Bio-Manguinhos esteve representado no Congresso Virtual da Universidade Federal da Bahia pela médica da Assessoria Clínica, Tatiana Noronha. Ela esteve ao lado do ex-ministro da Saúde (2007-2011), José Gomes Temporão, e do médico da UFRJ, Roberto Medronho, na mesa “Ciência à serviço da população: o processo de desenvolvimento de medicamentos e vacinas”.

O moderador Antonio Claudio da Nóbrega, reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), reforçou na fala de abertura a importância da ciência como um elemento fundamental do convívio social e do desenvolvimento humano e econômico do mundo como um todo, destacando que o método científico é o que diferencia os textos e ensaios das evidências universalmente aceitas.

Medronho fez um breve histórico de estudos de intervenção, citando Edward Jenner na descoberta da vacina; apresentou os avanços da microbiologia, até chegar no surgimento dos órgãos reguladores e dos estudos randomizados. E destacou a valorização da ciência e tecnologia nacionais, em detrimento das grandes farmacêuticas. “Estima-se que apenas uma nova droga em cada 10 mil atinge a fase de estudos clínicos na indústria farmacêutica. No máximo 20% das que chegam a ensaios clínicos são comercializadas. Ou seja, há muitas incertezas. Uma verba altíssima é empregada na propaganda desses medicamentos para cobrir os gastos dispendidos no desenvolvimento de um medicamento. Não podemos ficar à mercê das grandes farmacêuticas, precisamos cada vez mais valorizar nossa ciência, tecnologia e inovação”, afirmou.

Tatiana, em seguida, falou sobre a ciência voltada para o desenvolvimento de medicamentos e vacinas à população. Abordou a importância do SUS e do Programa Nacional de Imunizações (PNI/MS), que “atravessou diversos governos com um importante papel no controle de diversas doenças imunopreveníveis e da mortalidade infantil”. Segundo ela, é preciso fortalecer o desenvolvimento autóctone na produção de vacinas nos laboratórios públicos, citando Bio-Manguinhos e Butantan, em parceria com outras instituições, para que haja uma atuação nacional em toda a cadeia produtiva.

Tatiana afirmou que a pandemia da COVID-19 chamou a atenção da comunidade para o desenvolvimento rápido de medicamentos e vacinas. “Isso é discutido há bastante tempo e sabemos que instituições como universidades, centros de pesquisa, agências de fomento e laboratórios precisam unir esforços para termos um desenvolvimento cada vez mais acelerado de produtos com qualidade e eficácia”.

Temporão fechou a mesa defendendo uma maior autonomia do país no campo da saúde pública. “Temos grande dependência tecnológica dos países desenvolvidos. Importamos 90% dos princípios ativos que utilizamos na produção de medicamentos, principalmente da China e Índia. Houve uma perda brutal de autonomia. Falta um projeto nacional de desenvolvimento que veja a saúde como parte do desenvolvimento da nação e que estimule a construção de uma capacidade industrial, científica e tecnológica”, afirmou. Para ele, o mais importante para se discutir agora é a vulnerabilidade tecnológica do SUS, que ficou evidente com a necessidade de importar o IFA da China e também os equipamentos no início da pandemia, como respiradores pulmonares e EPIs.

 

Jornalista: Rodrigo Pereira. Imagem: Bernardo Portella

 

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