Para apresentar os avanços no combate ao Aedes aegypti e como o governo tem conduzido as pesquisas sobre o vírus Zika, cuja transmissão tem sido associada à causa principal de microcefalia, autoridades de Saúde se reuniram ontem (24/02) na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Mais de 50 jornalistas estiveram presentes na coletiva de imprensa que reuniu a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, o diretor do Departamento de Surtos e Emergências da OMS, Bruce Aylward, o Ministro da Saúde, Marcelo Castro e o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.

Na apresentação institucional feita na Biblioteca do Castelo, campus de Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, Gadelha reforçou como as unidades da Fiocruz estão trabalhando na pesquisa e desenvolvimento de testes para diagnóstico da Zika. Aylward afirmou estar orgulhoso com o trabalho pioneiro que vem sendo realizado pela Fiocruz para lidar com um vírus ainda 'misterioso'. “Vimos a resposta mais ágil, abrangente e corajosa da história à uma emergência de saúde pública”, destacou.

 

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Gadelha apresentou os principais projetos da Fundação, em reunião na Biblioteca

 

Após a reunião, a Comitiva se dirigiu para a coletiva de imprensa, onde jornalistas de veículos de comunicação nacionais e correspondentes internacionais aguardavam para esclarecer dúvidas e conhecer de perto o que vem sendo feito pelas instituições para prevenir e combater o avanço do vírus Zika e das doenças a ele relacionadas.

Brasil na vanguarda

Em sua fala inicial, a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, saudou os jornalistas e afirmou o compromisso da OMS em coordenadorar os esforços internacionais para ajudar a sanar os problemas causados pela Zika. “Nesta visita ao Brasil, pude ver a articulação das três esferas governamentais no combate a este mosquito. Gostaria de elogiar a coragem do governo brasileiro em trabalhar nesta área de fronteira da ciência”, declarou. Ela considera que compromisso, coragem, competência, compaixão e transparência são os cinco pilares para o combate ao Zika.


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Para Chan, Brasil é  referência nas pesquisas científicas sobre o Zika


Elogiando a postura transparente do governo brasileiro, ela citou a Fiocruz como instituição que está fazendo um trabalho exemplar para outros países. “Vejo o comprometimento dos cientistas e tudo que vem sendo estudado aqui é de grande importância para a investigação científica, criação de protocolos e desenvolvimento de melhores práticas no combate ao Zika”, acrescentou.

Com a camisa da campanha realizada pelo Ministério da Saúde ("um mosquito não é mais forte que um país inteiro"),  Chan afirmou que o Brasil tem capacidade de superar a situação atual e caminhar na busca de resultados para diagnóstico e tratamento do Zika vírus. Vinte países das Américas já tiveram notificações de Zika vírus. Segundo Margaret Chan, a Organização Mundial da Saúde, OMS, vai colaborar em um esforço internacional para combater o Zika vírus.

Perguntada se haveria algum tipo de risco de visitantes e atletas contraírem a Zika durante os Jogos, a representante da OMS demonstrou confiança nos esforços feitos pelas autoridades brasileiras e pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em seguida, o ministro da Saúde, Marcelo Castro disse que o volume de dados de pesquisas científicas que o Brasil tem gerado nos estudos sobre Zika e microcefalia deixará um legado importante e que os laboratórios públicos têm um papel de destaque neste cenário. “Com nossos cientistas, estamos buscando encontrar todas as respostas. Articulando esforços com a Opas e OMS, iremos avançar em novas tecnologias de combate, como o uso de drones e aplicativos para celular”, complementou.

A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, disse que a instituição está muito orgulhosa com as parcerias e cooperação entre o Brasil, a Fiocruz e Opas. “Convoco os governos que têm observado a transmissão de Zika a melhorarem a assistência às mulheres grávidas”, reiterou.

Sobre os estudos iniciais e a construção de uma base de dados científicos sobre a doença, Bruce Aylward afirmou que o aprendizado das instituições está se fortalecendo à medida que se avança nas pesquisas. “No Brasil, vimos ótimas soluções em apenas 2 dias de visita”, elogiou.

 

 

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A representante da Opas afirmou que a parceria com a Fiocruz é valiosa para a entidade

 


Participação popular

Marcelo Castro destacou que o comprometimento da população brasileira é fundamental nesta emergência de saúde pública. "As campanhas do Ministério estão focadas em evitar que o mosquito nasça, isso é fundamental nesse momento. Nos ainda não temos remédios, nem vacina contra Zika. Precisamos combater o mosquito e da participação efetiva de todos”, afirmou.

Castro explicou que devido ao seu alto poder de reprodução, o Aedes deve ser diariamente combatido, sendo a prevenção a principal forma de combate das doenças por ele provocadas. "Temos exemplos de cidades que conseguiram eliminar o vetor e não registram mais casos de dengue, como Cedro, no Ceará. Temos que articular as diversas esferas do poder público e a sociedade", acrescentou.

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Precisamos da participação efetiva de todos, enfatizou Castro,
ao falar das campanhas de combate ao Aedes


Citando que a Fiocruz foi a primeira instituição a identificar o Zika no líquido amniótico, ele pediu critério no diagnóstico da microcefalia. “Devido às diversas doenças que o Zika pode causar, alguns especialistas têm optado por utilizar a denominação 'síndrome congênita da Zika', pois pode haver outras consequências além da microcefalia. Precisamos analisar a realidade de cada país para reconhecer os possíveis impactos da Zika. Há um aumento dos casos notificados, mas para saber se há microcefalia, são necessários exames radiológicos para confirmar se a criança tem ou não a doença”, esclareceu Castro.

O ministro destacou também o papel central das unidades da Fiocruz envolvidas nos estudos e desenvolvimento de tecnologias de diagnóstico simultâneo da dengue, Zika e chikungunya. “O novo teste tem potencial para dar resultados em até três horas”, complementou.

Após o fim da coletiva, a Comitiva seguiu para Bio-Manguinhos, onde visitou o Centro de Processamento Final (CPFI) e conheceu de perto o processo de produção das principais vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Sobre a importância do Instituto no cenário epidemiológico e os resultados que a introdução de vacina trouxeram, ao longo das décadas, para o país, com a erradicação de doenças e redução dos índices de mortalidade, Castro afirmou que não há investimento melhor que na prevenção. "As vacinas são fundamentais para a saúde da população brasileira,  o que pode ser mais importante que isso"?, questionou.  Confira a galeria de fotos da visita. 

 

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Comitiva em visita a laboratório de Bio-Manguinhos

 

Casos de Zika

De acordo com o Boletim Epidemiolígico do Ministério da Saúde, em 2016, foram registrados 73.872 casos notificados de dengue no país até a Semana Epidemiológica (SE) 3 (03/01/2015 a 23/01/2016) (Figura 1). Nesse período, a região Sudeste registrou o maior número de casos notificados (45.315 casos; 61,3%) em relação ao total do país, seguida das regiões Centro-Oeste (10.372 casos; 14%), Nordeste (7.862 casos; 10,6%), Sul (6.889 casos; 9,3%) e Norte (3.434 casos; 4,6%) (Tabela 1). Foram descartados 5.777 casos suspeitos de dengue no período.
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Jornalista: Isabela Pimentel, com informações do Ministério da Saúde 

Imagens: Bernardo Portella e Isabela Pimentel - Assessoria de Comunicação (Ascom/Bio-Manguinhos) 

 

 

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