Organizado pela Biominas Brasil e pela Biotechnology Industry Organization (Bio), o Bio Latin America 2015 ocorreu no Rio de Janeiro, entre 14 e 16 de outubro, e reuniu 559 representantes de mais de 280 empresas, de 24 países diferentes. Mais da metade dos participantes do evento eram diretores ou pertenciam a escalões executivos de suas instituições.

Para avaliar o evento e seus resultados no mercado latino-americano de biotecnologia, o BioDigital entrevistou Arthur Nigri, da Biominas Brasil, para quem “há entusiasmo com as oportunidades disponíveis para a indústria de ciências da vida na América Latina”. Confira: 

BioDigital - Qual a avaliação sobre a participação das instituições brasileiras no evento?
Arthur Nigri - O evento contou com uma participação importante das entidades brasileiras, seja de âmbito público ou privado. Além de representantes do governo, associações da indústria tiveram importantes contribuições.

Em relação às empresas, além de grandes indústrias multinacionais, contamos também com a participação de startups, prestadores de serviço, entre outros. As principais universidades e centros de pesquisa brasileiros também estiveram presentes, normalmente representados pelos seus Núcleos de Inovação Tecnológicas, favorecendo as oportunidades de parceria em diferentes aspectos.

O perfil dos participantes, seja da área de saúde humana, saúde animal, biotecnologia industrial e indústria química, agregou nas discussões e contribuiu com o caráter multidisciplinar do evento.

BioDigital - E a de nossos vizinhos de América Latina?
Arthur Nigri - A BIO Latin America contou com uma importante variedade de vizinhos latino-americanos, vindos dos principais mercados de ciências da vida na região (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México e Uruguai).

Estes participantes puderam apresentar não apenas seus desenvolvimentos tecnológicos, como também discutir seus desafios locais. Ademais, puderam aprender com as experiências da indústria e do governo brasileiros, além de realizarem inúmeras reuniões de negócios com participantes brasileiros e internacionais.

 

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Representantes de 24 países estiveram presentes no evento.
Imagem: Vallin Foto e Vídeo

 

BioDigital - Foram abordados temas como parcerias público-privadas, transferência de tecnologia e PDPs?
Arthur Nigri - A BIO Latin America contou com uma discussão muito interessante sobre PDPs e que trouxeram alguns apontamentos para o setor público. O programa foi elogiado por diversos stakeholders, mas com algumas ressalvas e pontos de atenção.

Foi ressaltado o grande número de propostas submetidas nos últimos anos, mas não necessariamente em conformidade com os requisitos estabelecidos pelo programa. 

Outro ponto salientado foi a necessidade de uma real fiscalização da transferência de tecnologia que já vem ocorrendo, para que ela seja bem sucedida. Similarmente, tivemos uma painel de debates muito produtivo sobre proteção de propriedade intelectual, que contou com a presença do Presidente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, Luiz Otávio Pimentel.Ao final da sessão, os demais panelistas entregaram ao Presidente do INPI uma carta com recomendações de estratégias para a redução do backlog de patentes em espera por análise e para o fortalecimento das capacidades do INPI de um modo geral.

BioDigital - O mercado da América Latina já tem alguma avaliação sobre o impacto do Acordo Transpacífico na região?
Arthur Nigri - Como o Acordo Transpacífico fora confirmado na véspera do nosso evento, os representantes biofarmacêuticos latino-americanos que estavam presentes na Bio Latin America optaram por ainda não tornarem públicas suas avaliações sobre os impactos deste tratado no mercado regional.

BioDigital - Que temas foram o destaque desta edição?
Arthur Nigri - O programa do evento destacou temas atuais e sensíveis à região, tais como:
- Novos instrumentos e programas de incentivo ao desenvolvimento de inovações radicais;
- O papel das startups e dos clusters para a “oxigenação” e crescimento do setor;
- Desafios em pesquisa clínica (repercutindo a recente carta aberta enviada por cientistas à Presidenta Dilma);
- A evolução do ambiente regulatório e de propriedade intelectual (repercutindo as discussões sobre a regulamentação da Nova Lei de Acesso ao Patrimônio Genético);
- Avanços das PDPs e os desafios a serem superados;
- Perspectivas e oportunidades de investimentos no setor, tanto em atividades de Produção, quanto de Pesquisa e Desenvolvimento.
 
 
Jornalista: Paulo Schueler
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