vacinacao indigena luis oliveira sesai msO Dia dos Povos Indígenas é comemorado no Brasil em 19 de abril, uma data estabelecida para celebrar sua diversidade cultural e destacar a necessidade de que seus direitos sejam protegidos no país. A população indígena brasileira, segundo resultados do último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no país, era de 1.652.876 indígenas. Na Terra Indígena Yanomami, que é formada por parte dos estados de Roraima e Amazonas, a coleta foi concluída. Foram recenseadas 16.864 pessoas indígenas em Roraima e 10.280 pessoas indígenas no Amazonas, totalizando hoje 27.144 pessoas indígenas.

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária aos povos indígenas, sobretudo os Yanomamis. As condições de saúde da população indígena estão vulneráveis em diversos âmbitos, inclusive na imunização. Estudos mostram que eles têm uma proporção menor de pessoas com esquema vacinal completo (48,7%) do que não-indígenas (74,8%).

Um estudo recém-publicado que foi conduzido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) investigou a coinfecção por malária e parasitoses intestinais entre os Yanomamis. Realizada no polo base Marari, no Amazonas, a pesquisa revelou o alto índice das infecções: todos os participantes apresentaram parasitos intestinais, sendo 81% com microrganismos causadores de doenças como amebíase e verminoses. Cerca de 15% tinham, simultaneamente, parasitose intestinal e malária.

Em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena, distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas estão e maiores de 50 anos, seguida pela faixa etária de 18 a 49 e 5 a 11 anos.

Uma das causas apontadas como determinantes para a vulnerabilidade da saúde dessa população é a exploração do garimpo ilegal. Segundo um laudo de perícia da Polícia Federal feito a partir da coleta de amostras de cabelo de 43 indígenas de 14 regiões, foram encontrados altos níveis de contaminação por mercúrio. A amostra identificou que 76,7% das pessoas estudadas vivem sob alta exposição do metal pesado tóxico.

Além disso, estima-se que 570 crianças desta etnia foram mortas por desnutrição, fome e contaminação por mercúrio. Como prova dessa gravidade, um estudo do periódico The Lancet mostrou que crianças indígenas têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia.

A saúde das adolescentes indígenas também é um ponto de atenção. Um estudo da Fiocruz Bahia revela que elas são as mais afetadas pela gravidez antes da maioridade, e que em relação às outras camadas da população, são as que têm menos acesso ao acompanhamento pré-natal.

Fiocruz
Em função desse quadro grave de saúde pública, Bio-Manguinhos tem disponibilizado para o Ministério da Saúde, vacinas e testes de diagnóstico, que também visam favorecer a saúde indígena no Brasil.

Além disso, a Fiocruz também desenvolve diversas pesquisas e projetos nas áreas indígenas para examinar questões de saúde nas comunidades originárias, com o objetivo de reduzir a incidência de doenças e a mortalidade dessa população.

Texto: Maria Amélia Saad
Foto: Luís Oliveira - Sesai MS

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