O site 360 meridianos publicou o artigo "carnaval do fim do mundo: como a gripe espanhola revolucionou a folia carioca", de Rafael Sette Câmara, em quer descreve:

 

“O carnaval de 1919 foi digno do Rio de Janeiro e do primeiro ano em que a humanidade, após tantos horrores, passa a gozar de uma nova era de paz”. Assim o jornal A Noite noticiou o fim da folia, no dia 5 de março, quarta-feira de cinzas. Também naquela data, o Correio da Manhã afirmou que o carnaval tinha sido “de um brilhantismo sem precedentes”.

Para o brasileiro, diziam os jornais, o carnaval é a festa que dá força e “liberta da tristeza que passamos o resto do ano”. E, pelo tamanho da tristeza enfrentada em 1918 com a epidemia de Gripe Espanhola, a folia de 1919 tinha mesmo que ser eterna – ou perto disso. Anos depois, escritores, jornalistas e compositores descreveriam o carnaval da gripe espanhola como uma profunda redenção, uma festança dos sobreviventes que tinham se vingado, enfim, da morte. E olha que boa parte dos foliões estava careca, literalmente, por conta da doença.

O mundo em 1918: Primeira Guerra e Gripe Espanhola

Todo o planeta respirava aliviado no começo de 1919. Três meses antes, no dia 11 de novembro, foi encerrada a Primeira Guerra Mundial, conflito que teve oito milhões de mortos. Também foi nessa época o pico da epidemia de gripe espanhola, vírus ainda mais implacável que o conflito e que deixou entre 20 e 50 milhões de mortos em todo o mundo. Só no Brasil foram 40 mil vítimas, sendo 15 mil delas no Rio de Janeiro.

Para Ricardo dos Santos, pesquisador da Fiocruz, o número de vítimas no Brasil nem foi tão elevado para padrões da época, já que cidades como o Rio de Janeiro conviviam com constantes epidemias de outras doenças e grandes problemas sanitários. “Morriam 15 mil pessoas de outras doenças, por ano, no Rio daquela época. Mas não num espaço tão curto de tempo ou de forma tão dramática, impossibilitando até os rituais que acompanhavam a morte”, diz ele.

Houve colapso do sistema de saúde, falta de leitos e abertura de hospitais de campanha. O sistema funerário também não deu conta da demanda – faltavam caixões, coveiros eram recrutados aleatoriamente, velórios foram proibidos e milhares de brasileiros acabaram em valas coletivas. No Rio, corpos eram largados no meio das ruas e dentro de bondes, um cenário assustador e que lembra o que ocorreu em 2020 em Guayaquil, no Equador, em consequência do coronavírus e da COVID-19.

Nelson Rodrigues, que tinha acabado de fazer seis anos quando o vírus chegou ao Rio, guardou memórias terríveis da epidemia. Nos anos 1960, ele escreveu duas crônicas sobre o assunto, publicadas no Correio da Manhã e mais tarde incluídas no livro “Memórias: A menina sem estrela”."

 

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Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Revista Careta. Acervo da Casa de Rui Barbosa.

 

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