A primeira edição de 2021 do Boletim do Observatório COVID-19 Fiocruz traça um panorama da pandemia no Brasil ao longo das semanas epidemiológicas de 2020. A publicação faz um balanço que começa na semana epidemiológica 9, que abrange a data do primeiro caso de COVID-19 no país, em 26 de fevereiro, até a de número 53, de 27 de dezembro a 2 de janeiro.
Ao longo dessas 44 semanas epidemiológicas foram contabilizados 7.714.819 casos e 195.742 óbitos. A edição especial recorda que as dimensões continentais, a heterogeneidade, as imensas desigualdades sociais e as iniquidades em saúde verificadas no país são grandes obstáculos no cenário atual e também o serão na futura situação de pós-pandemia. E destaca que o SUS, que tem a equidade em saúde como um de seus princípios fundamentais, exerce um papel imprescindível no enfrentamento da pandemia.
Ao longo de 2020, mesmo que as medidas de contenção tenham sido muito importantes, não foram suficientes para trazer a incidência de SRAG a níveis baixos e mesmo após um período de redução esteve sempre em níveis altos em todos os estados. Em relação a óbitos, se observa números muito expressivos no início da pandemia, quando houve uma pressão no sistema de saúde, ainda sem a preparação devida. O Boletim faz uma análise, ilustrada com gráficos, dos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) em 2020.
Outro texto da edição é focado exatamente na questão da equidade em saúde e reforça que não há saúde para alguns se não houver saúde para todos. Na condição de um dos dez países com maiores índices de desigualdades socioeconômicas, o Brasil precisa encarar esse desafio adicional no enfrentamento da pandemia e romper com o ciclo vicioso de retroalimentação das desigualdades sociais. Este texto destaca, por meio de hiperlinks, temas publicados em boletins anteriores e importantes na resposta à pandemia que tem a ver com o enfrentamento das desigualdades e as questões relacionadas à equidade.
A nova edição do Boletim alerta para o fato de que, como muitos grupos sociais apresentam grande desvantagem para cumprir as medidas de higienização, distanciamento físico e social, isolamento e quarentena, e também têm dificuldades no acesso aos serviços de saúde, não haverá saúde para alguns se não houver saúde para todos e todas. Este número especial traz ainda uma linha do tempo que reúne os principais fatos e acontecimentos da Covid-19 no Brasil, de 28 de janeiro a 31 de dezembro. A retrospectiva inclui o número de casos e mortes no país e no mundo, mês a mês.
Segundo o Boletim, a disponibilidade de leitos de UTI Covid-19 existentes (SUS e não SUS) para adultos por 10 mil habitantes nos estados tem se mantido estável. De 21 de dezembro a 4 de janeiro, dados do CNES indicam somente uma pequena redução no indicador no Ceará e pequenos incrementos no Amazonas, Minas Gerais, Paraná e Tocantins. No período indicado, nove capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 para adultos de pelos menos 80%: Manaus (89,4%), Boa Vista (83,3%), Macapá (94,4%), Belém (100,0%), Belo Horizonte (80,5%), Vitória (80,1%), Rio de Janeiro (99,8%), Curitiba (80,0%) e Campo Grande (100,0%). Somam-se a elas ainda, com taxas superiores a 70,0%, Recife (77,5%) e Porto Alegre (73,8%).
Este Boletim Especial dedicado a 2020 e todas as edições anteriores estão disponíveis no site do Observatório e na Agência Fiocruz de Notícias, oferecendo um panorama geral do cenário epidemiológico com indicadores-chave para monitoramento da situação em estados e regiões. As demais ações, relatórios e notas técnicas desenvolvidas pelo Observatório COVID-19 podem ser acessadas aqui.
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Fonte: Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias). Imagem: Luckystep, Freepik.