peq gsticFiocruz no Rio de Janeiro sediou nesta terça-feira (14), o segundo dia da reunião anual da Comunidade Global de Tecnologia Sustentável e Inovação (G-Stic) que acontece pela primeira vez nas Américas entre 13 e 15 de fevereiro. O evento é considerado o maior na área de ciência, tecnologia e inovação para aceleração da Agenda 2030, é realizado de forma híbrida e tem como tema “Por um futuro equitativo e sustentável: soluções tecnológicas inovadoras para uma melhor recuperação pós-pandemia".

Inicialmente capitaneado pelo instituto de tecnologia belga Vito, a G-STIC reúne um conjunto de instituições com representações em todas as regiões do mundo como a Fiocruz, que passou a integrar o grupo em 2018, trazendo às discussões, um panorama mais amplo para o tema da saúde pública, sobretudo na América Latina.

Neste segundo dia, o evento contou com a presença de diversas autoridades, como a ministra da saúde da Argentina, Carla Vizzotti; o diretor do Departamento de Sistemas e Serviços de Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), James Fitzgerald; o representante da CEPAL, Nicolo Gligo; a secretária de vigilância, saúde e ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel; o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger; o vice-presidente do Conselho de Membros de Fabricantes de Vacinas para Países em Desenvolvimento (DCVMN), Tiago Rocca; o representante do G20 Health Secretariat, Lav Agarwal; o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Mauricio Zuma; e representantes de instituições internacionais públicas e privadas.

Ao longo dos três dias, as sessões do evento se dividem em seis temas: Saúde, Educação, Água, Energia, Clima e Oceanos. Em Saúde, Bio-Manguinhos organizou uma sessão sobre vacinas, entre os dias 14 e 15, para discutir o tema: Vacinas e imunização desafios e perspectivas para produção local.

No primeiro dia de debates, a palestra de abertura feita James Fitzgerald, trouxe a discussão de como a pandemia de COVID-19 evidenciou as desigualdades no acesso às vacinas e a lacuna na cobertura vacinal entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e, especialmente, nos países menos desenvolvidos, o que levou a perda de inúmeras vidas, e mais hospitalizações, exacerbando os impactos da covid longa.

Também foi debatido o desequilíbrio e barreiras no acesso à tecnologia, bem como a dependência de bens críticos para a saúde e consumíveis que precisaram ser importados por países em desenvolvimento.

Em face de todas essas questões foi discutida a necessidade urgente de maior colaboração e solidariedade internacional para que haja um maior preparo para novas emergências de saúde de acordo com as necessidades locais de saúde e garantir que haja acesso igual à imunização e às vacinas.

A sessão 1 abordou os desafios da imunização no Brasil - Tecnologia, manufatura e acesso. Participaram da plenária, o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma; o Chefe Global de Vacinas da AstraZeneca, Hugo da Silva; a Diretora de Assuntos Médicos e Científicos da Pfizer, Júlia Spinardi; o Gerente de Licenciamento de Tecnologia de Inovação do Instituto Butantan, Cristiano Pereira; e a secretária de vigilância em saúde e ambiente do Ministério da Saúde (SVAS/MS), Ethel Maciel.

Ethel apresentou os principais desafios da vacinação no Brasil, e os planos de ação da SVSA/MS para fortalecer a imunização no Brasil e o acesso a vacinas, visando aumentar as coberturas vacinas de maneira integrada e sinérgica com os diversos ministérios.

Zuma abordou o papel do Instituto na resposta à Pandemia de Covid-19, destacando a entrega de 230 milhões de doses da vacina de Covid-19, que até hoje continua efetiva contra a forma grave da doença, que causa internações e mortes. Ele apontou que o sucesso desta empreitada, se deve pela tradição da instituição, capacitação contínua ao longo do tempo, e parcerias estratégicas através da transferência de tecnologia.

O diretor citou três desafios para a ampliação da produção de vacinas em âmbito regional: fortalecimento do ecossistema e ambiência interna; acesso a insumos e matérias-primas; acesso a investimentos.

A sessão 2 abordou a fabricação de vacinas nos países em desenvolvimento, com as experiências na América Latina, Ásia e África. Todos os palestrantes destacaram a importância de os países em desenvolvimento atuarem de maneira integrada e em forma de rede; trocando experiências, conhecimentos de forma a ampliar o acesso a vacinas de forma equitativa e sustentável.

A terceira sessão, contou com a palestra da Dra. Karin Bok (VRC/NIAID/NIH) sobre as doenças emergentes e reemergentes e as perspectivas em termos de tecnologias e os desafios para o desenvolvimento de vacinas.

A última sessão deste dia discutiu mecanismos de pesquisa e desenvolvimento de vacinas para acelerar o desenvolvimento e inovação e vacinas para doenças emergentes e reemergentes, tecnologias atuais e de próxima geração. Os principais destaques desta sessão foram a necessidade de uma maior colaboração, políticas e mecanismos de financiamento que considerem as particularidades dos diferentes países, e de como articular ações nos diversos níveis para que o mundo possa estar mais bem preparado para futuras emergências.

Neste segundo dia, outros temas relacionados à saúde também foram debatidos: Preparação e resposta a emergências de saúde – O papel das cidades; e Projeto Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico (AESOP).

Sistema de alerta precoce para surtos com potencial pandêmico

O Projeto Sistema de Alerta Precoce para Surtos com Potencial Epi-Pandêmico (AESOP), que visa sinalizar, logo no início, novos surtos de doenças com potencial para causar emergências de saúde. O Projeto, que ainda está em desenvolvimento, permitirá através de inteligência artificial, que cientistas da saúde rastreiem surtos em estágio inicial, integrando dados coletados do Sistema Único de Saúde (SUS) com outras fontes de dados de saúde, ambientais e sociodemográficos. Os dados coletados pela plataforma levam em consideração diversas variáveis, e através delas, os pesquisadores poderão identificar precocemente uma área com grande risco para o surto de alguma doença.

Preparação e resposta a emergências de saúde – O papel das cidades

Os palestrantes exploraram nesta sessão, como os riscos ambientais especialmente os causados por questões climáticas estão aumentando. Foi discutido as mudanças climáticas são fatores de risco para emergências de saúde, tanto para as pessoas como para as economias. A partir desta constatação foi possível ilustrar a urgência na preparação para enfrentar tais ameaças em todos em nível local, regional, nacional e internacional.

 

Jornalista: Maria Amélia Saad
Imagem: Thais Christ

 

Alerta de cookies

Este site armazena dados temporariamente para melhorar a experiência de navegação de seus usuários. Ao continuar você concorda com a nossa política de uso de cookies.

Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade clicando no botão ao lado.