Bio-Manguinhos lança o ISI Webinars Series e a primeira edição do evento tem como tema “Poliomielite no Brasil: desafios na cobertura vacinal para conter a possível reemergência”.

A iniciativa segue a linha de atuação do International Symposium on Immunobiologicals (ISI), também promovido pelo Instituto, com o intuito de acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras para a saúde pública.

Além disto, são dois os focos complementares: o aprofundamento das discussões apresentadas nas mesas do ISI, cuja quinta edição ocorreu em maio, e apresentar temas de interesse urgentes a serem discutidos no período entre as edições do Symposium, que são anuais.

Para debater o tema, estão confirmadas as presenças do secretário de Vigilância em Saúde (SVS-MS), Arnaldo Correia de Medeiros; da integrante da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Thaís Minuzzi; do membro da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais José Geraldo Leite e da pesquisadora da Fapesp Luiza Helena Falleiros; da vice-diretora de Qualidade de Bio-Manguinhos, Rosane Cuber; do assessor científico sênior do Instituto, Akira Homma; e da coordenadora de sua Assessoria Clínica, Maria de Lourdes Sousa Maia.

Também apresentarão seus posicionamentos a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), através de Juarez Cunha; Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com Luciana Rodrigues da Silva; Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), com Clovis Arns; Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), com Pedro Vasconcelos; Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), com Flavio Guimaraes da Fonseca; Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI), com Leticia Brito Sampaio; a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), com Emanuel Sarinho; e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASC0), com Gulnar Azevedo e Silva.

A programação completa pode ser conferida aqui.

As inscrições para o evento podem ser feitas aqui.

Poliomielite, ainda um desafio

A poliomielite é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus (inicialmente dos sorotipos 1, 2, 3, dos quais apenas o de tipo 1 continua circulando), podendo infectar crianças e adultos por via fecal-oral (através do contato direto com as fezes ou com secreções expelidas pela boca das pessoas infectadas).

Os casos de poliovírus selvagem diminuíram em mais de 99% desde 1988, quando foram estimados 350 mil casos em mais de 125 países endêmicos. Das três cepas de poliovírus selvagem (tipos 1, 2 e 3), o poliovírus selvagem tipo 2 foi erradicado em 1999 e o de tipo 3 foi declarado erradicado em 2019.

Toda esta conquista se deve ao uso das vacinas e a realização de campanhas de imunização. Em 1994, a região das Américas foi a primeira no mundo a ser certificada como livre da pólio. No momento, há apenas dois países – Paquistão e Afeganistão – onde o poliovírus selvagem ainda circula. O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP).

Até que a poliomielite seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, dentre outras medidas.

Este perigo, aliás, aumentou no período recente. "Embora os casos de poliomielite tenham caído 99,9% desde 1988, ela continua sendo uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) e as persistentes barreiras para se alcançar todas as crianças com a vacinação contra a poliomielite, mais a pandemia, contribuíram para um aumento nos casos. No ano passado, foram registrados 1.226 casos de todas as formas de pólio, em comparação com 138 em 2018". Em 2020, aliás, a GPEI se viu obrigada a interromper as campanhas "porta a porta" de vacinação contra a pólio por quatro meses, diante da pandemia da COVID-19”, afirmou em 10 de junho a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio (GPEI, na sigla em inglês).

Pólio no Brasil

No Brasil, a doença é conhecida desde o início do século XX, mas só passou a chamar a atenção da opinião pública na década de 1950, quando epidemias atingiram algumas das principais cidades do país. Demoraram-se cerca de 30 anos até que, a partir de 1980, a poliomielite - a partir de intervenções e iniciativas internacionais de controle e erradicação - passou a ser combatida pelo setor Saúde no Brasil.

Isso se deve em parte à novas estratégias de imunização, como a das mobilizações nacionais em dias específicos – necessária para gerar a imunidade coletiva no caso do uso da vacina oral – e também a produção da vacina, orientada estrategicamente pelo Estado brasileiro para Bio-Manguinhos, laboratório público da Fiocruz, portanto do Ministério da Saúde.

Em 1981, foi firmado um acordo de cooperação técnica entre os governos do Brasil e do Japão, tendo como objetivo a transferência de tecnologia de produção das vacinas contra sarampo (Biken Institute) e poliomielite (Japan Poliomyelitis Research Institute) para Bio-Manguinhos, que passou a fornecer ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) as doses necessárias para a realização das campanhas de mobilização e vacinação.

Em 1989, ocorreu o último caso de poliomielite por vírus selvagem no Brasil, no município de (PB), e em 1994 o Brasil obteve o certificado da Opas da eliminação da poliomielite.

No entanto, observa-se uma queda da cobertura vacinal na última década, estando abaixo da cobertura necessária na maioria dos anos:

cobertura polio 2021 

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Divulgação.

 

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