120 anos da Fiocruz Divulgação
O diretor de Bio, Mauricio Zuma, enalteceu que a expertise do Instituto foi essencial no desenvolvimento do teste de diagnóstico de COVID-19
Bio debate COVID-19 na Sala de Convidados

O programa Sala de Convidados, do Canal Saúde, exibido no dia 28 de maio, foi sobre os 120 anos da Fiocruz, que ocorreu no último dia 25. Foi uma edição totalmente voltada a como a experiência acumulada da Fiocruz, em pesquisas, conhecimento e em combater epidemias, está contribuindo no enfrentamento da COVID-19. Foram convidados a presidente da Fundação, Nísia Trindade, o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, Paulo Gadelha e o representante do Brasil na Organização Mundial da Saúde (OMS) e coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss. De Bio-Manguinhos, participaram o diretor, Mauricio Zuma, e a colaboradora da Seção de Células e Vírus (SECVI/DERED), Claudia Barroso.

Houve uma retrospectiva da história da Fundação, contando os avanços feitos pelo Oswaldo Cruz, e outros grandes marcos, como a 8ª Conferência Nacional de Saúde, depois, com a criação do SUS atendendo à Constituição de 1988. A história da Fiocruz se confunde com a história das epidemias do Brasil, dos avanços científicos e tecnológicos conquistados neste período, com novas vacinas, medicamentos e kits para diagnósticos que apoiam a vigilância da saúde pública.

“A saúde é um fenômeno complexo e requer encontro de abordagens multidisciplinares - social, científica, ambiental, enfim, em diversos aspectos. As epidemias são fenômenos em que são pontos de reflexão de falta de acesso a água e esgoto, por exemplo, que emergem em uma situação de pandemia. É necessário pensar em melhorias na prevenção, mobilizar a sociedade com informações científicas precisas e fortalecer o SUS. Sentimento de pesar e solidariedade às famílias não só dos colaboradores, mas de todos os brasileiros que nos deixaram por conta da doença”, frisou a presidente.

O mundo está vendo há muito tempo ameaças como essa, de emergências sanitárias, reforçou Nísia. Ela conta que a proposta do hospital surgiu, pois, o INI já é referência em infectologia no SUS, mas atendia a um número pequeno de pacientes. “Agora, com o hospital, atenderemos a um amplo número de agravos que impactará no SUS de forma positiva, em um tratamento especializado e de qualidade. E, com o hospital, vamos adquirir muito conhecimento sobre a COVID-19, melhorando a resposta do país com a vigilância, pesquisa clínica e assistência”, afirmou.

Dois grupos estão diretamente ligados ao desenvolvimento da vacina contra  a COVID-19. “Bio-Manguinhos e Fiocruz Minas têm estrutura e capacidade para produzir e desenvolver a vacina. O Ministério da Saúde está analisando o painel das vacinas candidatas da OMS, que vêm sendo acompanhadas por especialistas. Ainda não sabemos qual poderá dar resultado mais rápido com segurança e eficácia para a população, mas temos capacidade de responder o mais rápido possível a esse agravo. E, junto à produção da vacina, daremos continuidade na produção dos testes, moleculares e rápidos, que apoiam a vigilância epidemiológica”, esclareceu Nísia.

“Nós três somamos 20 anos à frente da Fundação, que é a história contemporânea da Fiocruz”. Foi assim que Paulo Gadelha iniciou sua fala. “Nossa experiência acumulada nos leva ao patamar em que a instituição conquistou, de respostas às demandas de saúde pública, de meningite, das arboviroses e agora no enfrentamento da COVID-19. É uma história não linear, tivemos nossos altos e baixos, mas passamos para a sociedade tudo o que está em nossa possibilidade para defender a vida. Diversidade coloca desafios, que temos superado. Mas, após a pandemia, é importante manter a consciência da importância do SUS e dar ainda mais força e estrutura ao sistema”, destacou.

Paulo Buss lembrou que a OMS tornou a Fiocruz a referência nas Américas com relação às pesquisas da COVID-19. “Estamos junto com outros institutos de pesquisa no mundo. É importante destacar a cooperação internacional da Fiocruz não só com os países vizinhos da América Latina mas de outros continentes. A rede de institutos nacionais de países de língua portuguesa vem discutindo a operação da Fiocruz em ensino, pesquisa, produção de fármacos e imunobiológicos. Temos também o estudo clínico Solidarity, que é coordenado no Brasil pela Fiocruz. Nós estamos com muitas frentes. Que depois da epidemia, consigamos diminuir as desigualdades sociais e que consigamos avançar no cuidado ao meio ambiente e do planeta frente ao aquecimento e outros grandes desafios globais para estarmos melhor preparados em pandemias futuras”.

A participação de Bio-Manguinhos

Pesquisas em diversos campos de conhecimento, produções de testes, unidades de apoio ao diagnóstico e a construção do Centro Hospitalar da COVID-19, coordenado pelo INI/Fiocruz, foram citados como principais ações contra a doença. Nísia citou diversas pesquisas que estão sendo realizadas, algumas relacionadas ao comportamento do vírus e seu impacto na sociedade, e falou da construção do Centro Hospitalar, que ocorreu em menos de dois meses e tem 195 leitos.

Maurício Zuma enalteceu a expertise que o Instituto acumulou nas últimas décadas com testes diagnósticos e o quanto essa bagagem foi essencial no desenvolvimento do teste molecular para diagnóstico do novo coronavírus com a rapidez que a situação exigia. O programa mostrou em detalhes como funcionam as unidades de apoio de diagnóstico da doença. “Mais de 1 milhão de testes foram disponibilizados até o final de maio e a expectativa é que, em junho, possamos aumentar a nossa capacidade, trabalhando 24 horas por dia, lançando um novo turno de trabalho. Assim, produziremos 500 mil testes por semana”, anunciou o diretor.

Claudia Barroso está morando na Fiocruz há dois meses para evitar a contaminação com a doença no trajeto de casa para o trabalho e garantir a manutenção das suas atividades. Ela e outros pesquisadores estão instalados na Residência Oficial. Ela estava presente quando Bio começou a produzir os testes de HIV e agora está participando da produção dos testes moleculares RT-PCR. “Ainda não tenho data certa para voltar para casa, mas espero que a Fiocruz cresça e consiga desvendar os mistérios do vírus para ajudar o nosso país”, afirmou.

"O novo centro será fundamental para acelerar as pesquisas conduzidas pelo INI e toda a rede de colaboração da Fiocruz no Brasil e internacionalmente. Um exemplo é o ensaio clínico Solidarity, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estuda a eficácia de medicamentos para tratamento da COVID-19”, explicou a diretora do INI, Valdilea Veloso. Coordenado no Brasil pela Fiocruz, o Solidarity é um ensaio clínico randomizado e adaptativo, permitindo que, com o surgimento de novas evidências científicas ao longo do estudo, haja alteração das propostas terapêuticas. Este estudo conta com o apoio de Bio-Manguinhos e um dos biofármacos objeto de PDP com o Instituto, a betainterferona 1a, combinada com outros medicamentos, é um dos braços desta pesquisa clínica.

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BIODIGITAL | Edição nº 339 | 10/06/2020 Salvar
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