A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, participaram na quarta-feira (02/12) de audiência na Câmara dos Deputados em que apresentaram um balanço das ações da Fiocruz na pandemia de COVID-19.

O evento, realizado por videoconferência, foi organizado pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados destinada a acompanhar o enfrentamento à pandemia da COVID-19 no Brasil, tendo como coordenador o deputado Luiz Antonio Teixeira Junior (PP-RJ) e como relatora a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC). À tarde, a Câmara votaria a Medida Provisória que libera recursos para a vacina de Oxford contra a COVID-19.

“Temos perspectivas animadoras relacionadas às vacinas, importantes instrumentos de saúde pública. Mas os desafios também são grandes neste momento, em que verificamos aumento do número de casos em muitos estados. É um momento de preocupação e também de reflexão, para nos prepararmos para o próximo ano, fortalecidos pelas respostas positivas dadas pelo SUS e pelas instituições de ciência”, disse a presidente da Fiocruz. Segundo Nísia, o conjunto das ações realizadas pela Fundação ao longo da pandemia pode ser dividido em seis eixos prioritários: diagnóstico; assistência à saúde; inovação; pesquisa; apoio às populações vulnerabilizadas; e atividades educacionais.

A presidente lembrou que há muitas perguntas ainda sem resposta sobre o novo vírus, mas enfatizou a atuação do sistema de ciência e tecnologia e sua aplicação no SUS. Destacou o sequenciamento do vírus e o monitoramento de possíveis mutações, a oferta de testes moleculares, a implantação de plataformas de exames e a capacitação de laboratórios. Ressaltou a importância não só do Centro Hospitalar, mas também das ações de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde. Comentou os vários treinamentos e esforços em educação a distância voltados aos trabalhadores da saúde, em especial, neste momento, àqueles envolvidos na construção do plano de imunização. E mencionou, ainda, a integração de dados sobre a pandemia, com a constituição de redes e observatórios, e o apoio à vigilância em saúde. Com foco no futuro, falou do importante passo que está sendo dado para a implantação do Novo Centro de Processamento Final do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no campus de Santa Cruz, no Rio de Janeiro (RJ).

O trabalho na pesquisa de vacinas e medicamentos foi destacado por Nísia, pontuando, por exemplo, o início dos estudos sobre o uso da BCG contra a Covid-19 e a participação no ensaio clínico Solidarity da OMS. “Estamos envolvidos nos esforços internacionais que têm sido feitos para acelerar o desenvolvimento tecnológico de vacinas, no plural, que sejam seguras e eficazes, com o compromisso de assegurar o acesso equitativo e sustentável”, afirmou Nísia.

Especificamente sobre a produção da vacina de Oxford, aguarda-se, em breve, a publicação científica dos resultados dos estudos clínicos. Com as devidas autorizações, e a partir da chegada do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) fornecido pela empresa AstraZeneca, a previsão é a entrega de 30 milhões de doses em fevereiro de 2021, com um total de 100,4 milhões de doses produzidas pela Fiocruz no primeiro semestre e, com o aporte de recursos adicionais, mais 110 milhões de doses no segundo semestre, considerando a transferência da tecnologia e a nacionalização da produção. “E considerando também a continuidade dos estudos clínicos e das ações de diagnóstico e assistência especializada”, pontuou.

A presidente da Fiocruz agradeceu o engajamento dos poderes Executivo e Legislativo para a concretização desse trabalho, em especial o papel da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, bem como a atuação do Conass e do Conasems. “A COVID-19 é um grande desafio que a Fiocruz está enfrentando nos seus 120 anos, com a mobilização de todas as esferas de governo e da sociedade”, disse.

O secretário-executivo do Conass, Jurandir Frutuoso, e o presidente do Conasems, Willames Freire Bezerra, também participaram da sessão. “É fundamental disponibilizar o orçamento adequado, pois nenhum recurso é muito quando o objetivo é assegurar saúde e segurança a todos os brasileiros por meio do SUS”, afirmou Jurandir, reforçando a importância da continuidade do trabalho de diagnóstico e pesquisa mesmo após a disponibilização da vacina. Willames citou ainda a expectativa em torno da construção do plano nacional de imunização. “Estamos trabalhando para preparar as equipes das salas de vacina, orientar os gestores e organizar os sistemas locais. Em conjunto, vamos superar os desafios e fazer a sociedade brasileira protegida”.

 

Fonte: Fernanda Marques, da Fiocruz Brasilia. Imagem: S. Salvador, Freepik

 

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