Bio-Manguinhos acaba de obter, junto à ANVISA, registro para seu novo kit de diagnóstico teste rápido (TR) para a doença de Chagas. O produto chega para coroar anos de pesquisa sobre a enfermidade, que faz parte da história da Fiocruz, tendo recebido o nome do segundo presidente da Fundação, Carlos Chagas, pesquisador que dedicou a vida a pesquisar e descrever a doença infecciosa causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, cujo nome foi uma homenagem a Oswaldo Cruz.

“Eu gosto de pensar que este produto teve origem em Carlos Chagas, no início do século XX, quando, em suas pesquisas de campo, identificou o parasita causador da doença, além do ciclo completo envolvendo o inseto transmissor e seus principais hospedeiros. De lá para cá, passaram-se muitas décadas com intensas pesquisas e significativo acúmulo de conhecimento liderado pelo Brasil e, em especial, pela Fiocruz”, explica Edimilson Domingos, do Laboratório de Tecnologia Diagnóstica de Bio-Manguinhos, equipe que liderou o desenvolvimento do novo produto.

A exemplo de outros testes elaborados por Bio-Manguinhos, o TR Chagas funciona com marcação imunocromatográfica de fluxo lateral, empregando uma combinação de uma proteína conjugada com partículas de ouro coloidal e antígenos de T. cruzi (proteínas recombinantes) ligados a uma fase sólida (membrana de nitrocelulose). A amostra a ser analisada é aplicada em uma área específica do suporte plástico (cassete), seguida pela adição de um tampão de corrida. O tampão propicia o fluxo lateral dos componentes liberados, promovendo a ligação dos anticorpos aos antígenos.

Os anticorpos presentes na amostra se ligam a proteínas específicas conjugadas ao ouro coloidal. No caso de uma amostra ser positiva, o complexo “imuno conjugado” migra na membrana de nitrocelulose, sendo capturado pelos antígenos fixados na área do teste e produzindo duas linhas roxo/rosa. Na ausência de anticorpos específicos para T. cruzi, as linhas roxo/rosa não aparecem na área do teste. Em todos os casos, a amostra continua a migrar na membrana, produzindo uma linha roxo/rosa na área de controle o que demonstra o funcionamento adequado dos reagentes.

O novo teste vem acrescer ao portfólio de kits diagnósticos elaborados por Bio-Manguinhos e, potencialmente, poderá contribuir para a melhoria do diagnóstico da doença de Chagas no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente nas ações de controle e vigilância epidemiológica coordenadas pelo Ministério da Saúde.

“Com a obtenção do registro junto à Anvisa, o Ministério da Saúde poderá fazer uso do kit em todas as suas ações de diagnóstico e assistência. E ainda, poderemos participar de um projeto, com apoio e financiamento da UNITAIDS que irá promover um significativo aperfeiçoamento das ações de controle, assistência e tratamento da doença de Chagas no Brasil e nas Américas do Sul e Central”, conta Edimilson.

Vale ressaltar que o projeto de desenvolvimento do novo TR Chagas, liderado por Bio-Manguinhos, é fruto da colaboração de diversas Unidades da Fiocruz, como a equipe do Dr. Nilson Zanchin, do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz-PR), que desenvolveu as proteínas e aperfeiçoou os processos de expressão e purificação, e dos Institutos Ageu Magalhães (IAM- Fiocruz- PE); Gonçalo Moniz (IGM-Fiocruz-BA); de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz-RJ), entre outras, que dedicaram esforços em busca de pacientes, amostras clínicas e dezenas de estudos técnico-científicos.

 


Jornalista: Thais Christ. Imagem: Freepik

 

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