Desde o início da pandemia da COVID-19, a região das Américas enfrenta ainda o impacto sobre os serviços de prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). A nova realidade foi demonstrada em pesquisa conduzida pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), como parte de relatório global consolidado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Globalmente, a pesquisa foi respondida por 158 países – 28 deles Estados Membros da Opas - durante as quatro semanas do mês de maio. O impacto é mundial e se traduz na interrupção de serviços de saúde de rotina que afetam o bem-estar dos pacientes de doenças crônicas.

“A situação é muito preocupante porque coloca as pessoas que vivem com DCNTs em maior risco de ficarem seriamente doentes se forem infectadas com COVID-19 e morrerem”, relatou o diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da Opas, Anselm Hennis.

Antes da COVID-19, 81% de todos os óbitos nas Américas ocorriam como consequência das DCNTs: a América latina e Caribe possuem cerca de 62 milhões de habitantes com diabetes e 1,2 milhão com câncer.

O impacto da COVID-19 nos sistemas de saúde fez com que a diretora da Opas, Carissa Etienne, tivesse alertado em maio que a falta de atendimento às DCNTs durante a pandemia pode trazer “uma epidemia paralela de mortes evitáveis”.

Desde o início da pandemia, serviços de saúde de rotina passaram por reorganização ou foram descontinuados, e profissionais de saúde que prestavam este tipo de atendimento foram deslocados para o enfrentamento da COVID-19.

A pesquisa relata que os serviços ambulatoriais foram parcialmente interrompidos em 18 países respondentes (64%); em sete (25%) eles permaneceram abertos e em dois países a interrupção foi total.

Os principais motivos relatados para se decidir pela interrupção de serviços foram: cancelamento dos serviços de atendimento eletivo (em 58% dos países pesquisados); equipe clínica transferida para a resposta à COVID-19 (50%); e pacientes que não comparecem (também 50%).

Em 89% dos países das Américas que responderam à pesquisa, profissionais de saúde que atuam no atendimento a pacientes com DCNTs foram parcial ou totalmente transferidos para o enfrentamento da pandemia.

Os países relataram ainda o uso de estratégias alternativas, como o uso da telemedicina para substituir as consultas presenciais, feito em 61% dos países pesquisados; a realização de triagem para determinar prioridades de atendimento (70%), nova dispensação de medicamentos (57%) e direcionamento de pacientes para ambientes alternativos de cuidados (52%).

Confira a íntegra da pesquisa

Acesse o especial sobre coronavírus do site de Bio-Manguinhos

 

Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Freepik.

 

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