A cidade do Rio de Janeiro registrou em a maior cobertura vacinal dos últimos seis anos. Os principais imunizantes disponíveis na rede municipal de saúde para crianças de até 2 anos de idade apresentaram aumento na procura em relação a 2022. Entre eles, a vacina contra a poliomielite (aumento de 17 pontos percentuais), a vacina contra a febre amarela (10 p.p.) e a pentavalente (17,5 p.p.). Em média, as coberturas vacinais tiveram um crescimento de dez pontos percentuais entre 2022 e 2023, interrompendo a tendência de queda observada nos anos anteriores.
A recuperação das coberturas vacinais na cidade é resultado de uma série de iniciativas do municípipo, entre elas o GeoVacina Rio, ferramenta virtual de georreferenciamento para busca ativa das crianças cadastradas nas clínicas da família e nos centros municipais de saúde. No caso da vacina pentavalente, por exemplo, o programa levantou a proporção de crianças com o ciclo completo de 76% para 90% em cinco meses.
– Em algumas áreas, o incremento de cobertura vacinal foi de mais de 20%. Hoje, apenas 14 das nossas 238 unidades têm classificação vermelha, o que indica um percentual de imunização abaixo de 80%. Em maio, quando foi lançada a ferramenta, 134 unidades estavam nessa situação – pontua a superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Gislani Mateus.
Vigário Geral, na zona norte da cidade, ganhou destaque por ter todas as crianças cadastradas na rede de atenção primária imunizadas com as três doses da vacina pentavalente. Suas duas clínicas da família estão entre as dez unidades com melhor desempenho na aplicação das vacinas destinadas a crianças de até 2 anos. Ambas contam com 100% de cobertura pela estratégia de saúde da família.
– O trabalho de sensibilização sobre a importância da vacinação infantil é feito ainda antes do parto, nas salas de espera da clínica e nos grupos de gestantes. Os atrasos na imunização em geral acontecem porque a mãe se esqueceu da data ou as crianças apresentaram algum problema de saúde. Em caso de ausência, fazemos a busca ativa no dia seguinte à data marcada, e o GeoVacina nos auxilia muito pois nos fornece esses dados – salienta a enfermeira Lílian Martins, gerente da Clínica da Família Iraci Lopes, em Vigário Geral.
Além da busca ativa com ajuda do GeoVacina, as crianças também foram o foco de outra iniciativa municipal de incentivo à imunização: o programa Vacina na Escola, que levou vacina para 1.319 instituições das redes pública e privada. Foram 31.039 doses aplicadas em quatro meses, sendo dessas 12.569 contra o papilomavírus humano (HPV).
– Em apenas duas semanas de programa, tivemos uma quantidade de doses aplicadas equivalente a um mês inteiro de atividade nas nossas clínicas da família e centros municipais de saúde – pontua Gislani Mateus.
Com os números de 2023, o município do Rio se reaproxima das metas de vacinação preconizadas pelo Ministério da Saúde, que giram em torno de 95%. Também se destacam as coberturas das vacinas contra a hepatite A, que cresceu 18,5 pontos percentuais entre 2022 e 2023; da pneumo-10, que subiu 15 pontos percentuais; e da vacina contra o rotavírus, que aumentou 17 pontos percentuais.
O aumento na cobertura vacinal da cidade também pode ser explicado pelo princípio de que a saúde pública deve ir ao encontro das pessoas. Os pontos de vacinação foram ofertados também nas estações de metrô, BRT e até no ParkShoppingCampoGrande. Instalado no shopping, o espaço Vacina Rio conta com horário especial de funcionamento e já aplicou 5.978 doses. Em 2023, o número de pontos de vacinação fora de unidades da saúde no município do Rio de Janeiro chegou ao recorde de 3.794 unidades.
– O carioca é incrível, uma população em sua imensa maioria pró-vacina, até porque já sofreu várias epidemias por doenças imunopreveníveis. Utilizamos muita evidência científica e tecnologia para avançar na cobertura e facilitar ao máximo a vida do carioca que quer se vacinar. Realizamos busca ativa, levamos a vacina aos locais onde a população mais circula e nos esforçamos para conscientizar as pessoas sobre a importância da imunização, que erradicou várias doenças com potencial epidêmico e salvou muitas vidas – diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Texto: Thais Christ com informações da Secretaria Municipal de Saúde.
Imagem: Bernardo Portella