barbeiroPesquisadores da Universidade de Brasília encontraram focos de barbeiro – inseto transmissor da doença de Chagas – em uma casa em Vicente Pires neste ano. A família foi examinada, e nenhum dos membros estava doente. O estudo completa levantamento feito anteriormente, entre 2012 e 2015, que alerta para a presença do bicho em áreas urbanas. Especialistas pedem que as pessoas não matem os animais para não correrem risco de contaminação.

Médicos afirmam que 90% das pessoas que têm doença de Chagas não sabem por não terem apresentado sintomas. O quadro pode levar a complicações cardíacas. O tratamento é feito com dois medicamentos, e as chances de cura são maiores quanto mais precoce for o diagnóstico. De acordo com a Secretaria de Saúde, não há registro da infecção em 2016.

Durante os quatro primeiros da pesquisa, a professora e doutoranda Thais Minuzzi coletou quase 900 barbeiros em seis regiões administrativas: Plano Piloto (asas Norte e Sul), Lago Norte, Paranoá, Park Way, Vicente Pires e Águas Claras. O Brasil tem 65 espécies do inseto, e a mais comum na capital do país é a conhecida como “flamenguinho”, por ser preta com pontinhos vermelhos. O bicho pode chegar a 3,5 centímetros e é o segundo a mais transmitir a doença.

O zoológico foi um dos locais onde mais se encontraram parasitas. Lá, os pesquisadores acharam uma colônia com 50 barbeiros em um recinto de macacos. Deles, 44 estavam infectados, e 17 macacos adquiriram a doença. Foi o primeiro caso de infecção de Chagas em zoo no mundo, de acordo com informações da pesquisadora. A direção da instituição afirmou que o local está livre do parasita neste ano. 

De acordo com a professora, o Brasil é o país com maior número de vítimas de Chagas na América Latina, atingindo o número de 5 milhões de pessoas que possuem a doença. Isso representa 80% dos infectadas na região.

 

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Barbeiros foram achados em Vicente Pires. Imagem: Divulgação.

 

A linha de pesquisa de Thais busca avaliar o método usado pelas áreas de vigilância sanitária no Brasil. Segundo ela, a forma utilizada atualmente demora para detectar barbeiros infectados. “Eles analisam a presença do Trypanosoma cruzi nas fezes, mas o barbeiro pode levar de 40 a 65 dias para defecar.”

Ela defende que a presença do protozoário seja detectado pelo DNA, o que reduziria o prazo para apenas dois dias. Quem encontrar alguma espécie de barbeiro em casa, deve guardá-lo em alguma recipiente e entregar a amostra para a Diretoria de Vigilância Ambiental, para que o inseto seja analisado por especialistas.

“Há pontos de coleta da amostra em diversas escolas e hospitais do DF”, afirma. Também são realizados exames de sangue nas pessoas que moram nas casas em que foi percebida a presença do barbeiro.

 

Como o inseto age
O barbeiro costuma atacar durante o período noturno. Ele se alimenta de sangue e, ao picar a pele da vítima, deposita as fezes infectadas em cima da ferida.

Ao coçar, ao pessoa ferida leva a infecção para a corrente sanguínea. A doença de Chagas pode causar dilatação do coração, esôfago e intestino. Apesar de ela ser grave, há pessoas que nunca apresentam nenhum sintoma.

O inseto prefere lugares escuros, sujos e onde haja possibilidade de se alimentar, embora seja muito resistente e consiga ficar meses sem nenhum alimento, afirma a pesquisadora. Quando é infectado pelo parasito conhecido como Trypanosoma cruzi, ele passa a ser vetor para a transmissão da doença de Chagas para humanos.

“Eles gostam muito de lugares como galinheiros, que têm bastante madeiras, ferragens e onde podem se esconder. No ano passado, encontramos no Paranoá uma casa que tinha um espaço para criação de galinhas. Lá achamos 300 barbeiros, 50 deles foram examinados e todos estavam infectados”, conta Thais.

 

Fonte: G1 DF

 

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