O livro Diplomacia da saúde: respostas globais à pandemia, lançado em dezembro de 2021 pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz (Cris/Fiocruz), com organização de Paulo Marchiori Buss e Pedro Burger, traz em seu capítulo 11 o artigo A crise das vacinas e de insumos e a produção local para enfrentar a pandemia, de autoria de Akira Homma, Beatriz de Castro Fialho, Fabius Leineweber, Karla Montenegro, Carlos Augusto Grabois Gadelha e Jorge Bermudez.

No texto, os autores afirmam que:

"A pandemia da Covid-19 vem demonstrando ao mundo a fragilidade do sistema de saúde dos países, pela alta dependência de poucos produtores globais de produtos acabados, insumos e equipamentos de produção. Mostra a importância do investimento continuado em ciência, tecnologia e inovação, assim como na capacidade industrial. Países mais avançados, como EUA, Reino Unido e Alemanha, foram capazes de mobilizar rapidamente recursos para investir na aceleração do desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. Países emergentes como China, Índia e Rússia também investiram no desenvolvimento de vacinas logo no início da pandemia.

Diferentemente das manifestações iniciais e do clamor mundial por solidariedade, por desenvolver vacinas que pudessem ser caracterizadas como bens públicos globais e que fossem acessíveis ao conjunto da população mundial, o mundo vive hoje um enorme desequilíbrio, denominado de Apartheid das vacinas.

O financiamento das iniciativas internacionais e os esforços de produção vêm se mostrando insuficientes para fazer frente às necessidades globais. As doações excedentes de países como EUA, Canadá ou União Europeia têm sido tímidas com relação a suprir efetivamente as necessidades de países pobres. Alguns países na África não têm conseguido vacinar os trabalhadores de saúde da linha de frente do combate à pandemia.

São várias iniciativas de instituições multilaterais que enfatizam a importância de haver maior produção de vacinas localmente para diminuir a dependência da importação de países centrais. A iniciativa da OMS, buscando o fortalecimento da produção com criação de Hub regional, utilizando plataforma mRNA, pode ser uma alternativa para diminuir o desequilíbrio das capacidades de produção de vacinas no mundo. Para ser bem-sucedida, necessitará de cooperação internacional e dos países participantes para ter sustentabilidade de suas operações de produção para essa pandemia e eventualmente as outras epidemias que surgirem.

O Brasil, com a sexta maior população mundial, tem a necessidade de dispor de capacidade de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção de insumos estratégicos para a saúde de modo a diminuir a grande dependência de importação.

E o Complexo Econômico-Industrial da Saúde explicita a abordagem sistêmica na produção e tecnologia em saúde, abrangendo um conjunto de indústrias de base química e biotecnológica (medicamentos e vacinas), um conjunto de indústrias de base mecânica e eletrônica de materiais e os serviços, que também se constituem em verdadeiras unidades industriais e tecnológicas."

 

Acesse A crise das vacinas e de insumos e a produção local para enfrentar a pandemia

 

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Bernardo Portella.

 

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