PEQ encontros conhecimento manuela machadoEvento teve como objetivo promover a conscientização e conhecimento sobre monkeypox.

Aconteceu, em 4/10, no auditório do Centro Administrativo Vinicius da Fonseca, o evento ‘Encontro do Conhecimento: Diagnóstico de Monkeypox’. Organizado pela Gestão do Conhecimento, em parceria com outras áreas de Bio-Manguinhos e outras unidades da Fiocruz, o evento teve como objetivo promover a conscientização e conhecimento sobre monkeypox, bem como as ações do Instituto, da Fundação e das demais instituições participantes envolvidas com o diagnóstico da doença. Antônio Ferreira, coordenador do Programa de Reativos para Diagnósticos (PRED), abriu o encontro enfatizando a importância de eventos como esse, que reúnem pesquisadores de diversas instituições, para debaterem temas de relevância para a saúde pública brasileira e que reforçam a missão institucional de Bio, de atender aos programas de saúde pública do país.


Iniciando as discussões sobre o tema, o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, deu um histórico sobre a doença, explicando como surgiu a nomenclatura e atualizando o panorama atual no Brasil e no mundo. “O patógeno foi nomeado como Monkeypox em 1958, quando a infecção foi descoberta em macacos exportados da África para a Dinamarca. Posteriormente, foi verificado que os primatas não eram os hospedeiros preferenciais do monkeypox, mas poderiam ser infectados, assim como as pessoas. Hoje, não se sabe qual animal mantém o vírus na natureza, acredita-se que roedores tenham um papel na disseminação da doença na África, onde o vírus é endêmico. Atualmente, segundo a Our World in Data Monkeypox, foram diagnosticados aproximadamente 68 mil casos da doença no mundo e 8 mil casos no Brasil”.

A virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clarissa Damaso, explicou como acontece o contágio pela doença, transmitida por meio do contato pessoal e direto com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos contaminados. A especialista salientou também a eficácia da vacina já existente e deve começar a ser aplicada nos grupos prioritários em breve no Brasil. “Há cerca de uma década, a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic desenvolveu um imunizante a partir do vírus vaccinia, que pertence à mesma família do smallpox (o causador da varíola humana) e do monkeypox. Os patógenos deste grupo (orthopoxvirus) costumam conferir uma espécie de "proteção cruzada" — se você se infecta com um deles, o sistema imune gera uma resposta capaz de bloquear a invasão dos demais, sendo assim, essa vacina demonstrou ser eficaz para controle do monkeypox também”, explicou Clarissa.

Importância do diagnóstico certeiro
A infecção por monkeypox se caracteriza por sintomas como febre, dor de cabeça e no corpo, fadiga, inchaço dos linfonodos na região inguinal e lesões na pele e nos órgãos genitais. Segundo Estevão Portela Nunes, Vice-diretor de Serviços Clínicos do INI/Fiocruz, a dor é um dos fatores que pode levar um paciente com monkeypox a precisar de internação, principalmente quando na região genital e anal, que pode limitar a atividade da pessoa. “A maioria dos casos de internação no INI/Fiocruz, são de pacientes que devido à dor extrema, desenvolvem problemas de saúde secundários. Por este motivo, foram criados protocolos para o manejo da dor que, a depender do grau de intensidade, pode ser ambulatorial com analgésicos via oral. No entanto, quando se percebe a necessidade de ajuste desse tratamento, optamos pela internação para um cuidado mais intenso com medicações controladas”, esclareceu.

O profissional salientou também a importância dos kits para diagnósticos desenvolvidos por Bio, que auxiliam na vigilância epidemiológica do SUS ao diferenciar os alvos orthopox geral, monkeypox geral e varicella zoster. Segundo ele, essa produção só foi possível devido ao esforço da equipe de Bio. Por este motivo, é preciso fortalecer a rede de pesquisa, assistência e o Sistema Único, para que os profissionais tenham condições de enfrentar da melhor forma ameaças sanitárias como essa.

Desenvolvido e registrado em tempo recorde por Patrícia Alvarez, chefe do Laboratório de Tecnologia Diagnóstica de Bio-Manguinhos/Fiocruz e sua equipe, os dois kits diagnósticos para monkeypox são capazes de identificar os alvos orthopox geral, monkeypox geral e varicella zoster (Kit Molecular Multiplex OPXV/MPXV/VZV) e monkeypox geral e West Africa (Kit Molecular monkeypox MPXV). “O desenvolvimento desses kits permite, não só o diagnóstico certeiro da doença, como também mais controle epidemiológico pelo SUS, pois agora é possível diferenciar doenças que possuem sintomas semelhantes, como varicella e monkeypox, por exemplo, o que deve gerar um aumento de casos dessas doenças que antes poderiam ser confundidas com outras”, explicou.

Ratificando o que Patrícia Alvarez explicou, o chefe do Laboratório de Enterovírus do IOC/Fiocruz, Edson Elias da Silva, salientou a importância do kit multiplex para diagnóstico de doenças antes negligenciadas. “A utilização desse produto descortinou a presença de um número crescente de casos de varicela. Esses dados foram uma surpresa para mim e só foram descobertos por conta do uso de um diagnóstico diferencial. Atualmente, os casos diagnosticados pelo IOC têm aumentado para essa doença e diminuído para monkeypox”, alertou.



Jornalista: Juliana Xavier
Imagens: Manuela Machado

 

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