Desde 1972, o dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para marcar a abertura da “Conferência de Estocolmo”, primeira reunião global para tratar a relação entre o ser humano e a natureza.
Até então, a maior parte da população do planeta tinha a falsa ideia de que os recursos naturais são inesgotáveis. Era preciso alertá-la, então, para a necessidade da preservação do Meio Ambiente.
Da mesma forma, enganam-se aqueles que consideram que saúde, individual ou pública, e preservação ambiental não são assuntos correlacionados. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o relatório Ambientes saudáveis para populações mais saudáveis: por que elas são importantes e o que podemos fazer?.
O documento revela que 23% de todas as mortes de seres humanos no planeta poderiam ser evitadas em ambientes mais saudáveis. A OMS indica caminhos: “Este documento apresenta uma visão geral das ações setoriais que podem ser tomadas por vários atores para criar ambientes mais saudáveis, inclusive em locais prioritários, como locais de trabalho, cidades, habitações, unidades de saúde, e locais de emergência. As principais áreas de risco estão abordadas, como poluição do ar; da água, o saneamento básico e a higiene pessoal; a segurança química e a radiação; além das mudanças climáticas”.
De acordo com a OMS, “o ônus das doenças atribuíveis ao Meio Ambiente é alto e persistente, e chega a 13 milhões de mortes por ano – quase um quarto de todos os óbitos humanos – e se soma a outras preocupações com a saúde que estão colocadas como desafios globais, como as mudanças climáticas e a rápida urbanização”.
COVID-19, saúde, meio ambiente e mudanças climáticas
Mais recentemente, em 18 de maio de 2020, a Organização lançou o Manifesto da OMS para uma recuperação saudável do COVID-19 - Prescrições para uma recuperação saudável e verde do COVID-19.
Em discurso durante a 73ª Assembleia Mundial da Saúde, o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou que "a pandemia é um lembrete do relacionamento íntimo e delicado entre as pessoas e o planeta. Quaisquer esforços para tornar nosso mundo mais seguro estarão fadados ao fracasso se não abordarem a interface crítica entre pessoas e patógenos e a ameaça existencial das mudanças climáticas, que está tornando nossa Terra menos habitável".
De acordo com Ghebreyesus, “as sociedades precisam se proteger e se recuperar o mais rápido possível. Mas não podemos voltar a fazer as coisas como fazíamos antes. Um número crescente de doenças infecciosas, como AIDS, SARS e Ebola, saltou da vida selvagem para o ser humano - e todas as evidências disponíveis sugerem que a COVID-19 seguiu o mesmo caminho”.
“Tentar economizar dinheiro, negligenciando a proteção ambiental, a preparação para emergências sanitárias, os sistemas de saúde e as redes de segurança social provou ser uma economia falsa - e a conta agora está sendo paga de forma muito mais cara. O mundo não pode permitir que se repitam desastres na escala da COVID-19, sejam eles desencadeados pela próxima pandemia ou por conta dos danos ambientais e as mudanças climáticas. Voltar ao ‘normal’ não é suficiente”, pontou o diretor-geral da OMS.
A OMS indica que as economias são um produto de sociedades humanas saudáveis, que por sua vez dependem do ambiente natural - a fonte original de todo o ar limpo, água e alimentos. “As pressões humanas, do desmatamento, às práticas agrícolas intensivas e poluentes, ao manejo e consumo inseguros da fauna silvestre, minam esses serviços. Eles também aumentam o risco de doenças infecciosas emergentes em seres humanos - mais de 60% dos quais se originam de animais, principalmente da vida selvagem”, relata a Organização.
Por isso, a OMS defende que “os planos gerais de recuperação pós-COVID-19, e especificamente os planos para reduzir o risco de futuras epidemias, precisam ir além do que a detecção e o controle precoces de surtos de doenças. Eles também precisam diminuir nosso impacto no meio ambiente, para reduzir o risco na fonte”.
Ainda segundo a instituição, “mais de sete milhões de pessoas por ano morrem de exposição à poluição do ar - 1 em 8 de todas as mortes. Mais de 90% das pessoas respiram ar com níveis de poluição que excedem os valores das diretrizes de qualidade do ar da OMS. Dois terços dessa exposição à poluição externa resultam da queima dos mesmos combustíveis fósseis que estão impulsionando as mudanças climáticas”.
Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Freepik