PEQ pcr digitalSegundo levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde, a incidência do câncer deve aumentar em 47% nos próximos 17 anos. Outro alerta é que esse aumento se dará principalmente em países emergentes.

Os países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), baixo ou médio terão o maior aumento desta incidência, uma alta de 95% contra os atuais 64% para esta região do mundo. Essa elevação se deve por diversos fatores, segundo o documento, muitos gerados por uso de tabaco, dietas prejudiciais à saúde, excesso de peso e falta de atividade física.

Outros fatores são as mudanças demográficas e ambientais, bem como o acesso dos pacientes a tratamento rápido e seguro. A agência afirma que os próximos anos serão de subida nas taxas de prevalência e de óbito.

Durante o 7th International Symposium on Immunobiologicals (ISI), o CEO da Optolane Technologies, John Young Lee, falou sobre a importância da criação de ferramentas que viabilizem o diagnóstico precoce. “Devemos considerar o câncer como uma doença crônica e não há algo tão efetivo quanto a detecção precoce, pois se o diagnóstico é feito no início, podemos curar 70% dos casos”, destaca.

Uma dessas ferramentas de alta precisão é o teste diagnóstico por PCR digital, ainda em desenvolvimento, que objetiva detectar eventos raros, tais como: mutações de um único nucleótido numa população de sequências de tipo selvagem, bem como aumentando a amplificação de sequências raras, permitindo a quantificação absoluta sensível e precisa de moléculas únicas.

Lee afirma que ainda o objetivo dessa tecnologia é criar dispositivos sensíveis o suficiente para analisar moléculas únicas, amplificando o diagnóstico através do PCR digital. “O objetivo é aumentar o limite tanto superior quanto inferior, através deum sistema óptico com condutores novos que possam detectar diretamente a temperatura no chip”, diz.

Ele detalhou ainda que a amostra é colocada dentro do reagente e, a partir de um dispositivo, o DNA e o RNA são extraídos e passam por uma verificação nos chips de análise dos cartuchos de PCR, podendo fornecer dados importantes no diagnóstico de câncer. “Esse dispositivo pode reconhecer duas vezes mais células, tendo uma boa sensibilidade”, pontua o CEO.

Leucemias
Entre os tipos de câncer mais incidentes no Brasil estão as leucemias, cuja incidência será de cerca de 11.540 novos casos para os próximos anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Elas podem ser agrupadas com base na velocidade em que a doença evolui e torna-se grave, e uma das formas mais incidentes é a Leucemia Mieloide Aguda (LMA).

O mais agressivo dos “cânceres do sangue”, o LMA foi o primeiro genoma a ser sequenciado, e mesmo com um boom de novos medicamentos, particularmente de drogas-alvo específicas, a sobrevida global não se modifica, sendo a probabilidade em aproximadamente 30%.

A coordenadora do laboratório de desenvolvimento e implementação de diagnósticos moleculares complexos no Inca, Ilana Zalcberg, durante participação no 7th ISI, apontou que muitos genes são recorrentemente mutados na LMA, apresentando várias mutações, e é composta por subclones que diferem na composição de alterações o que se traduz em uma enorme heterogeneidade dentre diferentes pacientes e amostras.

Ela explica que um paciente pode ter uma marcante evolução clonal ao longo de sua doença pela pressão terapêutica e do microambiente. Desta forma, as alterações genéticas podem ser vistas pela citogenética que vê alterações numéricas ou estruturais através do Fluorescence in Situ Hybridization (FIS), por PCR, PCR digital, do sequenciamento direto de sangue, ou por painéis NGS contra alvos gênicos específicos.

Alguns genes importantes como o CEBPA e Kit são avaliados por sequenciamento de Sanger, alguns outros por OCR seguidos por análise de fragmento, e alguns outros por doença residual mínima e PCR em tempo real.
O sequenciamento de Sanger cada vez mais vem sendo substituído por plataformas de sequenciamento, conhecidas como NGS. A NGS permite milhões de fragmentos de diferentes genes e amostras ao mesmo tempo. Dependendo da amostra e biblioteca inicial, é possível sequenciar todo o genoma, exoma ou painéis com alvos específicos.

A preparação da amostra passa por diversas etapas. “É feita a construção da biblioteca com a amplificação dos alvos de interesse; o sequenciamento, onde cada fita é uma molécula de DNA; e a análise de dados que contém a chamada de variantes (alinhamento contra o genoma de referência), a classificação da variante, a interpretação clínica da variante, usando bancos de dados disponíveis, além do laudo propriamente dito”, explica Zalcberg.

Texto: Maria Amélia Saad
Imagem: Freepik

 

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