Em 28 de fevereiro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou a 31º reunião do Comitê de Emergência, sob o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), sobre a disseminação internacional do poliovírus.

O Comitê revisou os dados sobre poliovírus selvagem tipo 1 (WPV1, na sigla em inglês) e poliovírus circulantes derivados de vacinas (cVDPV, também na sigla em inglês). Durante o evento, ocorreram atualizações técnicas sobre a situação no Afeganistão, Djibuti, República Democrática do Congo, Malawi, Moçambique, Nigéria, Paquistão, Somália e Iêmen.

Dentre as avaliações, verificou-se que a transmissão de WPV1 caiu para níveis “muito baixos”, sem que tenham sido registrados novos casos no Paquistão desde janeiro de 2021, e apenas cinco no Afeganistão desde o ano passado - quatro em 2021 e um no atual ano.

“A vigilância ambiental continua a detectar baixos níveis de transmissão de WPV1 no Paquistão, com 7,6% de amostras com resultado positivo em 2021, em comparação com os 56% verificados em 2020. No segundo semestre de 2021 a proporção era de apenas 1,5%. Até agora, em 2022, não houve amostra positiva; a amostra positiva mais recente foi coletada em 3 de dezembro de 2021 no sul de Khyber Pakhtunkhwa (KP)”, ressalta comunicado da OMS.

O Comitê demonstrou preocupação devido ao fato de, pela primeira vez desde 2014, houve um caso de poliomielite WPV1 fora do bloco epidemiológico Afeganistão – Paquistão, em uma criança de três anos de Lilongwe, capital do Malawi - com início da paralisia em novembro de 2021.

“O sequenciamento genômico indica que o vírus correspondente mais próximo ao encontrado no caso é um vírus encontrado em 2019 no Paquistão. De preocupação, não se sabe se a transmissão foi perdida na África ou na Ásia. Esta é a primeira detecção de WPV1 na Região Africana da OMS desde 2016, quando ocorreram quatro casos devido à transmissão endêmica na Nigéria”, informa o Comitê.

Segundo a OMS, esta propagação internacional de longa distância é a primeira desde a introdução do WPV1 em 2013, na Síria e em Israel.

“O comitê observou que uma forte resposta multinacional está sendo planejada no Malawi e em quatro países vizinhos, incluindo uma investigação completa para tentar determinar mais claramente quando e como ocorreu a importação do WPV1”, ressalta o comunicado da OMS.

Após a reunião do Comitê foi notificado, no início deste mês de março, um caso de poliomielite selvagem em uma criança de 4 anos, não vacinada, em Jerusalém (Israel) - o último caso de pólio no país havia sido notificado em 1989. Acredita-se que a cepa relacionada seja decorrente de uma mutação, mas investigação epidemiológica ainda está em andamento.

As recomendações da OMS podem ser acessadas no relatório Estratégia de erradicação da pólio 2022–2026: cumprindo uma promessa.

Os dois casos reforçam o alerta feito por autoridades de saúde pública ao longo dos últimos anos: é preciso manter as coberturas vacinais para a poliomielite, assim com opara as demais doenças, em níveis elevados, para evitar o ressurgimento da doença.

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza gratuitamente para as crianças as vacinas poliomielite oral e injetável, ambas fornecidas por Bio-Manguinhos/Fiocruz.

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Grfxrf, Freepik.

 

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