PEQUENA SITE Biologia computacional freepikDois trabalhos recém-publicados na revista científica Vaccine, contaram com a colaboração do Laboratório de Tecnologia Imunológica de Bio-Manguinhos. O primeiro artigo, de 4 de fevereiro e aborda a identificação de epítopos lineares de Células B na Sph2 em pacientes infectados por leptospirose. O segundo artigo, de 15 de fevereiro, é um mapeamento de epítopos de Células B da vacina candidata para malária na população amazônica.

Os artigos derivam de estudos com biologia computacional, que consiste em combinar conhecimentos de imunologia, bioquímica, proteômica e informática, para explorar antígenos e identificar seus principais alvos para o desenvolvimento de vacinas, terapias e diagnósticos para diferentes agravos.

Um dos autores, Rodrigo Nunes, explica que os estudos reforçam a importância do uso da imunoinformática e da biologia computacional no estudo de doenças infecciosas. “Nos últimos anos, combinando estas abordagens com experimentos in vitro e in vivo tivemos sucesso na identificação de alvos vacinais, terapêuticos e diagnósticos contra vírus, bactérias, protozoários e até fungos. Dentre outros bons frutos, estes estudos levaram a construção de uma inédita vacina contra leptospirose humana, que iniciará seus testes em modelo pré-clínico ainda este ano”, destaca.


Leptospirose

A leptospirose é um problema de saúde pública no Brasil. Doença infecciosa, ela é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, sobretudo, ratos infectados pela bactéria Leptospira. sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. O período de incubação, normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição.

O estudo utiliza ferramentas de biologia computacional para identificar alvos de anticorpos capazes de impedir a ação da Sph2, uma esfingomielinase de leptospiras, importante para a evasão da bactéria do sistema imune e para o agravamento da doença, relacionada a quadros de hemorragia pulmonar, por exemplo.

No trabalho, foi avaliada a reatividade de epítopos identificados por imunoinformática contra amostras de pacientes com leptospirose, investigando o papel dos anticorpos anti-Sph2 na proteção contra a doença em sua forma grave.
Deste modo, foram identificados dois epítopos de células B, reconhecidos por anticorpos de pacientes com leptospirose, que poderão ser explorados no desenvolvimento de vacinas contra a doença.

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Malária

A malária é causada pelo parasita Plasmodium, que é transmitido pela picada de uma fêmea infectada do mosquito Anopheles. Os sintomas, incluindo febre, dor de cabeça e calafrios, aparecem geralmente entre 10 e 15 dias após a picada e podem ser leves e difíceis de serem diagnosticados. Se não for tratada, a doença pode progredir para quadros graves e morte. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, 99,9% das transmissões ocorrem na Região Amazônica, com 33 municípios concentrando 80% do total de casos autóctones.

Estudos prévios mostraram que a vacina candidata contra malária GMZ2.6c é amplamente reconhecida, sendo uma proteína quimérica P. falciparum de vários estágios que contém um fragmento da proteína Pfs48/45-6C geneticamente fundida à GMZ2, uma construção de vacina que consiste na região N-terminal da proteína rica em glutamato (GLURP) e na região C-terminal da proteína de superfície do merozoíto-3 (MSP-3).

O artigo identificou e validou os epítopos de células B do GMZ2.6c como imunogênicos e imunodominantes em indivíduos expostos à malária que vivem em áreas endêmicas da Amazônia brasileira.

Foi observado que a maioria dos indivíduos apresentou anticorpos IgG detectáveis, validando a predição de epítopos lineares de células B. A maior frequência e os níveis de anticorpos contra diferentes epítopos de GLURP, MSP-3 e Pfs48/45 fornecem informações adicionais que podem sugerir a relevância do GMZ2.6c como uma vacina candidata contra a malária em vários estágios.

Leia o artigo na íntegra

 

Jornalista: Maria Amélia Saad
Imagem: Freepik

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