A República Democrática do Congo declarou nesta terça-feira (14) o fim do surto de febre amarela no país, seguindo um anúncio semelhante feito em Angola no dia 23 de dezembro de 2016. Como não houve notificação de novos casos nos últimos seis meses, considera-se o surto encerrado em ambos os países.

“Podemos declarar o fim de um dos maiores e mais difíceis surtos de febre amarela dos últimos anos, graças à forte e coordenada resposta das autoridades nacionais, dos trabalhadores de saúde locais e parceiros”, afirmou Matshidiso Moeti, diretora do Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a África, elogiando a imensa e sem precedente resposta ao surto.

O surto, que foi detectado pela primeira vez em Angola no mês de dezembro de 2015, desencadeou 965 casos confirmados de febre amarela nos dois países e milhares de casos suspeitos. O último caso detectado em Angola ocorreu em 23 de junho de 2016; já na República Democrática do Congo, em 12 de julho do mesmo ano.

Mais de 30 milhões de pessoas foram vacinadas nos dois países em campanhas de emergência. Uma parte importante da resposta ao surto incluiu limpeza e campanhas preventivas em áreas de difícil acesso até o fim do ano, garantindo assim a proteção oferecida pela vacina ao máximo de pessoas em todas as áreas de risco possíveis. Essa resposta sem precedentes esgotou o estoque global de vacinas contra a febre amarela diversas vezes.

Mais de 41 mil voluntários e 8 mil equipes de vacinação – com mais de 56 ONGs parceiras – participaram das campanhas de imunização em massa. As vacinas utilizadas provêm de um estoque global cogerido pelo Médicos Sem Fronteiras, Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, UNICEF e OMS. Apenas no primeiro semestre de 2016, os parceiros entregaram mais de 19 milhões de doses da vacina – três vezes mais que os seis milhões de doses normalmente reservadas para um surto. A Gavi, the Vaccine Alliance financiou uma proporção significativa de vacinas.

 

Um surto desafiador 

Os primeiros casos desse surto foram identificados em 5 de dezembro de 2015 em Viana, província de Luanda, Angola. O surto se espalhou por todo o país e para o país vizinho, República Democrática do Congo, onde a transmissão local foi estabelecida em março de 2016.

Desde o início do surto, Angola registou um total de 4.306 casos suspeitos e 376 mortes – 884 casos de febre amarela e 121 mortes em decorrência da doença foram confirmados em laboratório.

Nesse surto, a República Democrática do Congo relatou 2.987 casos suspeitos, 81 deles confirmados laboratorialmente e 16 mortes.

 

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Bio-Manguinhos contribuiu para o controle da epidemia da doença.
Imagem: Joost de Raeymaeker/Lusa/EPA

 

Doses de emergência para alcançar mais pessoas

Uma das principais conquistas da resposta ao surto foi a introdução de uma estratégia inovadora de economia de doses, utilizando um quinto de uma dose regular da vacina contra a febre amarela. Trata-se de uma técnica aprovada pelo grupo mundial de especialistas em vacinas da OMS para proteger o maior número possível de pessoas da ameaça imediata de um grande surto urbano.

A OMS apoiou o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo na vacinação de 10,7 milhões de pessoas na cidade de Kinshasa, por meio dessa estratégia de economia de doses como medida de curto prazo para fornecer imunidade contra a febre amarela por pelo menos um ano (provavelmente mais).

 

O apoio aos países continua 

Além de apoiar as campanhas de vacinação em massa, a OMS e parceiros continuam auxiliando a Angola e a República Democrática do Congo para reforçar a vigilância de doenças, controlar a propagação de mosquitos e envolver as comunidades para que possam se proteger.

As alterações climáticas, o aumento da mobilidade de pessoas dentro e fora das fronteiras, das zonas rurais para zonas urbanas densamente povoadas e o ressurgimento do mosquito Aedes aegypti estão aumentando o risco de epidemias de febre amarela.

“Surtos de febre amarela como o de Angola e República Democrática do Congo podem se tornar mais frequentes em muitas partes do mundo, a menos que medidas coordenadas sejam tomadas para proteger as pessoas em risco. Portanto, precisamos implementar uma forte abordagem preventiva para vacinar a população em risco em toda a região”, disse Ibrahima Socé Fall, diretor Regional de Emergência da OMS.

Em resposta, uma ampla coalizão de parceiros, incluindo a OMS, desenvolveu recentemente uma nova estratégia que pede a “Eliminação da Epidemia de Febre Amarela” (EYE, na sigla em inglês) para reforçar a ação global e integrar as lições aprendidas com o surto nos dois países.

Os principais componentes da estratégia EYE incluem medidas para garantir que as pessoas sejam vacinadas antes de um surto ocorrer, aumentar o número de reservas globais de vacinas para resposta aos surtos e apoiar a preparação nos países em maior risco.

A resposta da Organização ao surto foi possível graças ao apoio financeiro dos governos angolano, alemão e japonês; da Gavi, the Vaccine Alliance; bem como de BioManguinhos, Fundo Central de Resposta de Emergência (CERF, na sigla em inglês); Fundo Rotativo do Grupo de Coordenação Internacional da OMS (GCI); USAID; e Fundo de Contingência para Emergências.

 

Fonte: OMS

 

 

 

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