congresso bras reumatologiaA infectologista e pediatra da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos (Asclin), Tatiana Noronha, representou o Instituto no Congresso Brasileiro de Reumatologia. Ela ministrou a palestra “Rede de estudos brasileiros sobre vacinas COVID-19”.

O bloco começou com a apresentação da infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtman, com a palestra “Vacinas contra COVID-19: ontem, hoje e amanhã…”. Ela destacou que frente à emergência da pandemia, foi preciso fazer uma escolha na estratégia de vacinação, já que não havia uma vacina com elevada eficácia para todas as formas da doença disponível para todo o mundo.

“Nós tínhamos várias vacinas que tinham elevada eficácia para proteger contra as formas mais graves da COVID-19. Por isso, o mundo todo adotou a estratégia de vacinação baseada em mitigação, diminuindo hospitalizações e óbitos. Em um futuro breve, os países vão adotar a estratégia baseada no controle, que são as vacinas que protegerão contra todos os tipos da doença, inclusive as formas assintomáticas e leves”, explicou a especialista.

Rosana frisou ainda a preocupação dos cientistas com a circulação das novas variantes e, por conta disso, inúmeros estudos estão sendo realizados para avaliar as diversas combinações entre as vacinas (chamado de esquema heterólogo). Ela comentou também sobre a dose de reforço. “É só uma questão de tempo para analisarmos os anticorpos seis meses após a segunda dose. Muitos estudos estão em andamento para verificarmos a possível redução de efetividade e anticorpos neutralizantes ao longo do tempo. Estamos vendo essa redução acontecer, por isso considero esse reforço importante”.

Logo após, Tatiana apresentou a rede de estudos observacionais para o monitoramento da efetividade, imunogenicidade e segurança da vacinação contra a COVID-19 no Brasil e a história natural da doença em crianças e adolescentes. Ela explicou que estes estudos, coordenados por ela, são de vida real e alguns deles feitos em parceria com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Além disso, estão sendo financiados pelo Ministério da Saúde.

Os resultados das análises vão respaldar as estratégias de vacinação implementadas pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, amparar o planejamento de futuras ações e colaborar para aumentar a confiança da comunidade científica e do público em geral na Política Nacional de Imunização. “A rede foi criada para que os projetos conversassem entre si e se complementassem, respondendo a várias perguntas levantadas pelo Programa Nacional de Imunizações com relação a como as vacinas reagem em vários grupos da população. Serão cinco estudos que irão observar dados que muitas vezes não são possíveis de se obter nos estudos clínicos, que são controlados”, enalteceu Tatiana. Para saber mais sobre a rede, leia aqui.

Finalizando o bloco, houve a “Apresentação de Guidelines da Sociedade e estudos sobre vacina em doenças reumáticas imunomediadas”, ministrada pela médica reumatologista pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG, Anna Carolina Gomes Tavares. Ela comentou que estes pacientes formam o grupo da população que menos costuma responder às vacinas.

Ela mostrou estudos que foram feitos em pacientes que se tratam com rituximabe em comparação a pessoas saudáveis ao tomarem a vacina de COVID-19 para verificarem se estavam soroconvertendo conforme o esperado. “Só em 54% dos pacientes foram encontradas células T específicas para SARS-CoV-2 após a segunda dose”, afirmou Anna Carolina.

Ela apresentou, ainda, outro estudo que pretendia avaliar a resposta humoral e celular pós-vacinação da COVID-19 nesses imunossupressores. “As respostas imunes foram aumentadas pela segunda dose da vacina, aumentando as taxas de soroconversão e de resposta de células T para 59% e 83%, nas primeiras e segundas doses, respectivamente”, explicou.

Para finalizar, Anna Carolina disse que não é recomendável que esses pacientes interrompam temporariamente o tratamento com imunossupressores antes de uma dose adicional da vacina COVID-19, incluindo o rituximabe. Além disso, o ideal seria que esse grupo recebesse três doses no esquema primário e depois de seis meses mais um reforço, tendo um esquema vacinal diferenciado.

 

Acesse o especial sobre coronavírus do site de Bio-Manguinhos

 

Jornalista: Gabriella Ponte. Imagem: Sotckdevil/Freepik.

 

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