Para discutir sobre saúde mental no contexto da pandemia de COVID-19, a Associação Brasileira de Estudos Populacionais e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) promoveram a 19ª edição da série de webinários População e Desenvolvimento em Debate.Participaram Ubiraci Matildes de Jesus, coordenadora executiva do Fórum Nacional de Mulheres Negras; Margareth Arilha, pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais Elza Berquó (NEPO/Unicamp) e Maria Dilma Alves Teodoro, coordenadora Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (DAPES/SAPS/Ministério da Saúde).
Maria Dilma compartilhou informações e dados preliminares de um projeto de pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, que teve como objetivo rastrear a existência de depressão, ansiedade e/ou estresse pós-traumático na população brasileira devido à pandemia da COVID-19. “Tivemos um total de 17.500 questionários respondidos e do ponto de vista de dados demográficos, nós tivemos uma incidência maior no sexo feminino, com 71,9%. Tivemos também, uma proporção significativa de ansiedade em 86,5% de todas as pessoas que responderam”, explica a coordenadora Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (DAPES/SAPS/Ministério da Saúde).
A pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais Elza Berquó (NEPO/Unicamp) Margareth Arilha levou para a discussão fatores sociais que podem ter sido agravados durante o período da pandemia. “A epidemia trouxe uma perspectiva de indagação. Ela indaga a nossa vida cotidiana, as formas como estamos nos relacionando conosco e com o outro, indaga nossas relações afetivas, sexuais e reprodutivas; aponta questões que eram negligenciadas e provoca questões latentes como abandono, solidão, violência, vulnerabilidades de gênero, raça e idade ou aquelas trazidas pelas perspectivas das orientações sexuais.”
Incluindo a perspectiva da população negra, a coordenadora executiva do Fórum Nacional de Mulheres Negras, Ubiraci Matildes de Jesus, alerta: “a pandemia só veio retratar e tirar debaixo do tapete uma situação que a gente vem vivendo há algum tempo, que é exatamente a invisibilidade de quem mais usa o Sistema Único de Saúde, ou seja, a população negra brasileira, que corresponde a 80% da população que utiliza o SUS”.
“Na minha concepção, não existe a possibilidade de existir uma rede de saúde mental bem equilibrada, com seus CAPS [Centro de Atenção Psicossocial] e RAPS [Rede de Atenção Psicossocial] trabalhando de forma equânime, se a gente desconhece a diversidade da população brasileira”, conclui Ubiraci Matildes de Jesus.
A mediação do webinário foi realizada por Junia Quiroga, representante auxiliar do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil.
Assista ao debate na íntegra aqui.
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Fonte: ONU Brasil. Imagem: Freepik