A Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus parceiros lançaram no final de setembro a primeira estratégia global para derrotar a meningite  – uma doença debilitante que mata centenas de milhares de pessoas a cada ano.

Até 2030, as metas são eliminar epidemias de meningite bacteriana - a forma mais letal da doença - e reduzir as mortes em 70%, além de reduzir pela metade o número de casos. As organizações estimam que, no total, a estratégia pode salvar mais de 200 mil vidas anualmente e reduzir significativamente as incapacidades causadas pela doença.

Essa estratégia, “Global Roadmap to Defeat Meningitis by 2030” (“Roteiro Global para Derrotar a Meningite até 2030”, em tradução livre ao português), foi lançada por uma ampla coalizão de parceiros envolvidos na prevenção e controle da meningite em um evento virtual, organizado pela OMS em Genebra. Seu foco está na prevenção de infecções e na melhoria do atendimento e diagnóstico para as pessoas afetadas.

“Onde quer que ocorra, a meningite pode ser mortal e debilitante; ataca rapidamente, tem graves consequências para a saúde, econômicas e sociais e causa surtos devastadores”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “É hora de enfrentar a meningite globalmente de uma vez por todas - expandindo urgentemente o acesso às ferramentas existentes, como vacinas, liderando novas pesquisas e inovações para prevenir, detectar e tratar as várias causas da doença e melhorar a reabilitação das pessoas afetadas.”

A meningite é uma inflamação perigosa das membranas que circundam o cérebro e a medula espinhal, causada principalmente pela infecção por bactérias e vírus.

A meningite causada por infecção bacteriana tende a ser a mais séria - levando a cerca de 250 mil mortes por ano - e pode causar epidemias de rápida propagação. A doença mata uma em cada 10 pessoas infectadas - principalmente crianças e jovens - e deixa uma em cinco com incapacidades de longa duração, como convulsões, perda de audição e visão, danos neurológicos e deficiência cognitiva.

Nos últimos 10 anos, epidemias de meningite ocorreram em todas as regiões do mundo, embora mais comumente no ‘Cinturão da Meningite’, que abrange 26 países da África Subsaariana. Essas epidemias são imprevisíveis, podem afetar gravemente os sistemas de saúde e criar gastos catastróficos que geram pobreza para famílias e comunidades.

“Mais de meio bilhão de africanos correm o risco de surtos de meningite sazonal, mas a doença está fora do radar por muito tempo”, afirmou Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África. “Essa mudança de focos de combate a incêndios para uma resposta estratégica não pode acontecer em breve. Este roteiro ajudará a proteger a saúde e as vidas de centenas de milhares de famílias que todos os anos temem esta doença.”

Várias vacinas protegem contra meningite, incluindo meningocócica, Haemophilus influenzae tipo b e vacinas pneumocócicas. No entanto, nem todas as comunidades têm acesso a essas vacinas que salvam vidas e muitos países ainda não as introduziram em seus programas nacionais.

Enquanto a pesquisa está em andamento para desenvolver vacinas para outras causas de meningite, como a bactéria Streptococcus do grupo B, permanece uma necessidade urgente de inovação, financiamento e pesquisa para desenvolver mais vacinas preventivas da meningite. Também são necessários esforços para fortalecer o diagnóstico precoce, o tratamento e a reabilitação de todos aqueles que deles precisam após contrair a doença.

“Este roteiro é a personificação da ambição de pessoas e famílias afetadas em todo o mundo que pediram sua criação. É sua experiência e paixão que levou toda uma comunidade de interesses a chegar até aqui", disse Vinny Smith, diretor executivo da Meningitis Research Foundation e da Confederation of Meningitis Organizations (CoMO), uma organização internacional de membros de grupos de defesa de pacientes para meningite. “Celebramos juntos o objetivo comum de derrotar a meningite e seremos guiados por sua inspiração para que isso aconteça”.

O novo roteiro detalha as seguintes prioridades para a resposta e prevenção da meningite:

Alcance de alta cobertura de imunização, desenvolvimento de novas vacinas acessíveis e melhores estratégias de prevenção e resposta a surtos;

Diagnóstico rápido e tratamento ideal para os pacientes;

Bons dados para orientar os esforços de prevenção e controle;

Cuidado e apoio para as pessoas afetadas, com foco no reconhecimento precoce e melhor acesso a cuidados e suporte para efeitos colaterais, e

Advocacy e engajamento para garantir alta conscientização sobre a meningite, responsabilidade pelos planos nacionais e afirmação do direito à prevenção, cuidados e serviços pós-atendimento.

A OMS e seus parceiros estão oferecendo apoio aos países para implementar o roteiro, inclusive por meio do desenvolvimento de estruturas regionais e nacionais que ajudarão os países a alcançar seus objetivos ambiciosos.

Notas

O evento de lançamento foi apoiado por uma grande rede de organizações e especialistas individuais envolvidos na prevenção e controle da meningite, incluindo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, London School of Hygiene and Tropical Medicine, Médicos Sem Fronteiras, Epicentre, Meningitis Research Foundation, PATH, UNICEF, Fundação Gates e CoMO. Agradecimentos adicionais vão a todos os parceiros envolvidos no desenvolvimento do roteiro.

O roteiro é o resultado da primeira resolução sobre meningite, aprovada pela Assembleia Mundial da Saúde e endossada por unanimidade pelos Estados Membros da OMS em 2020.

Como um dos primeiros resultados tangíveis deste roteiro, a OMS e a London School of Hygiene and Tropical Medicine lançarão um relatório global baseado em evidências em 3 de novembro sobre a identificação e prevenção de mortes devido ao Streptococcus do grupo B, também conhecido como bactérias estreptocócicas, a principal causa de meningite neonatal e infantil.

 

Fonte: Opas. Imagem: Brgfx, Freepik.

 

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