A Fiocruz iniciou pesquisa para mapear o impacto da pandemia nas condições de trabalho e saúde de cuidadores de pessoas idosas. A investigação terá como base um questionário online, direcionado tanto a cuidadores remunerados como a cuidadores informais (como familiares), buscando abranger todas as pessoas que dedicam parte ou todo o seu tempo ao cuidado de um algum idoso que precisa de ajuda ou de companhia.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, cerca de 7% (2.036.653 idosos) precisam de ajuda para atividades da vida diária como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde, bancos ou farmácias, entre outros, sendo que em 20% dos casos a função é exercida por cuidadores contratados, e em 80%, por familiares.
“Queremos mapear a situação em todo o Brasil. Nosso chamado, conforme o título do projeto, é para cuidarmos de quem cuida. Cuidadores de idosos nesta pandemia cumprem um papel fundamental na sociedade. Precisam cuidar da população mais vulnerável, idosos com comorbidades e dependência, e também precisam evitar riscos pessoais e para suas famílias. Nessa atividade, são as mulheres que levam a principal carga e responsabilidade", afirma Dalia Romero, pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenadora adjunta do projeto. O coordenador principal é Daniel Groisman, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), também da Fiocruz.
De acordo com Daniel, a pesquisa se debruça sobre uma população em situação de vulnerabilidade, as pessoas que cuidam de idosos, abrangendo tanto os cuidadores familiares, quanto os cuidadores remunerados. “Entretanto, poucas informações se tem sobre a situação dos seus cuidadores, que se encontram em situação de grande responsabilidade, maior sobrecarga e, certamente, com necessidades de apoio e maior acesso à informação nesse momento”, ressalta.
Daniel afirma ainda que a realização do estudo busca dar visibilidade para esse contingente de trabalhadores e para as suas necessidades em saúde e de melhorias no trabalho. “Os resultados da pesquisa também poderão ser úteis para o planejamento de ações voltadas para a melhoria das condições de cuidado dos idosos”, aponta.
Atividade essencial
Dalia ressalta que apenas recentemente, em julho de 2020, a Lei nº 14.023 reconheceu os cuidadores de idosos como profissionais essenciais durante a emergência de saúde pública decorrente do coronavírus. "Embora a pandemia tenha afetado principalmente idosos com dependência, poucas pesquisas têm considerado as condições de vida, de saúde, econômicas e afetivas de cuidadores. Mas cuidadoras e cuidadores estão muito expostos a uma situação de risco, já que seu trabalho exige proximidade física. Há, por exemplo, a recomendação para que as pessoas mantenham distância de um metro das pessoas idosas. Como manter distância de quem precisa da sua ajuda para se locomover, para não ter o risco de sofrer uma queda? E quem precisa de auxílio para tomar banho ou se vestir? Essa recomendação de distância não é possível no cuidado das pessoas com limitações funcionais", aponta.
O estudo Cuidando de quem cuida: educação continuada e avaliação das condições de trabalho e saúde de cuidadoras de pessoa idosa em tempos de Covid-19 pretende levantar informações sobre o perfil de trabalhadores cuidadores nas diferentes regiões do país e mapear o impacto da pandemia nas condições de trabalho, informação e saúde dessas pessoas, a partir de questionário online de autopreenchimento. Aprovado no Edital da Fiocruz Ideias e Produtos Inovadores - Covid-19 - Encomendas Estratégicas, o projeto inclui, ainda, a criação de um site que será alimentado com materiais de orientação e informação sobre o cuidado de pessoas idosas no contexto da pandemia.
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Fonte: Icict/Fiocruz, com informações da EPSJV/Fiocruz. Imagem: Freepik