a vida de cerca de 3 milhões de pessoas a cada ano, e tendo benefícios comparáveis aos da água potável.
A história da vacinação teve início no século XVIII quando a varíola era a maior ameaça da humanidade. Naquela época, Edward Jenner, naturalista e médico inglês, começou a observar que as pessoas que ordenhavam vacas não contraíam a varíola, desde que tivessem adquirido a forma animal da doença. Ele então extraiu o pus da mão de uma ordenhadora que havia contraído a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável, que contraiu a doença de forma branda e, em seguida, ficou curado.
O experimento de Jenner influenciou os estudos do francês Louis Pasteur, que descobriu imunizantes contra a cólera aviária e a raiva, e chamou ambos de “vacina”, em homenagem ao médico inglês. Pasteur também foi o primeiro a utilizar uma metodologia científica na produção destas preparações biológicas, o que permitia que seus desenvolvimentos fossem replicados.
Foi também o criador e primeiro presidente do Instituto Pasteur, que se tornaria um dos mais importantes centros mundiais de pesquisa científica e reuniria outros importantes nomes da história das vacinas, como Oswaldo Cruz, médico sanitarista responsável pelo Instituto Soroterápico Nacional, que depois viria a se tornar a Fundação com seu nome e daria origem ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos).
O desenvolvimento de vacinas fez com que muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixassem de ser um problema de saúde pública. Alvo da primeira vacina desenvolvida, a varíola, por exemplo, foi declarada erradicada mundialmente em 1980. A poliomielite, outra grave doença imunoprevenível, não é registrada no Brasil desde 1989. Mais recentemente, com a pandemia da Covid-19, a importância da vacinação tornou-se ainda mais evidente.
O que é uma vacina?
A vacina, nada mais é, do que uma preparação biológica que fornece imunidade para uma doença específica. São formuladas a partir de um agente (atenuado, morto ou uma parte) que se assemelha a um microrganismo causador da doença à qual é destinada. Esse agente é reconhecido pelo sistema imunológico como uma ameaça, o que faz com que o corpo produza uma resposta imunológica o mais semelhante possível àquela que ocorreria em caso de infecção sem, no entanto, oferecer risco ao organismo.
Eventuais reações, como febre e dor local, podem ocorrer após a aplicação de uma vacina, mas os benefícios da imunização são muito maiores do que estes inconvenientes. Vale ressaltar que toda vacina aprovada pela agência regulatória para uso passa antes por diversas fases de avaliação, desde os processos iniciais de desenvolvimento até a produção, garantindo assim sua eficácia e segurança.
A vacinação é o método mais eficaz de prevenção de doenças infecciosas. Além de proteger as pessoas vacinadas, ajuda a criar uma barreira entre as pessoas imunizadas que não deixa a doença se aproximar de indivíduos vulneráveis, que estão com a imunidade baixa ou crianças que ainda não têm idade para serem vacinadas. O Ministério da Saúde estabelece metas de vacinação, calculadas pela transmissibilidade da doença e a eficiência da vacina. Quando estas metas são atingidas, podemos dizer que a população está protegida contra estas enfermidades, a chamada cobertura vacinal.
Infelizmente, desde 2015, o Brasil vem apresentando queda nas taxas de cobertura vacinal contra as mais diversas doenças. Um cenário perigoso, que pode levar ao retorno de importantes doenças imunopreveníveis, como o sarampo, que havia sido eliminado do país em 2016 e retornou cerca de dois anos depois. Como uma ação para alcançar estas coberturas, o Ministério da Saúde promove duas campanhas anuais de vacinação, uma contra a gripe, antecedendo o período mais frio do ano, e outra de multivacinação, geralmente realizada no segundo semestre.
Atualmente, cerca de 20 vacinas contra diferentes doenças são disponibilizadas gratuitamente nas mais de 38 mil salas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). Elas seguem recomendações e orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Bio-Manguinhos tem o orgulho de poder contribuir anualmente com cerca de 120 milhões de doses de diferentes vacinas, virais e bacterianas, para o Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Texto: Thais Christ
Imagem: Bernardo Portella