Em 2020 foram celebrados os 10 anos da introdução da vacina Pneumocócica 10-valente conjugada (VPC-10) no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Para comemorar a data, foi realizado em 10 e 11 de dezembro o webinário “10 anos da Vacinação Pneumocócica no Brasil - Passado, Presente e Futuro”. Além de celebrar os 10 anos de fornecimento da VPC-10 ao SUS, o evento também fez um balanço do impacto desta vacinação na saúde da população brasileira, bem como reforçou a importância da cobertura vacinal no combate a doenças preveníveis por imunização, como a doença pneumocócica invasiva e a otite média aguda, alvos da VPC-10.

Abrindo o evento, Akira Homma, assessor científico sênior de Bio-Manguinhos e uma das vinte pessoas mais influentes na indústria de vacinas do mundo, falou sobre a importância da VPC-10 no cenário da saúde infantil. “Essa é uma vacina de muita importância e tecnologia de ponta que hoje nós temos. Vocês vão ver ao longo das apresentações o impacto que essa vacina causou na diminuição da morbidade, hospitalização e mortalidade das crianças de até cinco anos no nosso país”, ressaltou.

Esse impacto ficou bastante claro durante a apresentação do Dr. Eitan Berezin, chefe do setor de infectologia Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que mostrou resultados de estudos nacionais e internacionais que demonstram os reflexos na incidência da doença pneumocócica invasiva a partir da adoção das VPCs. “A utilização das vacinas pneumocócicas promovem não somente uma redução expressiva dos casos de pneumonia pneumocócica e doenças pulmonares invasivas, como também a redução de cepas resistentes à penicilina e do estado de portador, o que também confere proteção a outras faixas de idade além da indicação das vacinas”, explicou.

Na sequência, a Dra. Aline Almeida, do grupo técnico de análise e informação do PNI, representando Francieli Fontana, Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, apresentou um panorama da cobertura vacinal no Brasil desde a década de 80 até os dias atuais. “A gente veio em um crescente das coberturas vacinais, desde a implementação do PNI; tivemos um período de estabilidade da maioria dos imunobiológicos entre 1997 e 2012, e, a partir de 2013, começa a haver um declínio nas coberturas vacinais globais”, apontou. Ela ainda chamou a atenção para o fato de que este ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a expectativa é que esta cobertura caia ainda mais. “Segundo o UNICEF, mais de 117 milhões de crianças em 37 países podem deixar de receber a vacina que protege contra o Sarampo, por exemplo”, alertou.

O segundo dia do evento teve início com uma apresentação da Dra. Tatiana Noronha, da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos, que dissertou sobre o impacto da vacinação pneumocócica no cenário brasileiro, apresentando estudos clínicos e de vigilância laboratorial realizados ao longo destes dez anos para avaliação da efetividade da vacina no controle das doenças pneumocócicas invasivas derivadas dos sorotipos contemplados na PCV10. “Há uma clara redução no número de registros tanto da doença pneumocócica invasiva quanto das não-invasivas, como a otite média aguda, quando consideramos os períodos pré e pós introdução da vacina PCV10 no calendário vacinal brasileiro”, demonstrou.

Fechando o ciclo de apresentações, a Dra. Ana Luiza Bierrenbach, pesquisadora e orientadora da pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, apresentou alguns estudos de vida real realizados no Brasil, relacionando as VPCs e a doença pneumocócica não invasiva (Pneumonia e Otite Média Aguda). “Quando começamos estes estudos queríamos medir a efetividade e o impacto da vacinação com VPC10 no cenário brasileiro considerando o período pré e pós introdução da vacina PCV10. Com o apoio de diversos grupos de estudos, pudemos verificar que após três anos da introdução da VPC10, houve uma redução significativa da taxa de hospitalização por pneumonia, principalmente em menores de 2 anos, que é o grupo focal do plano de imunizações pela vacina no PNI”, concluiu.

O encerramento foi feito pela coordenadora da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Maria de Lourdes Sousa Maia, que chamou atenção para a importância da manutenção das coberturas vacinais adequadas e homogêneas, a fim de dar continuidade ao impacto positivo observado até agora, convocando a sociedade e coordenadores de imunizações, para uma luta contra as baixas coberturas vacinais. “Nosso querido programa está em um momento em que precisa dos nossos guerreiros do SUS, que estão na ponta do processo e que podem virar essa página”, exaltou.

Desde 2010 a vacina Pneumocócica 10-valente conjugada (VPC-10) é fornecida gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) como parte do calendário vacinal infantil preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). O fornecimento ao PNI é garantido pela produção de Bio-Manguinhos, que, até hoje já entregou mais de 117 milhões de doses da VPC10 ao SUS.

 

Jornalista: Thais Christ. Imagem: Bernardo Portella

 

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