"Epidemias anteriores nos mostraram a importância de sistemas de saúde resilientes. A pandemia COVID-19 trouxe à tona a importância de sociedades resilientes". Desta forma a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve o entendimento majoritário dos participantes da 10ª Conferência Global sobre Promoção da Saúde, evento que ocorreu entre 13 e 15 de dezembro.
"A Conferência marca o início de um movimento global sobre o conceito de bem-estar nas sociedades. O foco no bem-estar incentiva diferentes setores a trabalharem juntos para enfrentar os desafios globais e ajudar as pessoas a assumirem o controle de sua saúde e de suas vidas", aponta a OMS. Cerca de 4,5 mil participantes aprovaram a Carta de Genebra para o Bem-estar, que se baseou na Carta de Ottawa para Promoção da Saúde e no legado das nove conferências anteriores sobre promoção da saúde.
"A saúde não começa em um hospital ou clínica. Começa em nossas casas e comunidades, com os alimentos que comemos e a água que bebemos, o ar que respiramos, em nossas escolas e locais de trabalho", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Precisamos mudar fundamentalmente a maneira como líderes políticos, a iniciativa privada e as instituições internacionais pensam e valorizam a saúde, e promover um crescimento baseado na saúde e no bem-estar das pessoas e do planeta, dos países com todas os níveis de renda", complementou.
A Carta descreve os elementos necessários de uma "sociedade de bem-estar" e o que precisa ser feito para melhor prevenir e responder às múltiplas crises, de saúde, econômica, social e ambiental. E identifica as principais áreas de ação. O documento incentiva cinco ações principais:
- Projetar uma economia equitativa que sirva ao desenvolvimento humano dentro das fronteiras planetárias;
- Criar políticas públicas para o bem comum;
- Atingir cobertura universal de saúde;
- Abordar a transformação digital para neutralizar danos e fortalecer os benefícios; e
- Valorizar e preservar o planeta.
"É hora de ver como a economia pode apoiar o objetivo social do bem-estar, como base para um desenvolvimento produtivo, resiliente e inclusivo", complementou o diretor de Promoção da Saúde da OMS, Rüdiger Krech. "Não podemos nem devemos voltar aos mesmos padrões exploratórios de produção e de consumo, o mesmo desprezo pelo planeta que sustenta toda a vida, o mesmo ciclo de pânico e abandono e as mesmas políticas de divisão que alimentaram esta pandemia", concluiu.
Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Ipopba, Freepik.