O diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Mauricio Zuma, foi convidado para participar da Conferência Global de Impacto de Vacinas em Madri, na Espanha. O evento foi uma importante reunião de líderes globais para avaliar os dois primeiros anos de implementação da estratégia 2021 - 2025 da Gavi, Vaccine Alliance no complexo contexto da covid-19 e estabelecer um novo e forte compromisso com a vacinação infantil para as principais doenças imunopreveníveis.
Bio-Manguinhos tem sido convidado para estar presente em diversos eventos para debater sobre imunização em nível global, principalmente sobre distribuição mais igualitária entre os países e também sobre financiamento em P&D. Isso demonstra a visibilidade internacional do Instituto que, neste evento, foi o único representante da América do Sul, sendo um dos quatro produtores mundiais da vacina de febre amarela pré-qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e que contribui diretamente com a estratégia da Gavi para garantir a imunização de países de baixa renda. Presente de forma massiva, estava o continente africano, cujos países são os principais beneficiários.
Mauricio reforça que o aumento da cobertura vacinal nesses últimos dois anos tem impacto direto na diminuição da mortalidade infantil, no aumento da expectativa de vida, além de influenciar positivamente em questões socioeconômicas. “Nós apoiamos as ações globais da Gavi, mantendo nossa missão humanitária de ajudar outros países exportando vacina de febre amarela. Conversei com o CEO da Gavi, Seth Berkley, sobre aumentar o fornecimento de vacinas. Temos um projeto de melhorias do imunizante que, sendo aprovado pela Anvisa, conseguiremos quase que dobrar nossa capacidade produtiva, aumentando em 80% a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA)”, contou o diretor.
Foi debatida, ainda, a introdução de novos imunizantes para exportação, como a sarampo e rubéola (MR) e covid-19. Segundo Mauricio, a MR está em fase de pré-qualificação junto à OMS. A pré-qualificação é um processo conduzido pelo órgão que avalia se a vacina atende os critérios de qualidade, segurança e eficácia, conforme estabelecido em guias internacionais para que esta possa ser exportada através das agências das Nações Unidas.
Só através da Gavi, de 2021 até maio de 2023, Bio-Manguinhos exportou 10,1 milhões de doses de vacina de febre amarela e 3,1 milhões de doses da vacina de meningite ACW. Angola, Benin, Camarões, Chad, Gabon, Libéria, Mali, Nigéria, Palestina, República do Congo, República Democrática do Congo, Senegal, Serra Leoa, Togo e Venezuela foram os países beneficiados.
“Se considerarmos a demanda completa de exportação de Bio-Manguinhos, nosso compromisso para o ano de 2023 é mais de 26 milhões de doses da vacina de febre amarela e já assumimos o compromisso de entregar mais de 31 milhões de doses em 2024. Só em 2023, foram entregues 804 mil doses da vacina de meningite ACW, com o compromisso de entregarmos, em 2024, 1,5 milhão de doses. A intenção de Bio é ofertar cada vez mais nos próximos anos”, concluiu o diretor.
Sobre o evento
A Gavi, Vaccine Alliance ultrapassou a marca de 1 bilhão de crianças vacinadas desde a sua fundação em 2000. A conferência, convocada pelo ministro das Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha, José Manuel Albares, viu ministros da saúde de 17 países implementadores da aliança e representantes de 23 países doadores renovarem seus compromissos de trabalhar juntos, aproveitar os sucessos dos últimos dois anos, enfrentar os desafios atuais e aproveitar a inovação e a colaboração para liberar o poder da vacinação.
Isso ocorreu quando a Gavi publicou seu novo relatório de revisão intermediária, chamado “Raising Generation ImmUnity”, que analisou os dados dos dois primeiros anos do período estratégico 2021-2025 da aliança. O documento traçou o progresso em relação à oportunidade de investimento de 2019 e mostrou que a Vaccine Alliance está no caminho certo de cumprir com a maioria dos principais compromissos assumidos com os doadores. Isso inclui apoiar os países a imunizar mais de 300 milhões de crianças até 2025, gerando benefícios econômicos de US$ 80 a US$ 100 bilhões.
Também mostrou que os países estão enfrentando mais desafios na transição do apoio da Gavi, por motivos que incluem a pandemia da covid-19 e outros entraves econômicos. Após uma queda na imunização de rotina neste período, a aliança também observou uma recuperação da vacinação nos países apoiados em 2022, embora mais ações devam ser realizadas para alcançar as crianças que ficaram de fora durante a pandemia.
Acesse o documento na íntegra e o vídeo com os highlights do evento no canal do Youtube da Gavi.
Jornalista: Gabriella Ponte (com informações da Gavi, Vaccine Alliance)
Imagem: Gavi