Para levar informações e apresentar a atuação da Fiocruz, mais especificamente a de Bio-Manguinhos, no enfrentamento da pandemia da COVID-19 aos magistrados do Tribunal Regional do Trabalho – 1ª Região (Rio de Janeiro), as vice-diretoras de Gestão e Mercado, Priscila Ferraz; e de Qualidade, Rosane Cuber; foram convidadas para participar do XI Fórum de Gestão Judiciária.
O evento virtual intitulado “Conhecendo a COVID-19” aconteceu na manhã do dia 13. As diretoras apresentaram a história da Fiocruz e em especial as iniciativas de Bio-Manguinhos no enfrentamento da pandemia, trazendo os desafios da gestão pública e da internalização da tecnologia da vacina COVID-19. Priscila mostrou a atuação histórica do Instituto em emergências sanitárias anteriores, como a da meningite em 1976, febre amarela em 1998 e 2017 e a de sarampo, mais recentemente, além de outras. “Isso demanda uma capacidade instalada e operacional para fazermos mudanças em nossa rotina e darmos respostas diante de uma crise sanitária. E nessa pandemia não foi diferente”, afirmou. Ela falou da mobilização interna dos especialistas de Bio-Manguinhos para acompanhar, ainda no começo da pandemia, as iniciativas em andamento no mundo, citando o forte trabalho de prospecção tecnológica feito por um grupo de trabalho.
Internamente, e de forma efetiva e rápida, as respostas da unidade começaram no campo do diagnóstico, com o Kit Molecular Sars-CoV-2. “Entregamos esse kit oito dias depois do primeiro caso confirmado no Brasil, em março. Tínhamos uma experiência acumulada nesta área que junto com com as competências instaladas, nos permitiu termos uma produção nacional desse kit de diagnóstico molecular. Chegamos ao final do ano com quase 5 milhões de testes entregues ao Ministério da Saúde”, explicou.
E não foi só. Bio-Manguinhos assumiu, no âmbito da Fiocruz, um papel muito central na coordenação da cadeia de testagem molecular do país, por meio das unidades de apoio ao diagnóstico. Ela citou ainda o teste rápido de diagnóstico e a participação no estudo clinico Solidarity, conduzido no Brasil pela Fiocruz, no qual Bio faz a logística de distribuição dos medicamentos. Foram colocados também os inúmeros desafios trazidos pela pandemia na gestão da unidade: o acesso a financiamentos e investimentos; plano de convivência que precisou ser implantado; as novas formas de gestão de pessoas e métodos de trabalho; a necessidade de fortalecer a comunicação; criação de grupos de trabalho e de discussão; dentre outros.
Rosane Cuber mostrou a mobilização mundial em torno de uma vacina. Em fevereiro, havia 21 projetos em fase pré-clínica; em maio, eram 125, com dez vacinas já em fase clínica; em outubro existiam 42 vacinas em fase clínica e 151 projetos em estudos pré-clínicos. “Esses números mostram a intensa atividade de pesquisa ao redor do mundo, ao longo de 2020”, afirmou. Esses números também são resultado de uma série de iniciativas adotadas em todo o mundo, como a opção pelo open science, ou seja, a publicação aberta dos resultados das pesquisas; muitas oportunidades de financiamento (aceleradores de projetos); parcerias estratégicas entre instituições e entre instituições e governos; desenvolvimento acelerado (fast track); etc.
Ela comentou também a submissão contínua e o paralelismo das fases clínicas, para acelerar a obtenção de um imunizante. “Estamos fazendo a submissão contínua do registro. À medida que os resultados dos estudos saem, enviamos à Anvisa, que os analisa. Isso está acontecendo no mundo inteiro. As fases dos estudos clínicos começaram a ser paralelizadas. Não há pulo de fases, mas projetos simultâneos. Por isso, a necessidade de estar sempre alimentando as agências conforme as fases avançam”, explicou, acrescentando que este é um trabalho inédito de laboratórios e órgãos regulatórios, motivado pela pandemia.
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Jornalista: Rodrigo Pereira. Imagem: Bernardo Portella, Bio-Manguinhos/Fiocruz.