vacina-oms-100x100Uma vacina brasileira contra o zika vírus começará a ser testada em seres humanos entre março e abril do ano que vem, segundo informou ontem o médico virologista e pesquisador do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Vasconcelos. A condição para que essa fase definitiva de testes seja iniciada é a possibilidade de sucesso nos testes que começam a ser feitos em macacos até o final do ano. 

A boa notícia é que os testes em camundongos tiveram 100% de êxito e que a proposta da vacina brasileira é de dose única, enquanto outras vacinas estão sendo desenvolvidas nos Estados Unidos - já em fase de testes com humanos -, mas adotando formatos de múltiplas doses. Numa previsão otimista, disse o  pesquisador, a vacina brasileira poderá estar pronta e liberada para distribuição em 2019.

A pesquisa e os testes estão sendo conduzidos pelo IEC, mas a produção da vacina contra o vírus zika será feita pelo Instituto Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O público alvo da vacina brasileira serão mulheres em idade fértil e seus parceiros. A ideia é evitar a gestação com a doença, que pode causar microcefalia nos bebês. A vacina para mulheres que já estão grávidas não é recomendado, acrescentou Vasconcelos. Ele lembrou, no entanto, que o fato de uma vacina estar sendo produzida, não diminui a importância do combate ao aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.

 

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Testes feitos com camundongos em Belém obtiveram
100% de êxito. Imagem: Tarso Sarraf/O Liberal

 

O virologista ressaltou, ainda, que cada nova etapa de testes só pode ser iniciada se a anterior tiver um índice de sucesso satisfatório. Os camundongos usados nos primeiros testes da vacina brasileira, são espécies muito sensíveis e sem anticorpos (sem defesas contra organismos invasores). Um grupo foi infectado com o vírus selvagem e todos morreram. Um segundo grupo recebeu a vacina, que usa o vírus integral atenuado, e todos permaneceram vivos. Quando os camundongos vacinados receberam uma dose do vírus selvagem, todos ficaram vivos e combateram a doença.

Também foi necessário testar a capacidade do mosquito vetor não infectado de adquirir o vírus. Em 60% dos casos, o vírus selvagem conseguiu infectar o mosquito, mas o vírus atenuado da vacina não conseguiu infectar o vetor em 100% dos casos. O pesquisador do IEC destacou que essa é uma característica importante, pois um mosquito não conseguiria adquirir o vírus ao picar uma pessoa doente e transmitir a outra numa próxima picada.

Os testes em macacos serão feitos no IEC, em Belém, com Chlorocebus aethiops (macaco verde africano) e no Rio de Janeiro com macacos rhesus. Serão três meses de acompanhamento clínico. Se tudo der certo, será o final dos testes pré-clínicos e o início dos ensaios de testes clínicos com voluntários. A primeira fase é muito reduzida, com um grupo de 30 a 50 pessoas. Na segunda fase, programada para o segundo semestre de 2017, o grupo será aumentado para cerca de 300 pessoas. 

A última fase, que determinará a taxa de proteção da vacina, será feita com um grupo de 20 mil a 50 mil pessoas. Esse é o rito, de acordo com Vasconcelos, para a produção de uma vacina, segundo recomendam a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Mundial de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Nossas expectativas são as melhores”, festejou o cientista. “O sucesso na etapa com camundongos e com os mosquitos nos deu segurança para seguir para a próxima fase. Acreditamos no êxito desta vacina e, se tudo der certo, em 2019 será iniciada sua produção”.

 

Fonte: O Liberal

 

 

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