poliomieliteDando prosseguimento às atividades relacionadas ao International Symposium on Imunobiolocals - ISI, Bio-Manguinhos realizou, no último dia 8 de julho, a primeira edição do ISI Webinar Series. O projeto busca realizar uma série de palestras com a participação de diversos parceiros científicos e tecnológicos a fim de aprofundar algumas da principais discussões apresentadas nas mesas do V ISI, em maio de 2021.

Além da disseminação e compartilhamento de informações e do conhecimento científico e tecnológico, a ideia é que estes encontros possam também trazer temas urgentes a serem discutidos no período entre as edições do evento principal, para que o timing das inovações não seja perdido.

A primeira edição do ISI Webinar Series aprofundou a discussão sobre a baixa cobertura vacinal e uso da vacina IPV com o tema “Poliomielite no Brasil: desafios na cobertura vacinal para conter a possível reemergência” e contou com nomes de peso no cenário nacional e representantes de diversas sociedades médicas.

Abrindo o evento, o assessor científico sênior de Bio-Manguinhos, Akira Homma, reafirmou a importância de se discutir sobre os perigos da reemergência da poliomielite devido às baixas coberturas vacinais e relembrou o papel de Bio-Manguinhos na erradicação da doença em solo nacional, contribuindo para a realização dos Dias Nacionais de Vacinação e do pronto-atendimento às demandas do Ministério da Saúde com o componente tipo 3 pontenciada da vacina de vírus vivos atenuados, tipo Sabin, a vacina OPV.

"Sabemos que a cobertura de todas as vacinas está caindo há algum tempo, mas a poliomielite, apesar de já ter sido eliminada do país há mais de trinta anos, tem o agravante de ser uma doença que ainda conta com a presença de vírus selvagens em dois países do mundo. Além disso, existem inúmeros casos da doença poliomielite causado por derivados de vírus vacinais. Isso, aliado à baixa cobertura vacinal, e um contigente enorme de susceptíveis, ou seja, sem proteção de anticorpos, faz com que a possibilidade de reintrodução seja muito grande", destacou Akira.

Os desafios no Brasil e a estratégia do PNI

Dando início às apresentações, o Dr. Gerson Pereira, secretário substituto da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), falou sobre os desafios para a cobertura vacinal da pólio no Brasil, especialmente durante a pandemia da COVID-19. "Nos últimos anos temos percebido uma queda da cobertura vacinal nacional. As causas são diversas, inclusive o próprio sucesso das campanhas de vacinação, que podem ter causado a falsa sensação de que não é mais necessário se vacinar. Mas neste cenário de pandemia, a cobertura caiu ainda mais porque as pessoas têm medo de chegar ao serviço de saúde e se infectar", explicou.

Na sequência, José Geraldo Leite, da secretaria de saúde de Minas Gerais, falou sobre as diferenças entre as vacinas de vírus inativado e atenuado utilizadas no Brasil e como a adoção pelo tipo atenuado pode estar fragilizando o país ao favorecer o surgimento de vírus derivados da vacina, além de apontar a necessidade de uma vigilância epidemiológica mais ativa em relação à paralisia. "Nós temos virologistas de alta qualidade atuando, mas que talvez não sejam capazes de detectar precocemente a circulação do vírus aqui no Brasil porque a vigilância é falha", defendeu.

Já Thais Minuzzi, da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), fez uma retrospectiva da situação da poliomielite no país e sua erradicação no Brasil e nas Américas, e contou mais sobre as várias iniciativas que estão sendo implementadas pelo Ministério da Saúde para melhorar a cobertura vacinal e evitar a reintrodução da doença no território nacional. "Temos trabalhado muito para desenvolver ações de comunicação e mobilização social em prol da vacinação, mas também não descuidamos da vigilância epidemiológica e laboratorial em municípios que apresentam maior risco de reintrodução da doença", pontuou.

Pólio, o risco da reemergência

Na segunda parte do encontro, a Luiza Helena Falleiros, pediatra e professora da Universidade Metropolitana de Santos, falou sobre a situação atual da erradicação da poliomielite globalmente e demonstrou a importância da adoção da vacina inativada e não mais de vírus vivos atenuados. A iniciativa visa mitigar o risco de reemergência da poliomielite, seja devido à baixa cobertura vacinal ou ao aparecimento de casos de vírus derivados da vacina.

"Vale ressaltar também que, recentemente, por todo o cenário que já foi exposto, encaminhamos um documento para o Programa Nacional de Imunizações e para a Vigilância em Saúde, sugerindo o planejamento da retirada da vacina de vírus atenuados do calendário nacional de imunizações, além da inclusão da quarta dose da vacina de vírus inativados", concluiu.

O webinário contou ainda com a participação de representantes das mais diversas sociedade médicas, mediados pela coordenadora da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos, Maria de Lourdes de Sousa Maia. Todos, sem exceção, defenderam as ações para recuperação das coberturas vacinais, assim como a implementação da vacina inativada da poliomielite em substituição à vacina de vírus vivos atenuados, além de ressaltarem a importância da comunicação como forma de incentivar a população e os agentes de saúde a buscarem uma cobertura vacinal mais efetiva.

"É importante que estas informações cheguem na ponta, para que as pessoas entendam a gravidade da situação e o que cada um de nós pode e deve fazer para reverter este cenário, seja como sociedade, seja como indivíduo", defendeu Maria de Lourdes.

 

A primeira edição o ISI Webinar Series teve apoio da Sanofi e a íntegra pode ser assistida aqui

 

Jornalista: Thais Christ. Imagem: Guido.

 

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