Bio-Manguinhos/Fiocruz participou do PepTalk2023 – The Protein Science and Production Week, evento que aconteceu de 16 a 20 de janeiro, em San Diego, Estados Unidos. Representando o Instituto e apresentando pôsteres - os únicos do Brasil -, foram as tecnologistas em Saúde Pública da Fiocruz, Aline Almeida e Diana Praia. Os dois pôsteres que foram selecionados apresentaram resultados do trabalho de prospecção que vem sendo realizado em Bio-Manguinhos/Fiocruz. O pôster apresentado por Aline, “The landscape of neutralizing monoclonal antibodies (mAbs) for treatment and prevention of COVID-19 after 2 years of the pandemic”, ganhou o prêmio de melhor pôster do Pep Talk 2023 e recebeu US$ 250,00 como premiação além do certificado. O pôster apresentado por Diana, “Technology Foresight for the Identification of New Targets, Opportunities, and Partnerships for Vaccines and Biotherapeutics in Plant-Based Platforms”, foi selecionado para apresentação oral.
O PepTalk conecta pesquisadores da ciência de proteínas de todo o mundo para compartilhar estudos de caso, dados inéditos, descobertas e soluções que apoiam e aprimoram a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) biofarmacêutica. O evento deste ano conta com palestrantes de renome mundial, tecnologias de ponta e eventos de networking envolventes. A programação inclui uma cobertura detalhada da descoberta de anticorpos, engenharia de proteínas, anticorpos biespecíficos, imunoterapias emergentes, agregação de proteínas, machine learning, terapia celular e genética, expressão de proteínas, purificação e produção.
Diana Praia é farmacêutica, mestre em tecnologia de imunobiológicos pelo MPTI/Bio-Manguinhos. Ela também é professora do curso técnico de biotecnologia da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). Trabalha a 15 anos em Bio-Manguinhos e já atuou na área de P&D e controle de qualidade do instituto. Aline Oliveira atua em Bio-Manguinhos desde 2008, tem mestrado e doutorado em oncologia pelo INCA e possui cerca de 15 anos de experiência com o desenvolvimento de biofármacos, tendo sido gerente de projeto de P&D e gerente do Programa de Biofármacos de Bio-Manguinhos.
Agora elas são membros da equipe da Assessoria de Inteligência Competitiva do Instituto (Aicom) e têm se dedicado a estudos prospectivos na indústria biofarmacêutica. O pôster apresentado por Diana abordou resultados do monitoramento tecnológico em plataformas vegetais que vem sendo feito desde 2018. Já Aline, em seu pôster, abordou os resultados da prospecção em medicamentos para COVID-19 iniciado em março de 2020 com ênfase em anticorpos neutralizantes. Os dois pôsteres são fruto de um trabalho colaborativo que vem sendo desenvolvido internamente reunindo especialistas de diferentes áreas como parte de uma rede de prospecção interna que é gerenciada pela Aicom.
Aline contou que o trabalho que ela apresentou discutia o futuro de anticorpos neutralizantes anti-SARS-CoV2. “A pergunta principal foi se faz sentido continuar a investir nesta tecnologia no cenário atual, de cobertura vacinal e surgimento de variantes. Respondemos através de ferramentas de prospecção tecnológica – que está sendo implantada na Aicom, equipe da qual faço parte como especialista na área de biofármacos – trabalhando principalmente com mineração e análise de dados, revisão da literatura e de guias internacionais de tratamento de COVID-19. Concluímos que continuaria a ser um tratamento relevante para pacientes que não respondem à vacinação e sugerindo a importância de investimento na melhoria da tecnologia, principalmente em anticorpos neutralizantes com resposta ampla a variantes”, detalhou.
Para ela, este evento representou uma grande oportunidade de aprendizado e trocas de experiências ao discutir este trabalho e tendências tecnológicas, e que contribuirá para a revisão do roadmap de Bio-Manguinhos. Esse é um fruto da rede colaborativo estabelecida durante a pandemia unindo pessoas de diversas áreas de Bio-Manguinhos em: Grupo de Trabalho de Prospecção e do Grupo de Discussão de Medicamentos Biológicos para COVID-19, este último atuei como líder. Além disso demonstrou como a prospecção pode ser utilizada para auxiliar a tomada de decisão de indústrias farmacêuticas e instituições de pesquisa. Logo após o evento, o trabalho também foi aceito pela revista Journal of Pharmaceuticals Innovation para sua publicação.
Já Diana destacou que seu trabalho teve como objetivo comparar o cenário antes e depois da pandemia de COVID-19 para vacinas e biofármacos desenvolvidos em plataforma vegetal. “Para responder esta pergunta, mostrei as vantagens da plataforma, o motivo pelo qual esse sistema foi escolhido para nosso estudo de prospecção tecnológica e quais foram as ferramentas utilizadas. Destacamos, em ambos os cenários, que a maioria dos produtos está em fase de desenvolvimento para doenças infecciosas utilizando o sistema de expressão transiente, e que os medicamentos biossimilares foram a estratégia de P&D preferida para as empresas desta área. Para uso humano, foi aprovado um biofármaco no cenário antes da pandemia e uma vacina para COVID-19 no cenário atual. Concluímos que a plataforma vegetal tem sido utilizada no desenvolvimento de vacinas e biofármacos e que a prospecção tecnológica é um processo fundamental para auxiliar a tomada de decisão da organização para a seleção de alvos e priorização de projetos”, resumiu. Ela contou que sua participação neste evento foi fundamental para disseminar o potencial em prospecção tecnológica da instituição e apresentar as tendencias em plataforma vegetal que permearam discussões com especialistas de grandes universidades e indústrias biofarmacêuticas internacionais.
Também participaram dos trabalhos os colaboradores Beatriz Fialho (Aicom); Ana Andrade (Laboratório de Tecnologia Imunológica - Latim); Amanda Marques (Assessoria Clínica - Asclin); Luciana Madeira (Laboratório de Macromoléculas - Lamam); Jose Procopio e Ivna da Silveira (Laboratório de Tecnologia Recombinante - Later).
Jornalista: Gabriella Ponte
Imagem: Bio-Manguinhos