Publicado em 11 de junho, o estudo Testing the genomic stability of the Brazilian yellow fever vaccine strain using next-generation sequencing data comprova a estabilidade genômica da vacina de febre amarela produzida em Bio-Manguinhos.

O trabalho, fruto de parceria entre o Instituto e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), comprova a “qualidade da nossa vacina através da análise da estabilidade genética do genoma viral da cepa 17DD”, afirma o assessor de Inovação Tecnológica Marco Alberto Medeiros.

“Em reunião da pós-graduação em Nanobiossistemas no campus Xerém da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), debatemos com a Dra. Ana Tereza R. de Vasconcelos, pesquisadora do LNCC, a ideia de fazer estudo sobre esta estabilidade da nossa vacina de febre amarela”, comenta Medeiros. A ideia ocorreu e foi executada em 2019, e em 2020, já durante a pandemia, o artigo começou a ser escrito.

“No estudo formulamos a hipótese de monitorar vários lotes vacinais produzidos ao longo de 11 anos, para demonstrarmos a estabilidade vacinal quando na comparação com os lotes sementes primário e secundário, usados neste período, além do novo lote semente de trabalho estabelecido em 1999, resume o assessor de Inovação Tecnológica.

No trabalho foram utilizados tanto o sequenciamento genômico dos lotes quanto análises de bioinformática. Segundo Medeiros, isto foi possível devido ao vírus de febre amarela possuir RNA e não DNA, o que gera a possibilidade de haver mutações e impactar na qualidade da vacina.

“Nós montamos e anotamos a sequência genética total de 20 lotes da vacina 17DD. Nossos resultados de diversidade genética forneceram insights inestimáveis sobre a viabilidade e estabilidade da cepa 17DD. A estabilidade genética da 17DD pode ser vinculada ao sistema de lote-semente, estabelecido em 1942, e utilizado deste então para produção da vacina e o resultado é a demonstração de um complexo de replicação de alta fidelidade no genótipo YFV atenuado", complementa.

‘Lupa’ na Febre Amarela

Com mais de 80 anos desde o início de sua produção, a vacina de febre amarela continua sendo alvo de pesquisas e foco de atenção de Bio-Manguinhos. “A febre amarela é um grande problema não apenas no Brasil como no mundo. Temos surtos aqui, na África, então ela continua sendo um grave problema de saúde pública e que continuará existindo, devido ao ciclo silvestre. Enquanto existirem o vetor (mosquitos) e os primatas não-humanos (macacos) mantendo o vírus em circulação, não consigo vislumbrar a erradicação da febre amarela”, alerta o assessor científico sênior de Bio-Manguinhos, Akira Homma.

Por isto, alerta Homma, “continua sendo importante buscar o melhor entendimento e ter mais dados sobre a vacina que estamos produzindo”.

De acordo com o assessor científico sênior, Bio-Manguinhos é uma das instituições que mais realiza pesquisas com a vacina de febre amarela. Duração de imunidade, diluição e fracionamento de doses, marcadores genéticos em indivíduos que desenvolvem EAPVs graves após serem vacinados, concentração viral da dose padrão são alguns dos temas sobre os quais a instituição tem se debruçado nos anos recentes, por exemplo.

“Considero um avanço significativo a publicação de mais este estudo, e entendo que precisamos validar esta metodologia. A tecnologia de análise genômica veio para ficar, e a possibilidade de redução de custos na análise de RNA permitirá talvez que a gente a adote e fortaleça como uma metodologia de controle de qualidade, inclusive”, complementa Homma.

 

Acesse a íntegra do estudo Testing the genomic stability of the Brazilian yellow fever vaccine strain using next-generation sequencing data


Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Bernardo Portella.

 

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