Boa parte das mulheres brasileiras não sabe que além do autoexame das mamas há outras formas de identificar e prevenir o câncer de mama. Segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o método, que já foi bastante preconizado, ajuda a conhecer o próprio corpo, mas não substitui o exame clínico das mamas.

O presidente da SBM, Vilmar Marques de Oliveira, explica que o autoexame deixou de ser recomendado em países mais desenvolvidos há mais de dez anos por não ser capaz de descobrir tumores de até 1 centímetro. Ao se autoapalpar e não identificar nenhuma alteração, a preocupação é que mulheres deixem de procurar atendimento médico e de fazer exames de detecção. Falhas neste rastreamento e a lentidão entre a confirmação e o tratamento contribuem para a mortalidade.

“O autoexame não é capaz de identificar lesões pré-malignas, lesões muito pequenas, antes de se tornarem câncer, propriamente dito, ou seja, não consegue descobrir as lesões quando elas podem ser tratadas mais facilmente”, afirma Oliveira. Segundo ele, o autoexame só é preconizado onde não existe mamografia ou outro método de diagnóstico. A Europa e Estados Unidos, por exemplo, cita, não recomendam mais o autoexame. Na Índia, onde não há mamografia acessível, o método ainda é utilizado, mas para evitar complicações do câncer de mama.

A SBM avalia que a falta de informação sobre o câncer de mama atrapalha o diagnóstico e o tratamento. Para atualizar a sociedade sobre a doença, a entidade faz uma pesquisa online. No questionário, os profissionais também querem saber se as mulheres confiam no autoexame como forma de prevenir a doença. Eles também querem identificar gargalos que atrasam o acesso aos mamógrafos e o tempo que a paciente pode ter de esperar entre a confirmação e o início do tratamento. Esse tempo, não pode passar de 60 dias por determinação legal.
“Temos alguns levantamentos brasileiros mostrando que no sistema público os tumores são diagnosticados de forma tardia e que, quando existe uma queixa, de nódulo na mama, ou existe queixa de alteração no seio, há uma demora no diagnóstico. As mulheres têm dificuldade de marcar mamografia, biópsia, agendar consulta com especialistas. Então, queremos entender, em diferentes regiões e perfis de pacientes, aprender, como agilizar as duas etapas”, explica Oliveira.

O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA) confirmam a orientação da SBM sobre o autoexame. Orientam a mulher a apalpar as mamas sempre que se sentir confortável, a qualquer tempo, sem nenhuma recomendação técnica específica ou periódica. Os dados oficiais mostram que é mais comum mulheres identificarem caroços no seio casualmente (no banho ou na troca de roupa) do que no autoexame mensal. A mudança, de acordo com o ministério, surgiu do fato de que, na prática, muitas mulheres descobriram a doença a partir de uma observação casual e não por meio de uma prática sistemática de se autoexaminar.

Outra recomendação é que mesmo sem sintomas, mulheres a partir dos 40 anos façam anualmente o exame clínico das mamas e aquelas entre 50 e 69 anos, no caso de baixo risco, se submetam a mamografia, pelo menos, a cada dois anos. Esta periodicidade leva em conta benefícios e riscos da mamografia, que é um raio-X capaz de identificar tumores pequenos. Já mulheres consideradas de alto risco devem procurar acompanhamento individualizado. Este grupo inclui aquelas com história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos.

O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente na mulher brasileira, com alta letalidade. Nesta doença, ocorre um desenvolvimento irregular das mamas, que se multiplicam até formar um tumor maligno. Os médicos não identificaram as causas precisas da doença, mas alertam para o crescente número de mulheres abaixo de 40 anos em tratamento.
Hábitos saudáveis e uma rotina de exercícios são as principais recomendações para evitar qualquer tipo de câncer. O tratamento pode variar entre cirurgia e quimioterapia.

Principais dúvidas sobre mamografia

A SBM fez uma compilação das principais dúvidas sobre mamografia e respondeu todas elas. Confira:

1. Como o diagnóstico precoce contribui para o êxito do tratamento?

O diagnóstico precoce é importante porque quanto mais cedo a mulher identificar tumores menores e sem comprometimento da axila maiores são as chances de cura. Daí a importância do rastreamento mamográfico, que possibilita identificar lesões em mulheres assintomáticas (sem sintomas) que realizam mamografia de rotina. Já os tumores detectados clinicamente são maiores (medem em média 2,6 cm) do que os achados no rastreamento mamográfico (em média 1,5 cm), além de serem mais propensos a mostrar metástases axilares (entre 18% e 45% dos casos) do que os detectados no rastreamento (entre 18% e 25%).

2. Por meio de quais exames o diagnóstico é realizado?

A mamografia é o exame mais indicado para detectar a doença precocemente, já que é capaz de identificar lesões que ainda não podem ser palpadas clinicamente (menores de 1cm). Quanto antes detectada a doença as chances de cura podem chegar a 95%.A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda realizar a mamografia anualmente a partir dos 40 anos para a população geral e, alguns anos antes, para alguns casos específicos de alto risco. As pacientes que apresentam mamas densas, com grande proporção de tecido glandular, devem realizar também a ultrassonografia mamária em conjunto com a mamografia. Em alguns casos a ressonância de mamas pode ser indicada. Na presença de alguma alteração suspeita, deve ser realizada uma biópsia.

3. Quais os principais meios de identificação da doença?

Para rastreamento do câncer de mama, recomenda-se a mamografia anualmente a partir dos 40 anos para a população geral e alguns anos antes para casos específicos de alto risco já que este exame é o mais indicado para detectar a doença precocemente, capaz de identificar lesões precoces e que ainda não podem ser palpadas. As pacientes que apresentam mamas densas, com grande proporção de tecido glandular, devem realizar também a ultrassonografia mamária em conjunto com a mamografia. Em alguns casos a ressonância de mamas pode ser indicada. Na presença de alguma alteração suspeita, deve ser realizada uma biópsia.

4. Há uma faixa etária em que o aparecimento do câncer de mama é mais recorrente?

O aumento da incidência do câncer de mama começa a partir dos 50 anos. Um estudo realizado por pesquisadores membros da SBM revelou que o risco de contrair a doença aumenta consideravelmente em mulheres na pré e pós-menopausa que apresentam ganho de gordura corporal, especialmente na região abdominal. Mas nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil e outros países da América Latina estamos vendo muitos casos em mulheres jovens. Mulheres com menos de 35 anos, inclusive.

Desta forma, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda fortemente uma alimentação saudável com pouca ingestão de gordura, açúcar e álcool, assim como incentiva a prática de atividades físicas. A origem do câncer de mama é multifatorial e, por isso, não sabemos quem terá a doença durante a sua vida, portanto todas as mulheres devem fazer exames periódicos para possibilitar a detecção precoce do câncer de mama ou, melhor ainda, detectar lesões pré-cancerosas. A partir dos 70 anos é quando mais morrem mulheres por câncer de mama.

5. Quais formas de prevenção?

Existem fatores passíveis de intervenção, ou seja, é possível prevenir o câncer mantendo o peso saudável, uma dieta balanceada, prática de atividade física, amamentação, além de não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas em excesso. Para mulheres na menopausa, é aconselhável fazer reposição hormonal apenas quando necessário, sob orientação médica. No caso de haver história familiar para câncer de mama ou ovário, o que pode e deve ser feito é uma investigação para identificar a possível presença de uma predisposição genética hereditária e, com base nesta avaliação, tomar decisões sobre intervenções redutoras de risco. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de se desenvolver a doença.

6. Qual a importância do autoexame?

O autoexame das mamas não é um procedimento preventivo. É apenas um autoconhecimento do corpo e que poderá evidenciar alguma alteração palpável, sendo o período ideal ser realizado 7 dias após a menstruação (para as que menstruam) ou escolher sempre o mesmo dia do mês (para as que não menstruam). Quando o nódulo é descoberto pelo toque, geralmente já está avançado (acima de 2 a 3 cm) e quanto mais avançado menores são as chances de cura. É importante lembrar que os exames de imagem mamária (mamografia e ultrassonografia) são indicados para identificar os nódulos não palpáveis, diagnosticados precocemente sem que a paciente apresente sintomas.

7. Informação e prevenção

O comportamento da mulher precisa melhorar. Muitas não procuram o acompanhamento médico e outras realizam exames, mas não vão buscar o resultado. O motivo também tem a ver com a falta de conhecimento, medo do diagnóstico, informações equivocadas etc. Há muitos mitos sobre o assunto e as mulheres se impressionam, se amedrontam e acabam não se cuidando preventivamente. Mas asseguro que a prevenção é o melhor caminho. Não é preciso ter medo do diagnóstico e da dor durante a mamografia.

A prevenção primária deve iniciar, de preferência, ainda jovem e refere-se a evitar o excesso de peso, especialmente na região abdominal, dar preferência a alimentos saudáveis com pouca ingestão de gordura e álcool, assim como praticar atividades físicas, principalmente os exercícios aeróbicos diariamente. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de desenvolver a doença.

 

Jornalista: Gabriella Paredes, com informações de Agência Brasil e Sociedade Brasileira de Mastologia. Imagem: Freepik

 

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