vacinas autoctones bio manguinhos fiocruz vacina covid19 coronavirus corona virusA Federação Brasileira de Bancos (Febraban) promoveu, dia 7 de abril, o evento “O Cenário da Vacina no Brasil”, para debater sobre os imunizantes da COVID-19 no país. Mauricio Zuma Medeiros, diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz e Ricardo Palacios, diretor médico de Pesquisa do Centro de Ensaios Clínicos e Farmacologia do Instituto Butantan tiraram dúvidas sobre como está a produção nos dois institutos. O evento, ocorrido no Dia Mundial da Saúde, teve moderação de João Borges e Mona Dorf, da Febraban.

Zuma começou explicando quanto ao cronograma de entrega de doses. “Temos trabalhado intensamente para escalonar nossa produção, que é um processo complexo e muito regulado. Chegamos, nas últimas duas semanas, a produção de 900 mil doses por dia. Elas acabam demorando para chegar na ponta por conta dos procedimentos de qualidade. Já entregamos 8,1 milhões de doses. Esta semana, entregaremos mais 2 milhões de doses e a partir da semana que vem, essas doses chegarão na ponta”.

Ele frisa que para garantir a segurança e a qualidade do produto, existem requisitos a serem seguidos. “É uma tecnologia totalmente nova, de vetor viral, por isso levou um pouco mais de tempo para ser escalonada. Nós estamos seguindo o cronograma mais acelerado possível. Estamos trabalhando em duas linhas de produção, sendo dois turnos em uma linha e um turno da outra linha. Para implantar o segundo turno na segunda linha precisamos realizar testes e com isso parar a produção durante 3 dias. Não é possível envasar 24h por dia porque é preciso limpar e esterilizar equipamentos. Mas, estamos trabalhando na velocidade máxima que podemos. Estamos estudando a entrada de novas linhas mais para frente. Isso não pode ser agora porque temos entregas de outras vacinas como tríplice viral, poliomielite, etc”, detalhou.

O diretor reafirmou que o acordo de entregar 100,4 milhões de doses até julho ao PNI continua valendo. Ele comentou também sobre os projetos de vacinas próprias que estão sendo desenvolvidos em Bio-Manguinhos. “Estamos investindo em quatro projetos de vacinas de COVID-19 e analisando os mais viáveis. São dois projetos de vacinas autóctones (uma sintética e outra de subunidade) e dois projetos com parcerias internacionais. Uma delas é sintética com uma empresa inglesa e que está em estudo clínico de fase 1 na Suíça. A outra é com uma empresa americana e outra brasileira, com tecnologia de ácido nucleico e está para entrar em estudo clínico de fase 1. Nós no Brasil temos mais dificuldades que as farmacêuticas internacionais e, por isso, precisamos avançar em novas alternativas de médio e longo prazo também, não só atender as urgências à curto prazo. O Brasil tem a Fiocruz e o Butantan que possuem grande capacidade de produção. Somos o único na América Latina com essa capacidade. Precisamos dominar prontamente as novas tecnologias para nos tornar autossuficientes”.

Quanto a ajudar os outros países da América Latina, Zuma contou que Bio já exporta vacina de febre amarela e de meningite ACW para 75 países. No entanto, a intenção inicial é vacinar os brasileiros e, mais para frente, exportar para outros países. “Hoje, ainda dependemos do IFA, mas a transferência de tecnologia será concluída no segundo semestre justamente para termos autonomia. O primeiro lote totalmente nacional será em outubro e entregaremos 110 milhões de doses ao final do segundo semestre. Nós estamos com as instalações prontas para receber a ANVISA na última semana de abril para recebermos o CTO (Certificado de Condições Técnico-Operacionais). Esperamos que em maio nós já estejamos produzindo os lotes de validação, lotes nacionais”.

Pelo fato da pandemia estar em seu momento mais crítico, o que pode ser feito além da vacinação? Zuma responde que o distanciamento social, uso de máscaras e higiene pessoal ainda são necessários. “Vacina sempre será o melhor para conter as epidemias, mas ainda não temos quantidades suficientes. Não conseguiremos diminuir mortes e internações só com vacina. A população precisa saber conviver com essas medidas para diminuir o número de casos. A população precisa estar consciente do seu papel, seguindo as recomendações sanitárias”.

O aumento de casos está ligado ao aparecimento de novas variantes do vírus e os moderadores perguntam a relação com as vacinas. O diretor destacou que já foram feitos estudos que comprovaram que a vacina de Oxford é eficaz contra a variante P1 e estão sendo feitos outros estudos na Inglaterra e no Brasil com relação às outras variantes. “Mas, avançar com a vacina que temos ainda é a prioridade. Vacinando 70% da população é que vamos começar a diminuir a circulação do vírus. Isso só com a vacina, por isso, devemos utilizar de todas as ferramentas que temos para combater o vírus”, concluiu Zuma.

Assista ao evento completo aqui.

 

Jornalista: Gabriella Ponte. Imagem: Paulo Schueler.

 

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