A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) divulgou alerta sobre o número crescente de casos e óbitos por COVID-19 entre os povos indígenas de vários países das Américas, no qual insta as autoridades de saúde a “redobrar esforços para impedir a propagação da infecção nessas comunidades, bem como garantir o acesso aos serviços de saúde”.
A Opas solicita o fortalecimento do manejo de casos através de abordagens “culturalmente apropriadas” e a adoção de medidas preventivas “em todos os níveis do sistema de saúde para reduzir a mortalidade associada à COVID-19”.
A Opas recomenda ainda que os líderes indígenas participem de ações de detecção de casos precoces, obter confirmação laboratorial, isolar casos positivos e rastrear e colocar em quarentena os contatos.
Segundo a organização, “as estratégias de vigilância da COVID-19 nas comunidades indígenas devem incluir a vigilância comunitária realizada pelos residentes, bem como a atenção primária, em hospitais e centros de saúde, com atenção especial à notificação de rumores de casos ou mortes relacionadas com febre e falta de ar, que devem ser investigados para determinar a causa e fornecer assistência médica imediata às pessoas afetadas”.
Comunicar corretamente
Segundo a Opas, é necessária uma estratégia específica de comunicação, com a utilização de idiomas indígenas e a adaptação das mensagens, que levem em conta as práticas e culturas locais, com símbolos e imagens – se necessário. “As formas pelas quais as mensagens são transmitidas devem ser validadas pelas próprias populações indígenas. As imagens usadas nos documentos e nas redes sociais devem ser inclusivas e nunca devem estigmatizar os povos indígenas”, ressalta o documento.
O alerta sugere o intercâmbio entre profissionais tradicionais, terapeutas ancestrais e outros membros da comunidade “para que medidas específicas como distanciamento social, diagnóstico, isolamento e tratamento considerem suas visões de mundo, práticas ancestrais existentes e contextos. Nesse sentido, também é importante considerar a importância e o significado da medicina tradicional para os povos indígenas”.
Há ainda a necessidade de diferentes estratégias para populações em áreas urbanas, aldeias, populações migrantes e em isolamento voluntário, pois “a vulnerabilidade e o diferencial de exposição à COVID-19 não afetarão da mesma maneira todas as comunidades indígenas”.
Números
Até a divulgação do alerta, a Opas contabilizava 31.249 casos e 1.135 óbitos de indígenas por COVID-19 na Bolívia, 7.946 casos e 177 mortes no Brasil, 334 casos e seis mortes no Canadá, 1.534 casos e 73 óbitos na colômbia, 4.498 casos e 144 mortes no Equador, 4.092 casos, 649 deles fatais, .no México; e 22.539 casos nos Estados Unidos. Por fim, 152 casos e uma morte na Venezuela.
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Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Freepik;