A iniciativa Saúde Amanhã publicou o Texto para Discussão "Possíveis cenários epidemiológicos para o Brasil em 2040". De autoria do vice-diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa; e do docente da Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho, o material foi apresentado durante o seminário “O Brasil depois da Pandemia: Riscos, Adoecimento e Morte no Século XXI - desafios para o Sistema de Saúde”, realizado em 17 de maio de 2021 na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

De acordo com os autores, o Brasil apresenta perfil epidemiológico com “sobreposição de problemas de saúde muitas vezes no mesmo território: persistência de alguns agravos transmissíveis e ocorrência de ciclos epidêmicos de outros; peso importante, e crescente, na morbidade e na mortalidade das doenças crônicas não transmissíveis; e alta ocorrência de acidentes e violências”.

Aponta o documento:

“É possível que essa complexidade no cenário da saúde seja ampliada, com a emergência de novas doenças transmissíveis com potencial epidêmico importante, assim como as desigualdades sociais e nos indicadores sanitários, caso o acesso às novas tecnologias em saúde não ocorra de forma equitativa nos próximos anos. A emergência de uma doença transmissível que tenha capacidade de rápida disseminação pode alterar, na mesma velocidade, o perfil do adoecimento e do óbito na população, ao mesmo tempo que tem o potencial de modificar, inclusive de forma drástica, as próprias relações sociais e impactar a economia.

Outras condições que podem alterar as tendências previstas para ocorrerem nos indicadores de saúde nas próximas duas décadas dizem respeito à capacidade do SUS de ampliar o efetivo acesso da população, particularmente o dos grupos mais vulneráveis que enfrentam barreiras históricas e estruturais, como as populações pobres da periferia das grandes cidades, populações de áreas rurais, afrodescendentes, indígenas, entre outros. Ações de triagem realizadas, por exemplo, poderiam produzir uma importante redução da taxa de mortalidade por câncer colorretal entre pessoas com mais de 50 anos, de 25% a 30% na mortalidade de câncer de mama entre mulheres com mais de 50 anos e na mortalidade por câncer de colo de útero entre mulheres com mais de 18 anos”.

Ao analisar o cenário para o futuro, Barbosa e Ramalho ressaltam que:

“As estimativas para 2040 também poderão apresentar alterações nas suas tendências pela influência de condicionantes como as políticas governamentais. As causas externas de mortalidade, que compreendem os acidentes e violências, por exemplo, necessitam de uma abordagem multissetorial capaz de gerar políticas públicas que reduzam os níveis ainda alarmantes encontrados no país. Nesse sentido, é preocupante verificar que vêm sendo adotadas medidas legais e regulatórias, como a facilitação de aquisição e porte de armas e a maior tolerância com condutores de veículos que transgridem as normas de trânsito. Essas medidas podem reverter as tendências de melhoria dos índices ainda elevadíssimos de mortes por homicídios e acidentes de trânsito."

 

Acesse a íntegra do documento.

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Kjpargeter, Freepik.

 

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