O Ministério da Saúde divulgou pesquisa com dados sobre a influência da COVID-19 na saúde mental dos profissionais que fazem parte da ação estratégica “O Brasil Conta Comigo”, iniciativa que conta com mais de um milhão de profissionais cadastrados para atuar no combate à doença em todo o país. Os questionários foram respondidos por mais de 185 mil profissionais voluntários, entre maio e julho de 2020, caracterizando o maior banco de dados do mundo em relação à saúde mental de profissionais durante a pandemia do coronavírus.
A pesquisa foi realizada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES) em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e com a Universidade de Minas Gerais (UFMG). Segundo o levantamento, 7% relataram ter diagnósticos psiquiátricos prévios, sendo os mais frequentes a depressão e o transtorno de ansiedade generalizada. Já 58,4% dos participantes estão com a presença de sintomas psicológicos e psiquiátricos abaixo da média na população brasileira. E, 12% apresentaram alta pontuação em sintomas autorrelatados, de acordo com os parâmetros populacionais brasileiros.
“É importante ressaltar que a partir desses dados levantados, através de indicadores sérios e reais, poderemos traçar estratégias eficazes para intensificar o cuidado com a saúde mental dos nossos profissionais de saúde”, destaca Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (SGTES). No que diz respeito à qualidade de vida na saúde física, que avalia sintomas como dor, desconforto, dependência de medicação ou de tratamentos, qualidade do sono e energia para o trabalho; 81,7% relataram níveis bons ou muito bons. Apenas 2% apresentaram relato de que esse aspecto da qualidade de vida necessita melhorar.
Em relação à saúde psicológica, são avaliados sentimentos positivos e negativos, autoestima, espiritualidade/religião e crenças pessoais, concentração, memória e imagem corporal. A partir destes aspectos, 76% da amostra apresenta relato de níveis bons ou muito bons. Apenas 1,1% percebe a necessidade de melhorar esse aspecto da qualidade de vida. “Podemos concluir que os profissionais que se cadastraram nesta ação estratégica contam com um alto grau de empatia, amor ao próximo e capacidade de doação, além de um capital mental com um nível muito bem trabalhado”, afirma a secretária Mayra Pinheiro.
No âmbito da percepção da segurança física e proteção, que engloba ambiente no lar, recursos financeiros, disponibilidade e qualidade dos cuidados de saúde e sociais, oportunidade de adquirir novas informações e habilidades, participação e oportunidades de recreação/lazer e ambiente físico (poluição, ruído, trânsito, clima e transporte); a amostra apresentou que 70% relataram níveis bons ou muito bons de qualidade de vida e 5,1% indicaram que esse aspecto da qualidade de vida necessita melhorar.
Para o indicador de percepção da qualidade de vida relacionada aos aspectos do meio ambiente, 88,3% da amostra apresentou relato de níveis bons ou regulares e 11,7% indicaram necessidade de melhora.
“Esse estudo foi feito por uma política de estado, que está preocupado e atento aos cuidados com a saúde mental de seus profissionais. Toda a pesquisa foi baseada em fatos reais, realizada com indivíduos que contemplam uma faixa etária entre 20 a 79 anos. É uma fonte de dados que vai frutificar internacionalmente, pois é inédita no mundo. Essa base de dados que colhemos de maneira científica, vai servir como fonte de trabalho e pesquisa para cerca de 10 a 12 anos”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva.
A pesquisa também traçou um perfil sociodemográfico dos participantes. O perfil predominante é de mulheres (80%) com idade variando entre os 20 e os 79 anos (média de 33 anos), sendo que a maioria se declara como etnia branca (61%), seguido pelos que se declaram como pardos (29%). Todos os estados e o Distrito Federal estão representados na amostra de participantes, sendo que São Paulo é o estado com mais respondentes (28,7%), seguido por Minas Gerais (9,2%) e Rio de Janeiro (9,1%).
Suporte psiquiátrico
O Ministério da Saúde também ofereceu suporte psiquiátrico aos profissionais que foram enviados através da ação estratégica, com o acompanhamento emocional, através de consultas presenciais, atendimentos online e suporte psíquico por aplicativo de mensagens, quando necessário. Desde a chegada dos primeiros profissionais de saúde ao Amazonas, o trabalho envolveu palestras de acolhimento abordando temas como resiliência, estresse e adaptabilidade, atividades em grupo como Oficinas de Inteligência Emocional, além de assistência médica especializada em psiquiatria disponível aos profissionais. O objetivo era oferecer suporte psicológico e motivacional necessário para que o trabalho dos profissionais no enfrentamento à Covid-19 fosse desenvolvido sem sofrimento emocional e sem possíveis adoecimentos psíquicos.
Para os demais locais, a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES), referenciou o Projeto TelePSI, desenvolvido pelo Ministério da Saúde e Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que presta serviços de suporte psicológico para os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à Covid-19 através de teleconsulta por meio de uma central de atendimento que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, pelo 0800 644 6543 (opção 4).
Saúde e evidências
Também foi anunciado o Projeto Saúde e Evidências, que tem como meta agregar conteúdo científico das áreas de especialização em saúde em ambiente virtual (registra-rh.saude.gov.br), fornecendo subsídios técnicos e de boas práticas para acadêmicos e residentes em saúde. A primeira edição do projeto terá como destaque a saúde mental, por meio da publicação de documentos científicos elaborados pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que contêm diretrizes brasileiras para a abordagem do comportamento suicida.
O ambiente on-line de compartilhamento de conhecimento proporciona uma assistência segura ao paciente, por meio de profissionais mais capacitados para atender as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS). O Projeto também é uma iniciativa da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) em parceria com sociedades de especialidades médicas ligadas à Associação Médica Brasileira (AMB), conselhos profissionais de saúde e com a Secretaria de Ciência, Tecnologias e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE). O projeto pretende, ainda, realizar a divulgação de congressos e eventos das especialidades, além de informações sobre os programas de residência.
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Fonte: Ministério da Saúde. Imagem: Shutterstock.